segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Coisas da vida...


Eram meados do mês de julho. Eu voltava da casa de meu irmão, após ter passado o dia com ele, minha cunhada e minha linda sobrinha que na ocasião tinha pouco mais de dois meses.
O sol de fim de tarde incidia na janela do ônibus quase vazio àquela hora. Só havia afora o motorista e o cobrador, eu e mais três passageiros, sendo eles uma dupla de adolescentes um pouco mais novos do quê eu trajando uniforme escolar, e uma mulher que falava sem parar no telefone.
Pulei algumas paradas antes de minha casa. Entrei em uma livraria. Fazia três semanas que ia lá sempre que podia, e ficava folheando um livro que por mais que tentasse não conseguia juntar a quantia exata para comprá-lo. Vida de estudante é um aperto! Mas achava que mais algumas três visitas e terminava de lê-lo (hehe^^). O cheirinho de papel novo e o barulho de páginas sendo viradas inundavam o lugar de um modo familiar para mim, misturando-se com um aroma de café vindo de algum ponto fora da livraria. Adoro sair de casa sozinha, às vezes até sem rumo programado, para observar os lugares e pessoas. Perder-me na multidão, praticamente invisível.
E estava eu, encostada em uma parede próxima a uma das estantes quando a porta abre-se. Não sei bem o que me atraio a atenção, mas provavelmente foi a quebra do sossego, já que a maioria também olhou.
Porém, diferente de mim, eles logo voltaram-se novamente para os seus afazeres e livros. No instante que olhei me senti estranhamente intrigada com aquela figura. Era um homem jovem, no máximo 22 anos, e poderia passar-se por comum na multidão. Altura mediana, camiseta pólo preta e jeans desbotado. Fones no ouvido e um ar inquieto. Nada demais que atraísse minha atenção, a não ser a sensação de que o vira já em algum lugar.
Irrito-me quanto tento lembrar-me de algo e não o consigo até que tenha passado a ocasião, e por esse motivo não parava de olhá-lo. A única característica incomum na figura poderia passar despercebida aos menos observadores: justamente o ar inquieto nos olhos pretos demais.
Uma vendedora de dispôs a atendê-lo, e o ouvi pedindo algo de Hermann Hesse, autor conhecido meu.
Ao notar que eu o olhava, encarou-me por um instante e sorriu. Correspondi timidamente e voltei ao meu livro. "Só faltava o 'cara' pensar que eu estou paquerando com ele!" Pensei, e tratei de tentar esquecer o assunto. Mas minha mente é teimosa, e logo estava passando em lista todos os lugares prováveis aonde que eu tenha visto ou conhecido aquele sujeito. Não consegui recordar e convenci-me de talvez tenha sido na própria livraria. Fiquei satisfeita ao olhar para a porta e ver que ele tinha sumido de vista. Voltei ao livro e já me perdia nas páginas, esperando que passasse e dissesse que ali era uma livraria e não uma biblioteca.
- Posso?
O cheiro me alcançou antes da voz, mesmo assim levei um susto considerável. E sendo eu, bem, 'eu', claro que quase derrubei a estante. Todos os olhares caíram em cima de mim, e senti meu rosto esquentando e ficando rubro enquanto pegava os livros que caíram e os restituía a estante com ajuda do estranho e de uma vendedora simpática.
-Deixe comigo - ela sorriu
Pedi desculpas pela trapalhada, e quando tudo retornou a normalidade no local, meu rosto ainda estava totalmente vermelho.
O estranho ainda estava lá e riu em voz baixa:- Só 'ia' pedir um livro que estava perto de você.
Assenti ainda enrubescida e lhe dei passagem, ainda hesitante em retornar ao livro que eu lia, ou sair da livraria antes que a colocasse abaixo.
-Foram só alguns livros.
O rapaz falou enquanto passava os olhos nas páginas de um livro do qual reconheci o titulo de imediato, por ser um dos meus favoritos 'DEMIAN ' do escritor alemão Hermann Hesse.
-Foi quase a estante inteira- murmurei ainda inquieta por ainda não saber de onde o conhecia.
-Podia ter sido pior. Podia ter confundido uma vendedora com um manequim e a apalpado por acidente...
Dessa vez eu ri mesmo. Imaginei até a cena. Trapalhadas eram do meu feitio.
-Acontece
-É, acontece.
Ele ia falar mais alguma coisa quando seu celular tocou e me afastei devagar. Olhei em meu aparelho e levei um susto. Já estava muito tarde e eu não havia avisado de minha demora.
Saí da livraria apressadamente.
Não o vi mais desde aquele dia. E nem mesmo lembrei-me de onde o conhecia e por muito tempo esqueci totalmente do assunto.
Isso até dias atrás.
Passava na rua quando o vi dentro de um carro. A mesma sensação anterior me bateu. Algo conhecido que não sabia explicar. A sensação chata de querer lembrar-se de algo e não conseguir.
Fico pensando quem ele é, o seu nome e o que faz. Imagino o porquê do olhar inquieto, daqueles que querem muito mais da vida.
E principalmente se um dia vou saber de tudo isso, ou ao menos lembrar de onde o conheço.
Às vezes passamos por pessoas nas ruas e ficamos imaginando suas histórias. E nos deparamos com rostos conhecidos, por que de certo modo eles refletem coisas que somos e guardamos. Imagino se foi isso, mas creio que nunca vou saber ao certo.
São coisas da vida. 
E a vida em si é um mistério.

