Fênix
Como uma fênix de fogo
renasço dessas cicatrizes
do medo de viver, resta pouco
das loucuras, sobra muito;
E dessas vontades minhas.
Fugi de meus pesadelos
perdi os ventos que enfunam
as velas de meu veleiro.
Que agora navega, sem meio
E me esconder do medo
nas faz com que ele suma.
E dessas cinzas,nasci de novo
O que não me mata me fortalece.
Não se cava no fim do poço
Dos erros sempre se tira um pouco.
E se sobe assim como desce.
Não há impossível, mas sim improvável
Não há eterno, mas se faz infinito.
todo ato de coragem é louvável
toda tentativa é viável
Há muito mais entre o céu e inferno.
confiar demais é um passo para a decepção
desconfiar é um pulo ás cegas
A cabeça ou o coração?
A razão ou a emoção?
Um meio termo é o que resta.
De nada se sabe, tudo se busca.
E o melhor da vida é viver.
Da morte, a certeza, custa
o medo, é o que me leva a vencer.
Poesia que fiz em 31 de Dezembro de 2009.
Agora vejo que muita coisa mudou, mas que outras ainda serão as mesmas. Principalmente os sentimentos. Eles podem se camuflar, mas em essência continuam os mesmos, escondidos, mas ainda intensos demais para que os esqueça.
Os medos mudaram em sua maioria, mas as dúvidas ainda surgem, e sempre surgirão. Perdi pessoas, e ganhei outras. feri e me feri. Tive tudo e nada em minhas mãos tentando encontrar minhas respostas. Não cheguei ao fim do poço, e nem no topo do mundo. Ainda salto às cegas... mas com um objetivo maior em mente. Minha razão ainda continua em conflito intenso com minha emoções, e meu humor oscilante.
Em essência, cresci em um ano, o que não cresci em toda a minha vida, e com certeza não foi em altura (Está bem, talvez só uns poucos centímetros, mas me conformei com minha altura já há algum tempo...), foi em algo muito mais importante. Houveram amizades, enganos, alegrias, confusões (como sempre) e lições. em suma cometi novos erros e não os antigos. e isso já foi algo grande. Houve uma perda grande, e em contra-partida ganhei algo muito maior do quê imaginei.
Cresci, engordei, blefei, me decepcionei, perdi, ganhei, me perdi, fui estabanada e sábia, mimada e irritante, fui amiga mais fiel e inimiga terrível. Fui tia, irmã, filha, sobrinha, neta e amiga. Fui eu mesma, tentando não ser... e fui tantas outras, tentando me achar. Ouvi te amo e te detesto em um único dia, e sobrevivi a ambos sem danos incuráveis.
Sem dúvida, mais do quê nunca sei que sou uma fênix, todos somos; renascemos das cinzas que nos consumiram, para então nos renovarmos a cada dia (não só a cada ano). É isso que faz de nós o que somos.
A capacidade de renovação nos faz especiais, e nos mantém seguindo.
E seguir é tudo que mas espero para 2011.
Que seja um bom ano para todos então.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Fênix
sábado, 25 de dezembro de 2010
A marca da tristeza
Não sei se pode então enxergar a marca de minha tristeza, tão bem escondida em meu breve sorriso. As verdades pulsantes por trás de tantas ironias, que parecem me partir em tantos fragmentos na busca de encontrar o que sinto.
Quando grito, falo mal ou blasfemo contra o mundo, não é a atenção que busco. Quero me esconder, esconder a que sou de verdade, por trás daquilo que disfarço de força, mas que torna-se uma grande fraqueza. Agarro-me a todas as possibilidades, todas as máscaras tentando ser o que mais detesto em mim e por puro medo da verdade por trás de minha real face. Minha fragilidade estúpida e tão humana. E de repente fiquei boa demais nisso. Mas o maior risco de esconder-se, e acabar por perder-se.
Se às vezes eu canto meu canto desafinado é buscando sem fim o meu ritmo, por vezes tão tolo e infantil, mas só meu. E cuspo palavras que refletem no papel a minha verdade, batendo em muito de frente com meu "perfeito" mundo, me fragmentando e tornando-me da razão incontestável a um simples coração indomável, repleto dos cacos de minhas verdades partidas e de minhas notas repetidas.
Se digo que te odeio, é por que não entendo o que sinto. Aquilo que realmente não gosto me é indiferente.
Se não digo que te amo, é por que sou um ser falho, quebrado, preso em razões, que faz tantas perguntas e foge estupidamente das respostas. E não sei se isso tudo é a fuga da loucura, ou o caminho mais rápido para ela.
Se digo então que choro sem chorar, é que na verdade ninguém enxerga a real lágrima que flui em mim. Que é querer tanto ser racional, mas só ser real no descontrole, por que meus momentos mais felizes foram quando derrubei minha máscara e me deixei no ritmo da corrente para só viver.
Se agora não me enxerga, é por que nunca fui tão sólida, a invisível mais visível. Repleta de enganos e faltas, mas real e simplesmente humana. Guardem então suas forcas e archotes, pois aqui nada mais encontrará do quê o reflexo de si mesmos.
E assim, em minha busca não tão insana de fugir da prisão que eu mesma ergui, a verdade parece-me por vezes onírica, por que sou tantas em busca de finalmente ter o direito de ser simplesmente EU.
sábado, 18 de dezembro de 2010
Tentativas e enganos
"A moldura de um sonho antigo,
tua voz, teu sorriso, promessas.
O tempo nos castiga.
A distância nos consome aos poucos.
Fui perdendo aos poucos meu sorriso,
e tudo foi ficando sem a antiga graça.
Seus olhos desafiam a total escuridão de minha tristeza.
E então me engolem, perco a mim mesma.
na tentativa vã de enfim te ancançar."
tua voz, teu sorriso, promessas.
O tempo nos castiga.
A distância nos consome aos poucos.
Fui perdendo aos poucos meu sorriso,
e tudo foi ficando sem a antiga graça.
Seus olhos desafiam a total escuridão de minha tristeza.
E então me engolem, perco a mim mesma.
na tentativa vã de enfim te ancançar."
Coletânea as absurdas de 2010
Das engraçadas, inúteis e totalmente despropositadas às mais espirituosas que ouvi (ou mesmo disse) em 2010.
"Se você está encrencado e continua sorrindo, e por que já sabe em quem por a culpa" Carinha no Orkut
"Não sou totalmente inútil, ao menos sirvo de mau exemplo" Nara
"PROFESSOR DE MATEMÁTICA- O que é preciso para se fazer de menos mais?
EU (distraidamente)- Um milagre?"
No vetor
"PROFESSOR A*- Quando cair, vai sair cortando a cabeça de todo mundo.
ALUNO C*- Primeiro do professor que está de pé"
Discussão em sala no vetor referente a um ventilador de segurança duvidosa lá em funcionamento.
"Meu diabinho diz 'Vai', meu anjinho diz 'vai, mais volta logo! '" Lind
"PROFESSOR CB* (apontado a barriga)- Este é o ponto de equilíbrio do corpo!
