Lembro bem dos meus irmãos, de meus pais, do nosso cachorro...
Da primeira mudança, para a casa de terra batida, e dos jogos de dama que sempre acabavam em confusão, por que nenhum de nós queria perder. E lembro dos banhos de chuva na grama, da gente se lambuzar de lama na praia imitando indio, e acender fogueira, ao som dos violões e de uma cigarra aquí e acolá, e até do tempo em que o terreno se enchia do brilho esverdeado dos vaga-lumes quando desligávamos a luz só para brincar de se esconder.
Minha infância foi boa. Aproveitei cada instante, e quando olho para trás, percebo que perdi muito tempo não enxergando isso. Não enxergando o quanto eu tive sorte de ter vivido tudo isso, cada banho de açude e de mar, hoje penso que me limpariam toda a fumaça em que as vezes me escondo.
Não voltaria no tempo: o que passou passou, e foi bom enquanto durou.
Mas hoje consigo ver bem, que a felicidade estava nas coisas menos complicadas. E sinto falta dessa minha velha sabedoria, pois quanto mais aprendo e cresço, mas vejo o quanto sou tola, o quanto eu era mais sábia, desprendida, mais atirada para vida. Eu perdi essa sabedoria simples, e vivo esbarrando na vida, cega diante do que fazia bem, sem poder encontrar mais a criança inteligente que eu era. E eu sei, que se esta que fui hoje me visse, me jogaria uma bela de uma bola de lama na cara para que eu acordasse para a vida, e o que ela tem de mais belo ao meu redor, e que eu teimo em ignorar.
Lorem Krsna de Morais
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