domingo, 24 de outubro de 2010

Sax

Retornava do cursinho em uma manhã chuvosa de sábado. Na ocasião, estudava em uma cidade vizinha a que moro, e me encaminhava para o ponto de ônibus quando decidi tomar outro caminho mais longo apesar da fina garoa. Precisava de um tempo para pensar em alguns problemas que me assaltavam no alto de meus 17 anos.
Sabia que quando chegasse em casa provavelmente estaria só, pois minha irmã havia saído. Nunca me importava muito com isso, mas naquele dia em especial não era uma boa idéia para mim. Minha mente me levava para caminhos tristes, sensações melancólicas e dúvidas. Estava sozinha, com uma chuva fina ensopando meus cabelos enquanto os demais se abarrotavam nas calçadas ou se protegiam em grandes guarda-chuvas aguardando o fim da garoa.
Recentemente havia rompido com um grande amigo, por conta de meros mal-entendidos estúpidos. E essa ausência juntava-se com muitas outras, como saudades da família longe, discussões recentes com minha irmã, não ter ninguém com quem conversar ou contar como me sentia. Sem qualquer compromisso ou receio. Falar sobre meus erros tão bobos, tomando um café ou algo assim.
A chuva caia e escorria, mas os problemas, as vontades e as questões continuavam impregnadas em mim, bem dentro.
Dobrei em uma rua e então  ouvi claramente o som do saxofone. Reconheci a música detalhes, de Roberto Carlos e de imediato lembrei-me de meus pais. O som conhecido retumbava nas calçadas acima do som dos passos ou da chuva, e misturava-se aos aromas na magia da música. E quando percebi, já cantava baixinho a letra por trás das notas conhecidas.
Procurei de onde vinha guiada pelo ouvido. E encontrei o som vindo de uma casinha amarela, com um portão de ferro pintado de branco. Havia flores em um canteiro e uma placa anunciando a venda de quadros. Parei do outro lado da calçada, olhando e ouvindo maravilhada as notas seguidas. Não conseguia mais sair do lugar.
Vi por trás das janelas abertas os quadros a venda na parede. Eram pinturas a óleo de pessoas. Por um instante, movida pela curiosidade pensei em entrar com a desculpa de ver as obras, só para saber quem tocava de forma tão apaixonada pela vida. Se era homem ou mulher, sua idade, sua cara.
Lá dentro a música mudou e novamente a reconheci. A ouvira certa vez, anos atrás em uma novena em minha cidade. Cantada pela voz de um amigo de meu irmão que participava do coral da igreja.
Algo se movimentou na casa, como um despertar e eu afastei-me contra a vontade, como se fosse acordada de um transe no instante que a música se interrompeu. Ouvi vozes e segui meu rumo. Quando dobrava na outra esquina o som recomeçou e quando dei por mim cantava a canção embalada pelo som já distante do sax:
“Quando a solidão doeu em mim/quando meu passado não passou por mim (...) /quando os meus olhos não podiam ver/tua mão segura me ajudou a andar...”
Naquele dia ao chegar em casa não consegui mais me sentir só ou isolada. Meus problemas pareceram sem sentido; Liguei para meus pais e lhes ouvir a voz amenizou a saudade.
Eu sentia que podia fazer tudo. E em silêncio agradeci ao artista que colocou tanta paixão ao som daquele sax, e que me lembrou uma capacidade minha que eu estava deixando-se encobrir por trás de meus desalentos e devaneios: A capacidade de LUTAR, acima de qualquer tormenta que viesse. Apesar de qualquer nuvem que nublasse meus objetivos.  Por que pura e simplesmente eu tinha um sonho, não podia ousar deixar desvanecer.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Entre motos e asas