EU- Professor, o seu ponto de equilíbrio está com a massa elevada"
Vetor
"Seja quem for, Deve estar no vibrador"
Eu, referente há uma flatulência silenciosa e fatal soltada na pizzaria na companhia de amigos. Suspeito confirmado: M*
"Eu? Morar em um país assim? Prefiro o Brasil! Estamos sempre me expectativa! Deixo meu carro na esquina todo dia, mas estou
sempre na expectativa se vou ou não encontrá-lo. São estas surpresas que dão gosto a vida!"
Professor Vladimir**, sendo obviamente sarcástico ao comparar Brasil e Canadá
"-Ana Luisa, o que acha do cumprimento justiça brasileira atualmente?
- Dá, dá dá dádá! (Tradução: uma P*@%X!) “Eu pedindo opinião a minha sobrinha de sete meses
"Ele acredita que elas dominarão o mundo!" Fred, teoria sobre a mania de nosso cãozinho Tirolêz em observar formigas
"Deve ser de mil novecentos e bolinhas" Lind, fazendo referência há algo muito, muito velho
"É um copo de cachaça, e uma cuspida no balcão" Tia Edvanda**, fazendo alusão a uma canção brega.
"Eu não falo palavrão P@%*&X!" Thomás
"Lesada..." Minha prima J*, referente à minha maneira distraída ao receber cantadas de garotos
"Hum... o que você disse mesmo?" Eu, em resposta a frase anterior
"Está bem, agora que disse a sigla, pode falar o nome completo?" Atendente, quando lhe disse meu nome KRSNA
"Já me chamaram de Lori, Loli, Lolha, Florem e lôia, mas Glorem com certeza é a primeira vez!" Eu, expressando minha
surpresa com a criatividade de meu primo de cinco anos.
"O coordenador do curso é um tremendo de um safado!"
Thomás falando do coordenador do curso, ao coordenador do curso sem saber.
"M*- Você é teimosa e competitiva
EU- Não sou não sou e não sou! Quer apostar quanto?”
"É assim que funciona um carro: Você coloca a chave, pisa devagar na embreagem. Gira. ZIP ZIP! Gira outra vez ZIP ZIP! BRUM
BRUM!”Eu, explicando o funcionamento de um carro (ou bancando a retardada, como desejar)
" Lorem, a escada. A escada Lorem. LOREM A ESCADA! 0o " L*
"Saí da frente seu Zé!" Lind dirigindo
"Biiiiiiiiiiiiiiii" Nara dirigindo
"Cuidado! Tirem as crianças da estrada, é a Nara!" A*, em referência a Nara dirigindo.
"THOMÁS- Pisa no freio!
EU- To pisando!
THOMÁS- Esse é o acelerador!"
Eu, dirigindo
"Se estancar o carro, leva um pedâla!" Thomás, me ensinando a dirigir
"Enquanto lá os fetos já são consumistas, aqui quando as meninas se descobrem grávidas choram durante duas semanas. E
quando não podem comprar fraldas, enrolam os filhos em panos de prato. Você vira a criança de bunda e há lá escrito:
“QUINTA-FEIRA” Regiopídio (!) *** comparando Brasil aos países europeus.
"Acho que é uma porta" Thomás, em resposta a um sujeito que apontou para a porta e perguntou o que era.
"Ele sintetiza o próprio alimento!" MJ* Referente ao técnico na copa do mundo flagrado ingerindo meleca (!) do próprio
nariz.
"EU- Você é pérfido!
A*- Eu sei que sou perfeito.
EU- ¬¬"
Eu, conversando com idiota
"Estou bem. Verdade! Só amaciei o chão que estava duro!" Eu, ao atendente quando cai no corredor (!) do supermercado.
"Hum... que mentira vou inventar agora?" Thomás tentando se safar.
"Quero ser uma bola de naftalina e sofrer sublimação neste instante!" Eu, após um incidente em sala (quatro cadeiras ao
chão, mas sem feridos)
* Identidade preservada
** Boa demais para preservar identidade
*** O nome diz tudo.
"Se você está encrencado e continua sorrindo, e por que já sabe em quem por a culpa" Carinha no Orkut
"Não sou totalmente inútil, ao menos sirvo de mau exemplo" Nara
"PROFESSOR DE MATEMÁTICA- O que é preciso para se fazer de menos mais?
EU (distraidamente)- Um milagre?"
No vetor
"PROFESSOR A*- Quando cair, vai sair cortando a cabeça de todo mundo.
ALUNO C*- Primeiro do professor que está de pé"
Discussão em sala no vetor referente a um ventilador de segurança duvidosa lá em funcionamento.
"Meu diabinho diz 'Vai', meu anjinho diz 'vai, mais volta logo! '" Lind
"PROFESSOR CB* (apontado a barriga)- Este é o ponto de equilíbrio do corpo!
EU- Professor, o seu ponto de equilíbrio está com a massa elevada"
Vetor
"Seja quem for, Deve estar no vibrador"
Eu, referente há uma flatulência silenciosa e fatal soltada na pizzaria na companhia de amigos. Suspeito confirmado: M*
"Eu? Morar em um país assim? Prefiro o Brasil! Estamos sempre me expectativa! Deixo meu carro na esquina todo dia, mas estou
sempre na expectativa se vou ou não encontrá-lo. São estas surpresas que dão gosto a vida!"
Professor Vladimir**, sendo obviamente sarcástico ao comparar Brasil e Canadá
"-Ana Luisa, o que acha do cumprimento justiça brasileira atualmente?
- Dá, dá dá dádá! (Tradução: uma P*@%X!) “Eu pedindo opinião a minha sobrinha de sete meses
"Ele acredita que elas dominarão o mundo!" Fred, teoria sobre a mania de nosso cãozinho Tirolêz em observar formigas
"Deve ser de mil novecentos e bolinhas" Lind, fazendo referência há algo muito, muito velho
"É um copo de cachaça, e uma cuspida no balcão" Tia Edvanda**, fazendo alusão a uma canção brega.
"Eu não falo palavrão P@%*&X!" Thomás
"Lesada..." Minha prima J*, referente à minha maneira distraída ao receber cantadas de garotos
"Hum... o que você disse mesmo?" Eu, em resposta a frase anterior
"Está bem, agora que disse a sigla, pode falar o nome completo?" Atendente, quando lhe disse meu nome KRSNA
"Já me chamaram de Lori, Loli, Lolha, Florem e lôia, mas Glorem com certeza é a primeira vez!" Eu, expressando minha
surpresa com a criatividade de meu primo de cinco anos.
"O coordenador do curso é um tremendo de um safado!"
Thomás falando do coordenador do curso, ao coordenador do curso sem saber.
"M*- Você é teimosa e competitiva
EU- Não sou não sou e não sou! Quer apostar quanto?”
"É assim que funciona um carro: Você coloca a chave, pisa devagar na embreagem. Gira. ZIP ZIP! Gira outra vez ZIP ZIP! BRUM
BRUM!”Eu, explicando o funcionamento de um carro (ou bancando a retardada, como desejar)
" Lorem, a escada. A escada Lorem. LOREM A ESCADA! 0o " L*
"Saí da frente seu Zé!" Lind dirigindo
"Biiiiiiiiiiiiiiii" Nara dirigindo
"Cuidado! Tirem as crianças da estrada, é a Nara!" A*, em referência a Nara dirigindo.
