domingo, 30 de janeiro de 2011

Aprisonada


Há um som alto, ensurdecedor. Heave metal retumba nas paredes em volume perigosamente nocivo aos meus ouvidos. As luzes piscam em várias cores, cegando-me os olhos. O globo gira, mas ao contrário do que seria comum, a casa está vazia. Nenhum dançarino, nenhum festeiro, segurança ou algo do tipo.
 Eu sei que devo sair imediatamente, mas sempre que avisto a porta ela parece mais longe. Há um fedor insuportável de fumo misturado à alcool, mas não há absolutamente ninguém a minha volta, como se eu estivesse no local ápos algum acontecimento, cujo todos já se foram e eu fiquei para trás, sem recordar de coisa alguma do ocorrido.
Sento no chão vazio, exausta e tonta com o cheiro no ar, e confusa com o som alto a me estourar os tímpanos. Uma situação completamente absurda. Então começo a vasculhar o ambiente, tentando manter minha visão apesar dos lasers de boate, e vejo cartazes arrancados da parede, e cadeiras quebradas. Há um sofá no canto mais afastado virado, e muitas garrafas quebradas pelo chão. Um cenário de briga. Isso ou uma manada havia passado por alí e instalado aquele caos!
"O que eu estou fazendo aquí?!"
Nenhuma ideia. Nenhuma lembrança. Ninguém.
Ao menos se a música cessasse.
Ao menos se alguém lembrasse de mim e viesse me buscar, me livrar daquela situação.
Ao menos se aquela maldita porta não se afastasse a cada passo!
Me levanto limpado a sujeira do jeans e o som cessa repentinamente.
"Já era hora!"
- Tem alguém aí?
Minha voz ecoa sem resposta no silêncio repentino.
- Alguém!
Nada.
-Me esqueceram aquí!
"Porcaria"
Olho com esperança para a porta, mas tonteio no segundo passo e ela se afasta.
- Você aí!
A voz que era para ser um alívio quase me mata de susto! Me viro em direção, mas as luzes piscando só me permitem fazer ver um vulto descendo de uma cabine. Talvez o D.J.
- Você aí. A garota da tatuagem!
"Tatuagem?" Olho apalermada para trás de mim.
- É contigo mesmo! Tem mais alguém aquí por acaso?
Despenso a grosseria ainda confusa. Só então noto o grande desenho , começando do pulso e subindo pelo braço até sumir pelas costas. Contenho com esforço um grito. Aquílo não devia estar alí.
Meu pai não ia com certeza gostar nada daquilo.
Eu não estava gostando!
- C.como?
- O que diabos ainda faz aquí garota? Eles vem vindo, some daquí!
Olho para a saída que nem uma imbecil. Sair? Era isso que eu estava tentando!
"Espera um minuto... Eles quem?"
-E.eu...
- Para de gaguejar e vai de uma vez!
O Vulto corre e some pela porta que eu não conseguia alcançar.
Mais rápido do quê qualquer coisa que eu já tenha visto, como se simplesmente sumisse no ar.
E tão rápido quanto meu interlucutor sumira, surgem sombras na porta, entrando na casa.
Eles. Deviam ser eles.
Mas quem eram eles?
As luzes todas se apagam e não vejo mais nada.
E  então ...

...eu acordo.
E até agora não sei na verdade o que eu fazia naquele  lugar!

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