Era um grande despenhadeiro. Por mais que eu olhasse para baixo não consegui ver-lhe o fundo. Havia um barulho de corredeira, indicando a existência talvez de um rio nas profundezas.

A chuva fina escorria por meus cabelos que insistentemente grudavam em minhas costas e testa. Por baixo dos jeans puídos e da camiseta que provavelmente um dia fora branca eu tremia de frio. Meus pés estavam atolados na lama barrenta que não permitia que eu caminhasse normalmente.

 Saí da beira do penhasco, temendo que o vento me empurrasse para as profundezas e segui para a colina de pedras que margeava o outro lado da estradinha de terra. Minha mente não estava tão confusa agora. Eu sabia o que tinha que fazer: tinha que alcançar a estrada principal que me levaria à cidade mais próxima e havia urgência nisso, alguém precisava de ajuda e eu era a responsável por consegui-la.

A moto enlameada estava recostada no paredão, como eu havia provavelmente deixado. O capacete velho, de uma cor próxima do vermelho estava no banco. Subi na moto, tremendo ainda e enfiei o capacete. Não conseguia fazê-la pegar. Minha perna parecia feita de trapos, resultado talvez de meu medo de pilotar motos, adquirido há alguns anos.

Mas não havia tempo para hesitações. Consegui fazê-la pegar na terceira tentativa e o som do motor parecia o de um animal enraivecido, ferido e principalmente velho. Fiquei olhando para a estrada à minha frente.

Parecia uma fina cobra enroscando-se na serra. Uma descida íngreme. De um lado o paredão de pedra, do outro o vazio. Não tinha medo da altura, mas qualquer descuido ou me chocaria contra o paredão ou flutuaria no vazio e até o ponto que eu sabia não tinha asas, então era lógico que eu estava com medo.

Engoli em seco e fiz uma prece silenciosa e parti na estrada. E tudo o mais parecia um borrão enquanto descia velozmente e sem muito controle. Uma vozinha em minha cabeça gritava que eu iria me arrebentar nas curvas, mas eu não conseguia mais parar.

Pareceram minutos, e eu avistei ao longe um farol. A chuva caia torrencialmente, mas eu já não tinha qualquer controle. Só sabia que tinha que chegar ao meu destino.

No momento que avistei o farol e a outra moto no sentido oposto, meu coração deu um salto e quase parou. A estrada era estreita. Eu ia bater. Tentei parar e a moto guinou na lama e caiu me arrastando.

Sentia os ferros em cima de mim,  quando me vi livre do peso ouvi o barulho de algo caindo no vazio. Agarrei-me instintivamente a algo. Vi então a cena com mais clareza, minha moto acabava de despencar abismo a baixo. Eu estava pendurada, agarrada a uma raiz com o vazio abaixo de mim. Não conseguia gritar, tudo parecia muito rápido. Comecei a tentar escalar pela raiz, mas minhas mãos escorregaram e meus pés dançavam no nada sem controle.