"THOMÁS- Pisa no freio!
EU- To pisando!
THOMÁS- Esse é o acelerador!"
Eu, dirigindo
"Se estancar o carro, leva um pedâla!" Thomás, me ensinando a dirigir
"Enquanto lá os fetos já são consumistas, aqui quando as meninas se descobrem grávidas choram durante duas semanas. E
quando não podem comprar fraldas, enrolam os filhos em panos de prato. Você vira a criança de bunda e há lá escrito:
“QUINTA-FEIRA” Regiopídio (!) *** comparando Brasil aos países europeus.
"Acho que é uma porta" Thomás, em resposta a um sujeito que apontou para a porta e perguntou o que era.
"Ele sintetiza o próprio alimento!" MJ* Referente ao técnico na copa do mundo flagrado ingerindo meleca (!) do próprio
nariz.
"EU- Você é pérfido!
A*- Eu sei que sou perfeito.
EU- ¬¬"
Eu, conversando com idiota
"Estou bem. Verdade! Só amaciei o chão que estava duro!" Eu, ao atendente quando cai no corredor (!) do supermercado.
"Hum... que mentira vou inventar agora?" Thomás tentando se safar.
"Quero ser uma bola de naftalina e sofrer sublimação neste instante!" Eu, após um incidente em sala (quatro cadeiras ao
chão, mas sem feridos)
* Identidade preservada
** Boa demais para preservar identidade
*** O nome diz tudo.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Fuga de mim...
O sentimento resvala antes do fim,
e tudo o que sou finda em perigo,
pois então não sei viver comigo,
e também não posso fugir de mim!
Lorem Krsna
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Sala de espelhos
Eu estava em uma sala de espelhos, que se assemelhava com as presentes em parques de diversão. Havia uma penumbra, e só o que impedia a escuridão em sua totalidade era a chama de uma vela que bruxuleava em minha mão. Estava confusamente perdida. Não sabia como ou porquê de estar ali. Havia somente uma certeza: a espera de algo ou alguém.
Levantei meu olhar, e a luz refletia em todos os espelhos a minha imagem, pálida como nunca antes lembro de ter estado. Meus olhos opacos não revelavam em nada a minha confusão de sentimentos. Não havia emoção visível.
Aquela não era realmente eu, não poderia ser. Parecia terrivelmente comigo, apesar do estranho vestido escuro e dos pés descalços. Mas havia algo de errado com aquela que me fitava com olhos apagados e a boca em uma linha reta. Era como uma prisão da qual eu tentava escapar. Um corpo estranho em uma mente agitada. Emoção profunda presa em pura apatia. E espera, somente espera... enquanto o tempo passava indefinível através de mim.
A vela queimava minha mão e soltei-a, e quando apagou-se no chão me vi em total escuridão. Tateei no negror, sentindo minhas mãos deslizando na superfície fria dos espelhos.
- O que faz aqui?
A voz retumbou nas paredes, profunda, estranhamente conhecida.
- Esperando - respondi em um sussurro. A voz também não se assemelhava em nada com a minha.
- Quem?
- Eu não sei... - espalmei a mão no espelho e recostei minha cabeça na superfície gelada - eu não sei...
- Se não sabe, por que não vai embora?
- Não posso...
As perguntas começaram a me irritar. Senti que não estava mais sozinha na sala, não era somente a voz, mas uma presença as minhas costas. Algo perigoso, mas irresistível.
- Eu prometi - falei tomando coragem para me virar, mas era tudo escuridão.
- Promessas... - a voz sussurrou agora vinda do outro lado, do espelho.
Acordei e olhei o teto, onde o sol do amanhecer já lhe incutia seu brilho.
Puxei a colcha que caíra no chão e sentei encarando a meia penumbra.
E fiquei assim.
Esperando sem saber pelo o quê.
Encarando-me apenas no espelho do guarda- roupa.
Lorem Krsna
Levantei meu olhar, e a luz refletia em todos os espelhos a minha imagem, pálida como nunca antes lembro de ter estado. Meus olhos opacos não revelavam em nada a minha confusão de sentimentos. Não havia emoção visível.
Aquela não era realmente eu, não poderia ser. Parecia terrivelmente comigo, apesar do estranho vestido escuro e dos pés descalços. Mas havia algo de errado com aquela que me fitava com olhos apagados e a boca em uma linha reta. Era como uma prisão da qual eu tentava escapar. Um corpo estranho em uma mente agitada. Emoção profunda presa em pura apatia. E espera, somente espera... enquanto o tempo passava indefinível através de mim.
A vela queimava minha mão e soltei-a, e quando apagou-se no chão me vi em total escuridão. Tateei no negror, sentindo minhas mãos deslizando na superfície fria dos espelhos.
- O que faz aqui?
A voz retumbou nas paredes, profunda, estranhamente conhecida.
- Esperando - respondi em um sussurro. A voz também não se assemelhava em nada com a minha.
- Quem?
- Eu não sei... - espalmei a mão no espelho e recostei minha cabeça na superfície gelada - eu não sei...
- Se não sabe, por que não vai embora?
- Não posso...
As perguntas começaram a me irritar. Senti que não estava mais sozinha na sala, não era somente a voz, mas uma presença as minhas costas. Algo perigoso, mas irresistível.
- Eu prometi - falei tomando coragem para me virar, mas era tudo escuridão.
- Promessas... - a voz sussurrou agora vinda do outro lado, do espelho.
Acordei e olhei o teto, onde o sol do amanhecer já lhe incutia seu brilho.
Puxei a colcha que caíra no chão e sentei encarando a meia penumbra.
E fiquei assim.
Esperando sem saber pelo o quê.
Encarando-me apenas no espelho do guarda- roupa.
Lorem Krsna
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Violino cigano
Me inebrio na melodia que me enlaça.
Na magia involuntária desta dança.
Como o junco que se curva com o vento,
dobra-se, curva-se e balança.
Na magia involuntária desta dança.
Como o junco que se curva com o vento,
dobra-se, curva-se e balança.
Não há nenhuma noite como esta,
E a lua espreita e ri da terra.
As estrelas alugam o brilho aos olhos,
e a névoa esconde o palco sobre a serra.
Nessa noite esquecida pelo tempo,
o violino exerce sua magia.
Sob os dedos hábeis e o hipnótico vento,
Sob a face do estranho sabor que havia.
Uma jura concretiza-se, outrora perdida.
Sou só eu, a música, o violino cigano.
Não havia então meu pérfido engano.
E era a única verdade em que acreditava na vida.
Lorem Krsna
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
A promessa de um anjo
Podia sentir o vento em meu rosto, soprando em meus cabelos, esvoaçando ao redor através da janela aberta do carro. O sol brilhava ainda timidamente por entre as árvores que margeavam um dos lados da estrada, enquanto a brisa marítima da oposta me inebriava com o cheiro bom de casa, de infância. E misturava-se com o aroma de eucalipto da floresta, me inundando nas cores ainda rosadas do amanhecer.
O som do carro soltava uma melodia instrumental, melancólica.
E havia ele. Ao meu lado. Uma mão na direção e a outra docemente entrelaçada a minha caída no banco. Olhava a estrada a frente enquanto eu admirava seu belo perfil, que eu sabia estar perdido em pensamentos. A pele era pálida, em contraste com a massa de cachos escura que eram seus cabelos curtos. Os olhos rivalizavam com uma meia-noite escura, sem lua. A boca estava repuxada em um canto, em um leve sorriso que fazia minhas faces corarem. A camisa preta de botões estava dobrada até seus cotovelos revelando mais da pele pálida e de uma cicatriz branca que se estendia, escondendo-se através do tecido. Uma corrente de prata em seu pescoço revelava um pingente com um par de asas.
De repente ele me olha de relance, notando minha observação e seu sorriso se alarga deixando meu rosto quente e meu coração disparado. Seus dentes eram brancos e seu riso era travesso, sinos ao nosso redor. Os olhos brilhavam onde antes se via apenas pensamentos que eu não podia alcançar.
- Vermelha é a sua cor - Ele fala diante de minha face interrogativa e enrubescida. A voz era algo inconcebível de explicar, havia um leve sotaque que não podia definir a origem.
- Não devia rir assim de mim - replico desviando meu olhar, mas sem conseguir impedir meu leve sorriso.
Ele riu novamente e levantou minha mão na sua, depositando nela um beijo e me puxando para mais perto dele. Seus olhos me aprisionavam. Era fascinante e tão estranho para mim.
- Perdoe-me- Ele não parecia arrependido - Você cora fácil. É bonito.
Sinto o rosto ainda mais quente, mas fico satisfeita. Sua mão ainda na minha retira uma mecha que o vento solta de meu cabelo em meu rosto e a puxa para trás de minha orelha. Recosto minha cabeça em seu ombro a um gesto seu, e o sol passa brilhando por nós.
- Aonde vamos? - Pergunto após um tempo.
- Longe - Sua voz estava repentinamente triste - Leste. É preciso.
Não havia mais perguntas. sua presença parecia o bastante, uma droga que entorpecia meus sentidos racionais, tornando tudo naquele momento irrelevante.
O cheiro que emanava de sua pele era doce, inebriante. Sumiam todos os meus anseios. Alguma parte de mim sabia que estava encrencada, mas não lembrava o porquê.
Havia algo em sua presença que me lembrava um passado distante... sombrio. Perigoso.
- Tudo ficará bem - Ele falou como se fosse mais para si mesmo do que para mim.
- Eu sei... Eu só...
- Eu prometo. - Ele me interrompeu, me encarando de relance - Vou estar sempre do seu lado. Mesmo que inicialmente eu precise...
- Não me deixe. - Eu o interrompi apertando forte sua mão, o pânico subindo algumas oitavas de minha voz.
- Nunca - Ele respondeu com energia. Seus olhos me encararam com suavidade, mas sérios - Está ouvindo bem? Nunca!
- Promete?
- Estarei sempre perto. É uma promessa.
E então antes que eu pudesse lhe responder as palavras presas em minha garganta, o outro carro surgiu do nada a nossa frente, na curva. Foi tudo rápido, confuso. O carro guinou e então o vidro explodiu a nossa frente. Luz...
E escuro.
Mais nada.
Acordei em um salto. Os braços protegendo meu rosto. e uma presença tão real e forte na porta que saltei da cama e corri até lá. Minhas mãos não tocaram nada além da parede fria na escuridão.
Nunca havia sentido algo tão perturbador diante de um sonho.
Nunca havia experimentado aquela sensação de perda de um modo tão extremo e doloroso. Meu peito parecia que iria arrebentar.
Queria que fosse real...
Mas também não queria que fosse real...
"Estarei sempre perto... Eu prometo."
Era tudo que ecoava em mim
Lorem Krsna
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Nostalgia
Quando adormeço, o fio do tempo que rege meus pensamentos torna-se uma rede confusa, que se expande e se interliga. Meu passado que julgava esquecido surge com nitidez, e meu presente se parte confusamente. Não há mais leito, nem teto ou o vento que açoita as árvores do lado de fora de mim. Não há mais o "eu", ou então há ele tão dividido, que está em tudo ao mesmo tempo e não consigo vê-lo. Não sei se sou a pequena medrosa que insiste na inconveniência, e que invade o quarto dos pais a noite para se proteger de pesadelos e monstros em baixo da cama...Ou talvez seja aquela que vagueva só pela praia admirando o mar mas se perdendo dentro de si mesma. Não sei mais delas qual sou, pois há tempos não as encontro mais em mim. Não sei de fato onde estou, por que por hora estou em todos os lugares por onde passei e mesmo sem perceber, deixei um pedaço de mim. E quando desperto no meio da madrugada, confusa, me encolho sem saber onde estou, e qual parte de mim sou, pois há pouco era tudo...e estava em tudo.A luz por baixo da porta recupera minha lucidez, e minha rede frágil se dessipa. Perco meus sonhos e sono, como se ambos fossem um véu arrancado de cima de mim.E enquanto aguardo o amanhecer, tento recuperar aquele pedaço de mim, do meu passado, buscando o sono em vão. Mas perdeu-se o som das ondas do mar, não estou mais lá. Não há mais as risadas da família ao redor da mesa, e os amigos que me alegravam com suas até mais vis conversas...esses não encontro mais ao meu lado. Não mais ouço o som estridente das brincadeiras das noites de lua clara, nem o som do meu coração que acelerava com as histórias de terror nas madrugadas em que faltava energia.Só há o som do vento, que açoita e verga as árvores do lado de fora da janela, e que perde-se em um eco dentro de mim.
Lorem Krsna
Insônia
Rolei na cama sem conseguir dormir. A colcha já pendia, arrastando-se no chão, e o suor escorria por meu corpo, grudando meus cabelos na testa e a roupa em minha pele. Sentei na cama pela incontável vez na mesma noite e fiquei encarando a escuridão. Apenas uma tênue luz bruxuleava através da pequena abertura para a rua no teto, mas eu sabia o lugar exato de cada objeto no recinto. Ultimamente passava mais tempo ali do quê em qualquer lugar. Não sabia bem do quê eu estava fugindo, mas enxergava agora como uma tentativa frustrada de ter paz, já que minha mente estava em eterno conflito.
Suspirei e passei as mãos na testa suada. Pisquei os olhos e busquei na cama com as mãos. Encontrei o celular perto de onde antes estava meu travesseiro, agora jogado ao chão devido a minha agitação noturna.
Olhei o visor e a luz me cegou por instantes. Eram 4:00 horas da madrugada, e eu não dormira nada ainda. Havia ainda sete chamadas não recebidas e algumas mensagens. Fechei o celular. O mundo de lá me chamava, e cá estava eu, escondida de tudo, menos de meus pensamentos que me eram mais danosos agora do quê qualquer um. Feriam-me, me inquietavam...
Com um suspiro irritado cai para trás na cama, fazendo um barulho incômodo no silêncio de outrora.
Diante de tudo, conversas de outrora me tiravam meu sossego, me arrancavam de meu conforto.