E então no instante em que a raiz escapava de minhas mãos, algo agarrou o meu pulso com força. Fui puxada para cima e caí na lama com um estranho torpor no corpo. Os olhos cerrados. Precisei de um momento para voltar a respirar normalmente, e foi quando notei a presença de alguém em minha frente.

Tiraram meu capacete e a chuva voltou a molhar meu rosto.

Alguém me arrastava para longe do penhasco. Abri os olhos no instante em que me encostaram no paredão. A pessoa estava agachada à minha frente, me olhando por trás do capacete negro. Usava um macacão de MotoCross. Olhei para o bolso da roupa e vi então o par de asas bordados em linha branca no tecido azul escuro.

Ele estendeu-me a mão enluvada sem nada dizer e ouvi um barulho ensurdecedor e irritante.

Acordei em minha cama, com o suor pregando em minha roupa. Fazia um calor insuportável e meu celular tocava insistentemente.



terça-feira, 19 de outubro de 2010

Retorno à superfície


Quis ser tantas, para ter o direito de ser eu . Perdi, e me perdi. Rasguei poemas dos cadernos, e pessoas dos pensamentos. Torturei-me com o som do silêncio, achando que tinha perdido minha voz. A verdade é que quis beber a vida de um gole só, e foi demasiado.
Quis agir melhor quando fiquei parada, e quando mais precisava falar me calei. Eu quis não ter arrependimentos, e ganhei mágoas. Achei que profanava uma paz que não existia na verdade. Achei que havia alguém ao meu lado, mas quando cai não vi nenhuma mão, nenhuma palavra. Estava só, e consciência da solidão se sobrepôs ao engano.
Quando eu gritei ninguém me ouviu, então calei-me. Mas as palavras giraram ao meu redor, me enlouquecendo, querendo ser cuspidas. Não sei se chegaram aos ouvidos de quem chamo.
Caminhei sozinha, machucada por velhas batalhas, em um corcel ferido ,empunhando uma lança enferrujada. E estava em busca de algo sem qualquer definição, e quando o achei valeu tudo a pena.
Quis verdades que não deveriam ser ditas, e elas quase me despedaçaram. Rejeitei ignorâncias que teriam me deixado em minha zona confortável. Queria ir longe. Quero!
Quis uma cura, e só consegui um novo ferimento. E uma cicatriz que ainda dói quando toco e pulsa.
Quis olhar no espelho e entender aquela à minha frente. Mas tudo continua ainda complicado demais. Crescer é complicado. Mas continuar presa e tentar enganar o tempo, e ver tudo mudando, se sentir uma fotografia estática, amarelando e se destruindo em lembranças. Então corri, e continuei sempre caindo, e me erguendo, e buscando uma mão de apoio ou uma voz "segue em frente!"Até perceber que eu que tinha que falar isto. Precisava me erguer só.

Lorem Krsna

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Refletido



Quando passei por esse caminho não era mais do quê um projeto da tua ilusão.
Não sou como me vês.
Minha imagem se projeta, refletida em teu castelo de vidro.
O que vês é mera superfície,
de algo tão profundo que eu mesmo desconheço aonde chega.