"- Do quê tem medo boba? De descobrir que estava errada?
- Tenho convicção que não. E quem disse que estou com medo?
- Eu vejo. Diferente de você, eu enxergo bem como se sente.
- Não faz à mínima ideia do quê está falando.
-Não. Você é que não quer enxergar o obvio. Quando vai perceber?"
"Droga!" Passo a mão nos olhos. "Perceber o quê?"
A pergunta fica sem resposta. Ou não a percebo ou alcanço. Como se fugisse de minhas mãos.
"- Não sabe lhe dar com as pessoas que gostam de você..."
"- Não tem a mínima ideia de o quê esperar de verdade da sua vida..."
"- Insensível... egoísta..."
"- Irremediavelmente covarde..."
"- Você não sabe..."
"- Você não sabe..."
"- Você não sabe..."
"- Você não sabe..."
Eu não sei. Eu quero saber. Eu preciso entender sentir, enxergar.
Eu necessito mais do que tudo no momento.
Suspirei e passei as mãos na testa suada. Pisquei os olhos e busquei na cama com as mãos. Encontrei o celular perto de onde antes estava meu travesseiro, agora jogado ao chão devido a minha agitação noturna.
Olhei o visor e a luz me cegou por instantes. Eram 4:00 horas da madrugada, e eu não dormira nada ainda. Havia ainda sete chamadas não recebidas e algumas mensagens. Fechei o celular. O mundo de lá me chamava, e cá estava eu, escondida de tudo, menos de meus pensamentos que me eram mais danosos agora do quê qualquer um. Feriam-me, me inquietavam...
Com um suspiro irritado cai para trás na cama, fazendo um barulho incômodo no silêncio de outrora.
Diante de tudo, conversas de outrora me tiravam meu sossego, me arrancavam de meu conforto.
"- Do quê tem medo boba? De descobrir que estava errada?
- Tenho convicção que não. E quem disse que estou com medo?
- Eu vejo. Diferente de você, eu enxergo bem como se sente.
- Não faz à mínima ideia do quê está falando.
-Não. Você é que não quer enxergar o obvio. Quando vai perceber?"
"Droga!" Passo a mão nos olhos. "Perceber o quê?"
A pergunta fica sem resposta. Ou não a percebo ou alcanço. Como se fugisse de minhas mãos.
"- Não sabe lhe dar com as pessoas que gostam de você..."
"- Não tem a mínima ideia de o quê esperar de verdade da sua vida..."
"- Insensível... egoísta..."
"- Irremediavelmente covarde..."
"- Você não sabe..."
"- Você não sabe..."
"- Você não sabe..."
"- Você não sabe..."
Eu não sei. Eu quero saber. Eu preciso entender sentir, enxergar.
Eu necessito mais do que tudo no momento.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
domingo, 21 de novembro de 2010
Só uma palavra...
Falo sobre múrmurios... sobre palavras ao pé do ouvido...
Falo sobre corações partidos rebuscando um ritmo... sobre feridas e cicatrizes...e cura.
Falo sobre mãos que se buscam, bocas que anseiam e frases que fogem...
Sobre perdas e procuras...decepções e perdão...pecado e redenção...permanecer e perecer.
Falo sobre um principe que andava perdido entre dragões e espadas...
Uma princesa trancafiada em sua muralha de sentimentos e mágoas.
Falo sobre magia de olhares que se cruzam, sobre buracos no peito que lutam para ser fechados...
Falo de uma palavra ... apenas uma palavra...
e nada mais...
Falo sobre corações partidos rebuscando um ritmo... sobre feridas e cicatrizes...e cura.
Falo sobre mãos que se buscam, bocas que anseiam e frases que fogem...
Sobre perdas e procuras...decepções e perdão...pecado e redenção...permanecer e perecer.
Falo sobre um principe que andava perdido entre dragões e espadas...
Uma princesa trancafiada em sua muralha de sentimentos e mágoas.
Falo sobre magia de olhares que se cruzam, sobre buracos no peito que lutam para ser fechados...
Falo de uma palavra ... apenas uma palavra...
e nada mais...
Há um mal chamado ausência
Há uma mal chamada ausência. E quando ele me toma me encho de saudades. Ele fica assim, nas bordas deste buraco que se cria no meio peito, e que dá passagem ao vento uivante nas calçadas.
Ele me toma na alta madrugada, como um frio no qual nenhum cobertor faz efeito. É desassossego na alma, um ritmo diferente no peito, uma ferida aberta demais, que esconde-se na face de uma cicatriz exposta. Está em meu rosto, em minha voz, no que ouço, leio ou vejo. Está em tudo o que toco, mas não posso vê-lo.
Ele esta em frente ao meu espelho pela manhã, ou quando me perco em meio à multidão. Tento suprimi-lo. Tento tocá-lo, mas ele se esgueira em minha sombra, se alimenta de lembranças e faltas.
E enxergo-me através desse espelho de água, tentando ver algo além destes olhos tristes e do cabelo de cachos que esvoaçam em meus olhos. E ele está lá, em meu rosto, no banco vazio ao meu lado e nas portas que batem em meu peito, como se os ventos que se esgueiram pela ferida exposta em mim brincassem de serem meus fantasmas, assombrando tantos fatos dos quais queria esquecer e que me acordam na calada da noite, suada e sem saber onde estou ao certo.
Queria eu uma cura que não me ferisse mais. Algo além do que habita em meus pensamentos, em palavras e sentimentos que estão em mim, e que há muito desisti de decifrar. Queria ter coragem de falar do que mal entendo, ou simplesmente não tentar entender, e só sentir, sem buscar explicações e culpados. Seria o alívio deste mal que me consome em silêncio na calada da madrugada que segue. Não precisar colocar a mão em vão no peito quando ardem as feridas que lá estão, onde tentei em vão colar os pedaços que quebrei em mim.
Lorem krsna
Ele me toma na alta madrugada, como um frio no qual nenhum cobertor faz efeito. É desassossego na alma, um ritmo diferente no peito, uma ferida aberta demais, que esconde-se na face de uma cicatriz exposta. Está em meu rosto, em minha voz, no que ouço, leio ou vejo. Está em tudo o que toco, mas não posso vê-lo.
Ele esta em frente ao meu espelho pela manhã, ou quando me perco em meio à multidão. Tento suprimi-lo. Tento tocá-lo, mas ele se esgueira em minha sombra, se alimenta de lembranças e faltas.
E enxergo-me através desse espelho de água, tentando ver algo além destes olhos tristes e do cabelo de cachos que esvoaçam em meus olhos. E ele está lá, em meu rosto, no banco vazio ao meu lado e nas portas que batem em meu peito, como se os ventos que se esgueiram pela ferida exposta em mim brincassem de serem meus fantasmas, assombrando tantos fatos dos quais queria esquecer e que me acordam na calada da noite, suada e sem saber onde estou ao certo.
Queria eu uma cura que não me ferisse mais. Algo além do que habita em meus pensamentos, em palavras e sentimentos que estão em mim, e que há muito desisti de decifrar. Queria ter coragem de falar do que mal entendo, ou simplesmente não tentar entender, e só sentir, sem buscar explicações e culpados. Seria o alívio deste mal que me consome em silêncio na calada da madrugada que segue. Não precisar colocar a mão em vão no peito quando ardem as feridas que lá estão, onde tentei em vão colar os pedaços que quebrei em mim.