Lorem Krsna

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Musicalidade


   Gosto de música brasileira. Na verdade nosso país possui artistas excelentes no ramo musical. Estava preparando uma seleção de músicas para acompanhar-me em uma tarde de estudos (hábito adquirido recentemente, embora goste igualmente do silêncio em certas ocasiões.),e quando a visualizei pronta percebi que havia colocado somente artistas nacionais.
   Orgulhei-me da seleção. Gosto bastante de música internacional, e neste ano em particular ouvi bastante artistas ingleses, norte-americanos, italianos e japoneses. Quem olhar a seleção da trilha que ouvi em 2010, que postei recentemente neste blog percebe isso, essa variedade. Mas nunca a música brasileira esteve tã o presente, e de maneira tão eclética, não só em meu dia-a-dia, mas nos aperelhos de  mp3 de muitos outros brssileiros, e de variadas idades. Dois de cada quatro adolescentes com quem converso gostam de algum músico nacional em especial. Infelizmente os outros 50% tem preconceito com a música brasileira, talvez por não tê-la ouvido realmente e com a mente aberta, ou não ter boas referências. Mas claro, esta é uma pesquisa feita em meu pequeno circulo de relações. 
    Tenho ouvido artistas dos quais ouvi sempre meu pai falar, e por um bom tempo não interessei-me em apreciar. Agora vejo o que estava perdendo. Dentre estes estão Fagner (em especial retrovisor e deslizes) e Zeca Baleiro (Azulejo e palavras, além da versão maravilhosa da canção proibida pra mim). Oswaldo Montenegro, Djavan, Nando Reis, Renato Teixeira, Lênine, Antônio Marcos (Como vai você),José Augusto (Casinha Branca) e o rei Roberto Carlos (Detalhes, falando sério, além do horizonte).
         Lulu Santos, Leoni, Adriana Calcanhoto, Vanessa da Mata, Jorge Vercilo, armandinho(uma noite que se vai e ursinho de dormir) e Zélia Duncan foram igulamente hábitos aprendidos recentemente, e dos quais não me arrependi.Ainda há outros dos quais já gostava, mas agora consigo melhor apreciar devido há um amadurecimento musical adquirido de minha parte, como Legião Urbana, Tim Maia, Cazuza (o poeta está vivo e codinome beija-flor), cidade negra (em especial  querem meu sangue) dentre outros.
       Recentemente conheci também teatro mágico, e pude aproveitar bem eu não sei na verdade quem eu sou, realejo  e a bailarina e o soldado de chumbo.
      Há os ritmos mais diversos, como a alegria ao ouvir Falamansa (meu pé fica batendo sem que eu queira! hehe), o romantismo de Raça Negra (minha mãe me ensinou a apreciar), a irreverência de Zeca Pagodinho, bandas mais jovens, como dibob e fourfan. Claudinho e buchecha e Pepê e Néném também não faltam em minhas seleções, são músicas que ficam em nossa mente sem que nem ao menos percebamos. Ouvimos uma vez, e de repente estamos cantando!
     Enfim, a música brasileira é tão diversificada, misturada. Como o próprio povo de nosso país o é. E a cada dia vem surgindo artistas bons , e vem abrindo espaço, invadindo nossos aparelhos de som. Há claro, artistas de gosto duvidoso, mas isso há em qualquer lugar. Minha mãe sempre diz que antigamente "precisava-se de voz e talento, e hoje apenas rebolar em cima de uma palco"(sic). Há excessões, claro. Ultimamente, sempre que saio as ruas, acabo ouvido músicas  novas,( algumas boas, e outras que não me agradam), e brasileiras. Aprendi a valorizar isso.
Findo este texto ao som de Lulu Santos, e faço minhas as suas palabras da canção certas coisas:
"Somos feitos de silêncios e SONS"

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Minha trilha sonora em 2010









Que eu amo música, quem me conhece já sabe disso. Com o final do ano chegando comecei a organizar os músicos que marcaram meu 2010. Que de certo modo, esse ano foram a trilha sonora da minha vida. Dos momentos mais alegres, aos mais tristes.
Alguns embalaram minhas noites de insónia, outros minhas caminhadas em busca de meus objetivos. Todos tiveram alguma importância.
Afinal, a vida seria bem tediosa se não houvesse a música ao nosso redor.
E esse ano teve um gostinho musical especial, descobri um músico excelente, pianista (modo de dizer, parece mais que ele que me achou!), seu nome é Yiruma.Coreano. suas músicas me trazem todo o tipo de emoções. Em especial Maybe, sempre que a ouço me imagino em um conversível vermelho com um labrador no banco de trás, em uma estrada beira-mar (hehe).River Flows in You é apaixonante. Aerosmith  também me marcou muito.Want to Miss a Thing  foi especial. Tiago Iorc foi um músico mais recente em minha vida, e Nothing But a Song e fine já me conquistaram. Cazuza, Legião Urbana, capital inicial  e Paralamas do sucesso sempre estiveram presentes, mas esse ano me ajudaram muito a esquecer problemas e resolver tantos outros. Renato Russo, para mim, continua a ser o melhor.
Colbie Caillat e Jack Johnson me levavam de volta para casa. Lifehouse sempre foi a trilha sonora da minha vida desde o dia que ouvi sua primeira música, e esse ano não foi diferente. Elvis Presley foi uma redescoberta interessante para mim. agora sei por que o chamavam de rei.The red jumpsuit apparatus.
Outra boa descoberta para mim. Augustana, nine days, dead fish, switchfoot, snow patrol, vertical horizon, iupi, hevo84, voltz, agradeço ao meu irmão (como a maioria não é Thomás?). Ele sempre me apresentou boa músicas, e ele é um bom músico. Cogumelo plutão me faz lembra-lo sempre.