Lorem krsna
domingo, 14 de novembro de 2010
Lago
"Havia um lago, límpido, tão profundo e escuro que ninguém poderia mencionar até onde ele chegava. Certa feita então. pedras foram jogadas em sua superfície, e as águas outrora paradas se tulmutuaram e se tornaram barrentas. Então, com o passar do tempo, acalmaram-se e a superfície retornou a antiga calmaria.
Porém as pedras continuaram nas profundezas, embora ninguém as pudesse ver.
A alma humana é como um lago de águas profundas.
De vez em quando a vida nos prega peças, nos pôe em situações em que somos testados, onde somente o tempo se torna capaz de curar as intempéries e feridas.
E enquanto desce a areia da ampulheta, as mudanças podem ser superadas, mas não seu rastro. As mágoas podem ser perdoadas, mas não esquecidas.Sempre haverá uma cicatriz, uma "pedra" no fundo do "lago" para lembrar de que alguém, alguma vez as arremessou lá. Para lembrar que aquelas águas se tornaram turvas por trás da limpidez e calmaria que agora se mostram.
O "lago" estará aparentemente o mesmo, mas as pedras estarão em seu interior, marcando e ferindo. Elas não fazem parte do lago, e tão pouco podem ser retiradas das suas profundezas. Assim, apesar da superfície parada, nada voltará a ser como antes.
Um coração partido pode ser consertado, mas jamais baterá no mesmo ritmo.
Uma perda pode deixar de levar ao pranto com o tempo, mas as lembranças sempre pulsarão na cicatriz das velhas feridas.
Pode haver a aparente calma no lago, mas quem saberá o que se enconde por trás da superficie ? Quem desvenda o que há em suas profundezas? Quantas pedras haverão em seu interior?"
Lorem Krsna
(Fragmento de uma história que eu escrevi há alguns anos)
sábado, 13 de novembro de 2010
Tempo
Sou a frágil coerência que me governa.
E quando esta se ausenta,
me cubro de meus atos falhos.
Me equilíbro no fio da navalha,
entre o Jano de duas caras.
Não sei nem o quanto valho,
não sou a certeza e nem a falha.
E meu tempo tão teimoso não para,
e sou medida na areia da ampulheta.
E o outono leva as folhas teimosas,
que se agarram desesperadamente nos talos.
Minha coerência parece tão incoerente.
Minha sabedoria clama por sensatez.
Minhas falhas se mostram tão evidentes,
através de meu catalogo de erros.
E eu só grito aos quatro-ventos,
Enquanto cai a areia da ampulheta
e sou arrastada pelo carrasco tempo.
E quando esta se ausenta,
me cubro de meus atos falhos.
Me equilíbro no fio da navalha,
entre o Jano de duas caras.
Não sei nem o quanto valho,
não sou a certeza e nem a falha.
E meu tempo tão teimoso não para,
e sou medida na areia da ampulheta.
E o outono leva as folhas teimosas,
que se agarram desesperadamente nos talos.
Minha coerência parece tão incoerente.
Minha sabedoria clama por sensatez.
Minhas falhas se mostram tão evidentes,
através de meu catalogo de erros.
E eu só grito aos quatro-ventos,
Enquanto cai a areia da ampulheta
e sou arrastada pelo carrasco tempo.
Lorem Krsna
A última música
Recentemente assisti a um filme que me fez rever alguns conceitos sobre dramas. Por muitos anos, tinha uma meta secreta para encontrar um filme que mais do quê me comovesse, me fizesse realmente chorar. Não ajudava muito o fato de eu me entregar mais a filmes de mistério e aventura, pois encontrava meu suplemento de dramas em livros, em especial biografas e histórias baseadas em fatos reais. Já havia até mesmo chorado ao ler livros (parece uma cena engraçada, mas não é), e até certa vez quando ouvi uma música, mas nunca ao assistir um filme, novela ou algo do feitio. Certo que ainda acho A.I um dos filmes mais “penosos” que já vi, mas nem mesmo lacrimejei. Nessa minha busca vi alguns romances em que muitas pessoas que eu conhecia haviam realmente chorado, como um amor para recordar e antes que termine o dia. E nada. Só consegui mesmo foi rir da pessoa ao lado que estava chorando. Assisti Titanic onze vezes mais ou menos, é comovente e um dos meus filmes favoritos, juntamente com sempre amigos (esse é o máximo!), K-pax, toda a saga de Star wars, cruzadas, gaugameth, August Rush- o som do coração e a vida é bela. Mas enfim, estou fugindo do assunto, o fato é que não consegui chorar com nenhum dos mencionados , meus olhos marejaram , admito, assistindo sempre ao seu lado (aquele cachorrinho...), e a procura da felicidade, mas chorar mesmo, nada. Estava mesmo começando a pensar se realmente havia certa insensibilidade de minha parte.
Mas íeis que surge este filme de que irei falar. Ele não é muito conhecido, e muitos até diriam que a história é meio pobre, ou clichê. Mas não é.O nome é a ultima música, e a personagem principal é Ronnie Miller, interpretada por Miley Cyrus. Nunca assisti muito os trabalhos dela, por isso não posso comparar, mas posso dizer que ela me convenceu bem neste aqui. A principio pensei que fosse apenas mais um romance juvenil, mas me surpreendi no decorrer da história, e na reviravolta que esta deu em seu clímax.
E ao pesquisa-lo acabei descobrindo que a história se baseia em um romance do autor best-seller Nicholas Sparks (Um Amor para Recordar, Diário de uma Paixão), e claro que li o livro. Particularmente gosto de filmes adaptados de livros, por que os lendo posso ver o quanto mudaram a história (as vezes mudam tanto que é decepcionante), mas desta vez segui uma linha diferente, já que assisti o filme e só depois li o livro referido.
Bem, a história fala de Ronnie, uma pianista outrora brilhante que se torna uma adolescente-punk. Ela muda radicalmente após a separação dos pais e se torna amarga e pouco tratável. Ronnie despreza totalmente seu pai, o músico Steve Miller (Greg Kinnear), por isso quando ela e seu irmão mais novo. Jonah (Bobby Coleman) são obrigados pela mãe a passar as férias com ele em sua casa de praia Ronnie encara de maneira péssima o fato. Inicialmente ela é mesmo insuportável.
Então ela conhece Will Brekelee (Liam Hemsworth), um rapaz que a perturba em todas as ocasiões. No inicio Ronnie o evita de todas as maneiras (algumas das cenas realmente me fizeram rir), mas aos poucos ele a conquista. Ao mesmo tempo, pai e filha se reaproximam aos poucos, e surge o perdão. Tudo certo? Claro que não. Vem a surpresa quando Descobre-se que Steve tem câncer terminal, e pouco tempo de vida, e por isso ele havia requisitado a presença dos filhos. O drama começa aí. E durante as cenas que se seguiram eu digo que em minha opinião, Steve e Jonah roubaram a cena. O filho mais novo simplesmente idolatrava o pai, e o pequeno passa por um sofrimento ao descobrir que vai perdê-lo (Gostei ainda mais de Jonah no livro, principalmente suas tiradas espirituais e o amor entre os irmãos.). Ele retorna para casa depois das férias, mas Ronnie decidi ficar e cuidar de Steve, passar os últimos dias com ele. Eles se redescobrem durante os meses, e Ronnie acaba reencontrando o amor pelo piano ao terminar uma canção que o pai deixara incompleta, uma música que era para ela. Ela termina a canção para ele, e enquanto ela a toca, ela a ouve fascinado, pois ela havia deixado de tocar a anos. E ao som da ultima música ele perece (uma das cenas mais tristes em minha opinião).
Ronnie e Will, que haviam se separado devido há mentiras e intolerâncias ficam juntos no final, e ela decide ir para a faculdade de música a qual havia sido aceita e se recusava. Durante a missa de despedida, Ronnie toca a ultima canção “Para Ronnie” e emociona a todos. O filme termina de maneira bem interessante também, acho que quem assisti não vai se decepcionar apesar da morte de Steve.E também aprovei a trilha sonora, em especial When I Look At You e I Hope You Find It interpretadas por Miley Cyrus e No Matter What
Admito que tive certo preconceito inicial com o longa, por conta de parecer tão igual há muitos, mas no fim me surpreendi. E sabem do quê mais? Não tenho vergonha de admitir que eu, a durona que nunca chorou em filme nenhum derramou algumas lágrimas com este mencionado. Imaginem minha surpresa ao notar que estava realmente chorando ao ver um filme, na verdade quase caio mesmo da cadeira!
E ainda por cima apesar que já ter assistido o filme quando li o livro não ficou algo chato ou previsível, e posso afirmar que curti ainda mais a história do quê o longa
Enfim, amo música, gosto de filmes, e a ainda mais de livros acho que este foi uma boa combinação de ambos, assim como August Rush- o som do coração. Recomendo, mas não sei se muitos vão se emocionar como eu, percebo agora que isso vem da maneira como você acaba ligando a ficção com alguma vivência sua, ou que viu de perto. Ou mesmo o momento na verdade, mas uma coisa tenho que dizer: valeu muito à pena ter conhecido este filme. E ainda por cima descobri um novo autor para a minha estante. Nada melhor do quê um drama e romance as vezes.
A ultima música fala sobre segredos, perdão, amizades, família, amores e principalmente sobre dar uma segunda chance para os que amamos, se reencontrar através da música.
E uma curiosidade, é que THE LAST SONG (titulo original) é o 15º livro publicado pelo escritor, e muitos deles foram adaptados para o cinema, porém A ÚLTIMA MÚSICA é o primeiro a chegar aos cinemas no primeiro ano de publicação.
Eu recomendo o livro e o filme para os que querem um história comomovente, engraçada e cheia de surpresas, mostrando a face da alma humana que muitos esqueceram: a capacidade do perdão e redenção
Observações sobre o filme
Elenco do filme: Miley Cyrus, Greg Kinnear, Bobby Coleman, Liam Hemsworth, Hallock Beals, Kelly Preston, Stephanie Leigh Schlund, Nick Searcy, Kate Vernon, Melissa Ordway, Adam Barnett.
Direção: Julie Anne Robinson e a estreia foi 11 de Junho de 2010
algumas das cenas do longa não faziam parte do livro, como por exemplo a guerra de lama entre Ronnie e Will, e o fato de Steve morrer ouvindo a música que Ronnie tocou, dentre outras que particularmente, achei boas.
Observações sobre o livro:
THE LAST SONG (titulo original), do autor Nicholas Sparks, vendeu 3,4 milhões em apenas seis meses nos EUA.Obviamente houveram muitas modificações do romance para o cinema, mas particularmente não achei tão forçado e não ficou mal (Milye Cyrus iria ficar engraçada vestindo preto e com uma mecha roxa no cabelo). Uma coisa que eu gostei em particular na obra foi na maneira como o autor separou os capitulos sob os pensamentos de cada personagem principal no enredo, assim podemos ver as cenas sob perspectiva de cada um, sabendo suas opiniões sobre o ocorrido e a resposta de sua expressões..É como se pudéssemos entrar na mente de cada personagem, desvendando o segredo por trás de muitas de suas ações.
Das cenas que acabaram não indo para o longa dou ênfase ao acidente com Galadriel e a surra que Will infringiu a Marcus e seus comparsas.
Mas íeis que surge este filme de que irei falar. Ele não é muito conhecido, e muitos até diriam que a história é meio pobre, ou clichê. Mas não é.O nome é a ultima música, e a personagem principal é Ronnie Miller, interpretada por Miley Cyrus. Nunca assisti muito os trabalhos dela, por isso não posso comparar, mas posso dizer que ela me convenceu bem neste aqui. A principio pensei que fosse apenas mais um romance juvenil, mas me surpreendi no decorrer da história, e na reviravolta que esta deu em seu clímax.
E ao pesquisa-lo acabei descobrindo que a história se baseia em um romance do autor best-seller Nicholas Sparks (Um Amor para Recordar, Diário de uma Paixão), e claro que li o livro. Particularmente gosto de filmes adaptados de livros, por que os lendo posso ver o quanto mudaram a história (as vezes mudam tanto que é decepcionante), mas desta vez segui uma linha diferente, já que assisti o filme e só depois li o livro referido.
Bem, a história fala de Ronnie, uma pianista outrora brilhante que se torna uma adolescente-punk. Ela muda radicalmente após a separação dos pais e se torna amarga e pouco tratável. Ronnie despreza totalmente seu pai, o músico Steve Miller (Greg Kinnear), por isso quando ela e seu irmão mais novo. Jonah (Bobby Coleman) são obrigados pela mãe a passar as férias com ele em sua casa de praia Ronnie encara de maneira péssima o fato. Inicialmente ela é mesmo insuportável.
Então ela conhece Will Brekelee (Liam Hemsworth), um rapaz que a perturba em todas as ocasiões. No inicio Ronnie o evita de todas as maneiras (algumas das cenas realmente me fizeram rir), mas aos poucos ele a conquista. Ao mesmo tempo, pai e filha se reaproximam aos poucos, e surge o perdão. Tudo certo? Claro que não. Vem a surpresa quando Descobre-se que Steve tem câncer terminal, e pouco tempo de vida, e por isso ele havia requisitado a presença dos filhos. O drama começa aí. E durante as cenas que se seguiram eu digo que em minha opinião, Steve e Jonah roubaram a cena. O filho mais novo simplesmente idolatrava o pai, e o pequeno passa por um sofrimento ao descobrir que vai perdê-lo (Gostei ainda mais de Jonah no livro, principalmente suas tiradas espirituais e o amor entre os irmãos.). Ele retorna para casa depois das férias, mas Ronnie decidi ficar e cuidar de Steve, passar os últimos dias com ele. Eles se redescobrem durante os meses, e Ronnie acaba reencontrando o amor pelo piano ao terminar uma canção que o pai deixara incompleta, uma música que era para ela. Ela termina a canção para ele, e enquanto ela a toca, ela a ouve fascinado, pois ela havia deixado de tocar a anos. E ao som da ultima música ele perece (uma das cenas mais tristes em minha opinião).