Marjorie estiano e matt wetz não poderiam deixar de estar presentes na minha trilha. 
KT Tunstall com Suddenly I See, e jimmy eat world  hear your me fecham o circulo .

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

_naturezas humanas_

"Eu não entendo o que faço (...) não sou mais eu que pratico a ação, mas o pecado que habita em mim (...). Pois o que faço não é o bem que quero; não, o mal que não quero fazer - isto eu continuo fazendo (...). Verifico a vigência
Desta lei: Quando quero fazer o bem, o mal está comigo (...). Eu me comprazo na lei de Deus, mas vejo outra lei funcionando nos membros do meu corpo, que declara guerra à lei da minha mente e me faz prisioneiro da lei do
Pecado (...). “Em minha mente sirvo à lei de Deus, mas na natureza pecaminosa sou escravo da lei do pecado”
Romanos 7:15-25
Fragmento da Epistola escrita Apóstolo Paulo a igreja de Roma.
Ano 57
   Recentemente fiz algo que não fazia a um tempo considerável: abri a Bíblia.
   Deixe-me explicar. Após um tempo, fiquei cética quanto ao sistema religioso vigente, porém nunca em relação a minha fé e crenças. Sou como todo ser humano atormentado por dúvidas. Sempre busquei uma maneira de conseguir um alívio, e se não respostas, ao menos teorias sobre as questões capazes de enlouquecer qualquer ser humano. Porém, recentemente descobri que ler o livro mais conhecido do mundo me faz levantar hipóteses interessantes, e causa-me sensações de alívio e paz. Não por seu valor propriamente simbólico a que muitos a atribuem, na verdade o que mais me atrai na Bíblia são os personagens mais humanos e pecadores, e a capacidade demonstrada de redenção de pecado, erros e culpa.
    Enfim, não é a aura de divindade que me leva a ler o livro sagrado, mais a humanidade vigente que ela pode representar, e seus temores mais profundos. As dúvidas que sempre nos seguiram, vejo no mesmo frágil humano procurando suas crenças.
    Ao abrir a Bíblia ao acaso, estava com este pensamento em turbilhão e relembrando uma conversa recente com uma amiga sobre as visões que cada ser humano cria sobre crenças, o céu e o inferno. Ela evangélica com uma fé inabalável e, tenho que admitir admirável. E eu, católica, mas desacreditada em muitos aspectos religiosos,  apegada as teorias cientificas, mas nem por isso sem permanecer com minha fé há um criador.
E após essa conversa, me ocorreu pensamentos sobre as diversas natureza do homem, e sua luta entre o bem e o mal, batalha que nos aproxima em igualdade desde que o mundo é mundo. E justo quando esses 
pensamentos redemuniavam-se me minha mente, deparei-me coma Epistola de Paulo, e a passagem acima.
    Desde que me conheço como humana, sempre que me deparava com a escolha entre o bem e o mal (sempre mais tentador.), aparecia à visão do céu e do inferno, pois assim aprendemos: os que praticam o bem terão o reino do céu, e os que deleitam-se com ao mal, sofreram a punição eterna. Então, sempre tenho a minha dúvida: e se a maioria das pessoas luta e escolhe o bem não por terem uma natureza boa, mas sim pelo temor à punição. Eu mesma como pobre ser humano na batalha entre minhas naturezas, opto muitas vezes pelo bem por medo. Sim, temor não pelo céu e o inferno, mas pela culpa, e (tenho que admitir) pelo julgamento. Isso faz de mim prisioneira do pecado?
Até que ponto seremos nós, pessoas boas que fazem o mal, ou pessoas essencialmente ruins que vêem na prática do bem apenas uma forma de autobenefício? 
Até que ponto as leis, sendo elas as de Deus ou as da sociedade nos refreiam em nossa natureza pecaminosa, ou ao contrário. nos impulsionam a ela?
    De todas essas especulações (se é que se podem chamar assim), a única conclusão obvia que cheguei é que todos carregam o seu mal dentro dos porões escuros de si mesmo, e quando este não é levado à luz, floresce na escuridão. Tanto o bem como a mal precisam da luz do esclarecimento. Afinal o que é o bem? O que é o mal? Nem sempre isto está tão claro. Os dois confundem-se e entrelaçam, pois sempre estão lado a lado.
E mais, seja o vendedor da esquina, a garçonete no bar, o padre e a senhora de chapéu sentada no primeiro banco da igreja todo domingo, todos tem em comum o fato de serem pecadores.
    Cheguei mesmo à conclusão que não adianta rezar seis vezes ao dia e permanecer com seu mal escondido dentro do claustro escuro. Existe redenção sem arrependimento? Mas poucos tem a coragem de colocar seus pecados na mesa para que a luz os mostre. Quem quer dar a face à bofetada? Podemos até comentar, dissecar o erro do vizinho, mas todos ainda terão seus tetos de vidro. E continuarão com seus bolsos carregados de pedra!
Paulo disse “quando quero fazer o bem, o mal está comigo". Sempre está. O mal sempre parece o caminho mais fácil, se não medirmos as conseqüências. E mesmo quando prático o bem, sem perceber estou visando mesmo é o prazer que irei sentir, pois é comprovado que ao praticarmos uma boa ação uma substância é liberada e causa a sensação de bem-estar. Resumindo: pratico o bem pelo autobenefício.
    Não digo que todos são essencialmente maus, e também não são essencialmente bons. Sem um, não haveria o outro, pois sempre há sombra onde brilha a luz. Em meio há tanto caos, enxergo pessoas que procuram manter sua integridade e fé, pois sabem que a redenção só existe onde há o pecado, e para se encontrar e necessário perder-se. Nosso corpo é prisioneiro de pecado? Talvez. Mas nossa mente é livre enquanto permitirmos que ela seja, e isso não refere-se à religião somente, mas a realidade, pois o bem e o mal são reais, porém não absolutos.
    O bem que eu quero fazer, o mal que faço sem querer. Qual destas naturezas predomina em mim? Quantas ações minha são genuínas ou por puro temor ao julgamento dos demais?
Ainda não encontrei a exata resposta que procuro. Mas nunca tive tanto consciência do mal e do bem que luto para fazer, pois o mal faço sem que ninguém precise me ensinar.
A única certeza que tenho perante a tudo isso, é que quando busco enxergar as marcas de um criador universal ao invés de procurar no caos que a humanidade instaurou o seu abandono, encontro a força necessária para arrancar o mal de escuro e o expor a luz. E nesse momento não temo julgamentos de terceiros, mas só o meu. Eu sei que posso aprender a fazer o bem mesmo com o mal sempre comigo. E aceitar que minha forma de ver as coisas pode não satisfazer a visão de outros. E ainda assim, aceitar. Estou aprendendo.
O ser humano tem essa capacidade maravilhosa de aprender.
Se sou mesmo o pecado que há em mim, dentro de mim tenho também forças para encontrar minha resposta, e talvez a redenção almejada.

Mal tenho 18 anos. É bastante tempo!

sábado, 2 de outubro de 2010

O fio de ariadne

É estranho como a vida muda sem parar.Antigamente pensava que nossa existência poderia ser medida como numa linha reta e continua, podendo ser  a qualquer hora interrompida. Agora enxergo os fatos de maneira diferente.
A vida é como um labirinto gigante, cheio de desvios e bifurcações. Contra-tempos. Por mais que façamos planos, tudo pode mudar e o que parecia perene...perece.
Estamos todos em busca do novelo de Ariadne, que nos dê uma chance para caminhar com segurança, ciente das armadilhas e desventuras.
Acontece que sempre que pensamos estar com ele, nos foge de vista.
O que há é a inexorável incerteza do que vamos encontrar pela frente. Entramos em um caminho em busca de respostas e nos deparamos com um frio muro de perguntas. Por vezes caminhamos tão perdidos, inertes em nossas dúvidas e dores, e isso é desesperador. Saber que por mais que sejamos confiantes, por mais que tenhamos  o poder pra construir inventos e criar tantas teorias as respostas escapam de nossas mãos, e no fim não encontramos nenhuma coerência.
Tudo pode mudar de repente. Podemos dormir milionários e por uma escolha infeliz acordar sem um centavo no bolso para comprar um pão.
Nossos castelos podem ruir em instantes em cinza e pó!
E lá vamos nós tentando recomeçar. Muitos atordoam-se com as perdas, vendo que os planos sem alicerce caem coma menor imtepérie, e acabam perdendo-se de vez no labirinto.
A verdade, é que não sei se algum dia alguém encontrou o novelo que nos guiasse nesse labirinto tão cheio de surpresas, mas estou sempre batendo a cara em muros e com o tempo aprendi que se entregar ao desespero é uma to erróneo e estúpido! Não e leva a lugar nenhum.
Melhor ´mesmo  é remover os obstáculos, e quando não der, tentar outro caminho melhor. Nem sempre temos poder sobre os nossos próprios planos. É preciso enxergar além do quê o escuro pode encobrir.
Estar perdido, significa estar perto de ser encontrado, e não precisei do fio de Ariadne para entender isto.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

vitrais

Há duas noites seguidas venho tendo o mesmo sonho...

Me vejo dentro de uma grande e vazia catedral. A luz do fim de tarde reflete nos vitrais coloridos, projetando imagens na parede a minha frente.Raios de luz invadem o lugar, e vejo as partículas de poeira na luz.
Tudo a minha frente é vazio, e há uma paz estranha em cada parede, como se elas estivessem ali há tantos anos, e tivessem muito o que contar.avanço em meio aos bancos, no corredor atapetado e sinto no lugar o cheiro de flores e livros velhos. O cheiro de conhecimento.
E então vejo o grande piano perto do altar, e sigo em sua direção naturalmente, como se uma força estranha me puxasse até lá. E ao sentar no banco a sua frente, enxergo os desenhos coloridos dos vitrais tocando em meu rosto. Levo meus dedos ao teclado, e embora algo na minha mente dissesse que nunca havia tocado, o som saiu com naturalidade, ecoando nas paredes e bancos, como se pertencesse ao lugar e eu soubesse fazer aquilo por toda a vida.
A música inunda a tudo através de minhas mãos, como se viesse de toda a parte, de lugar nenhum.quase posso ver as notas saltando a minha frente, enquanto os desenhos dos vitrais parecem dançar na parede, iluminando o antigo vazio, como borboletas voando ao redor de tudo em busca da liberdade.
E é como se aquele fosse o único mundo a que eu pertencesse.
Acordo sentindo uma paz, e é como se a canção ainda estivesse ecoando nas paredes de meu quarto, e a luz tivesse deixado um rastro dentro de mim, apagando todo o pessimismo e dor. Sinto que posso tomar minhas decisões e seguir meu próprio caminho, descubro uma força que há em mim que antes não sabia que existia.
E vejo cada desenho dos vitrais como sonhos aguardando a luz para se libertarem, a espera da música certa  que somente eu posso tocar.

Vasculhe

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