Ronnie e Will, que haviam se separado devido há mentiras e intolerâncias ficam juntos no final, e ela decide ir para a faculdade de música a qual havia sido aceita e se recusava. Durante a missa de despedida, Ronnie toca a ultima canção “Para Ronnie” e emociona a todos. O filme termina de maneira bem interessante também, acho que quem assisti não vai se decepcionar apesar da morte de Steve.E também aprovei a trilha sonora, em especial When I Look At You e I Hope You Find It interpretadas por Miley Cyrus e No Matter What
Admito que tive certo preconceito inicial com o longa, por conta de parecer tão igual há muitos, mas no fim me surpreendi. E sabem do quê mais? Não tenho vergonha de admitir que eu, a durona que nunca chorou em filme nenhum derramou algumas lágrimas com este mencionado. Imaginem minha surpresa ao notar que estava realmente chorando ao ver um filme, na verdade quase caio mesmo da cadeira!
E ainda por cima apesar que já ter assistido o filme quando li o livro não ficou algo chato ou previsível, e posso afirmar que curti ainda mais a história do quê o longa
Enfim, amo música, gosto de filmes, e a ainda mais de livros acho que este foi uma boa combinação de ambos, assim como August Rush- o som do coração. Recomendo, mas não sei se muitos vão se emocionar como eu, percebo agora que isso vem da maneira como você acaba ligando a ficção com alguma vivência sua, ou que viu de perto. Ou mesmo o momento na verdade, mas uma coisa tenho que dizer: valeu muito à pena ter conhecido este filme. E ainda por cima descobri um novo autor para a minha estante. Nada melhor do quê um drama e romance as vezes.
A ultima música fala sobre segredos, perdão, amizades, família, amores e principalmente sobre dar uma segunda chance para os que amamos, se reencontrar através da música.
E uma curiosidade, é que THE LAST SONG (titulo original) é o 15º livro publicado pelo escritor, e muitos deles foram adaptados para o cinema, porém A ÚLTIMA MÚSICA é o primeiro a chegar aos cinemas no primeiro ano de publicação.
Eu recomendo o livro e o filme para os que querem um história comomovente, engraçada e cheia de surpresas, mostrando a face da alma humana que muitos esqueceram: a capacidade do perdão e redenção
Observações sobre o filme
Elenco do filme: Miley Cyrus, Greg Kinnear, Bobby Coleman, Liam Hemsworth, Hallock Beals, Kelly Preston, Stephanie Leigh Schlund, Nick Searcy, Kate Vernon, Melissa Ordway, Adam Barnett.
Direção: Julie Anne Robinson e a estreia foi 11 de Junho de 2010
algumas das cenas do longa não faziam parte do livro, como por exemplo a guerra de lama entre Ronnie e Will, e o fato de Steve morrer ouvindo a música que Ronnie tocou, dentre outras que particularmente, achei boas.
Observações sobre o livro:
THE LAST SONG (titulo original), do autor Nicholas Sparks, vendeu 3,4 milhões em apenas seis meses nos EUA.Obviamente houveram muitas modificações do romance para o cinema, mas particularmente não achei tão forçado e não ficou mal (Milye Cyrus iria ficar engraçada vestindo preto e com uma mecha roxa no cabelo). Uma coisa que eu gostei em particular na obra foi na maneira como o autor separou os capitulos sob os pensamentos de cada personagem principal no enredo, assim podemos ver as cenas sob perspectiva de cada um, sabendo suas opiniões sobre o ocorrido e a resposta de sua expressões..É como se pudéssemos entrar na mente de cada personagem, desvendando o segredo por trás de muitas de suas ações.
Das cenas que acabaram não indo para o longa dou ênfase ao acidente com Galadriel e a surra que Will infringiu a Marcus e seus comparsas.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Dezoito anos
Meu aniversário.
Dezoito anos atrás nascia a que vos fala. E olha que eu dei trabalho até para nascer!
Mas enfim, não estou aqui para falar das particularidades do parto, afinal enquanto eu escrevo isso provavelmente devem estar acontecendo muitos outros no mundo mais interessantes.
Atingi a maior idade com algumas decepções, admito:
1- Não vou tirar minha habilitação ainda, e nem poderia já que minhas habilidades em frente a uma direção continuam bem limitadas ainda (para ser sincera, não sei nem andar de bicicleta direito.).
2- Ao que parece ninguém que eu conheço tem muitas crenças que não vá mudar de opinião quanto ao curso universitário que eu escolhi (em outra palavras estão rolando as apostas se eu vou ou não largar a faculdade, isto é, quando eu entrar de fato. Não os culpo, posso ser levemente inconstante às vezes.), embora eu esteja realmente decidida.
3-Estou sem emprego. Está certo, nunca trabalhei de fato, mas com o alcance da maior idade espero mudar esse quadro.
4-Morar longe dos pais é bom pela sensação de finalmente estar cursando o seu caminho, mas às vezes é uma droga (com o perdão devido pela palavra). Não preciso nem explicar o porquê, quem esta na situação sabe.
5-Para mim continuo a mesma do outro dia. Não mudei nada que eu perceba. Não que eu esperasse alguma mudança, como uma luz ou epifania, mas isso é um tanto decepcionante, tenho que mencionar.
6-Vou ganhar de presente 180 questões, mais uma redação para responder um dia depois da data. Ao menos estou realmente animada pra responder as provas do Enem, e espero mesmo que seja um presente bom. Porém, isso me limita bastante quanto aproveitar a data de hoje.
7 - Ficar pateticamente vermelha em algumas situações, e não ter muita aptidão para mentir.
8-Não ter muita aptidão para evitar certos acidentes, ou caminhar em algum local plano sem encontrar algo para tropeçar. Além também de alguns incidentes com ônibus errado, e escadas... deixa para lá não é?
Vou deixar de listar isso. São reclamações demais. Vou deixar meu humor sarcástico um pouco de lado, afinal também há alegria! Não é por que estou mais perto da morte que tenho que ficar me reclamando assim. Apesar dos pesares tive um bom ano. Acho mesmo que nunca amadureci em um espaço tão pouco de tempo. Cresci exteriormente alguns centímetros também (um alívio), e esse vai ser meu primeiro aniversário em que vou ser titia! Isso mesmo, estar ao lado da pequena notável que eu mais adoro me faz realmente feliz nessa data (e olha que eu iria passá-la sozinha dessa vez, escapei por pouco.). Sinto-me mais realizada para tomar decisões importantes para mim, e estou mais satisfeita comigo mesma. Certo que ainda tenho um gênio um pouco... bem, ninguém é perfeita não é verdade?
Cresci, engordei, me meti em confusão e saí de maneira brilhante na maioria delas. Aprendi muito sobre controle, e sobre sentimentos (embora ainda entre em contradição com os meus várias vezes). Continuo meio esfinge, mas não sou um enigma mais tão perigoso agora. DECIFRA-ME OU DEVORO-TE. Pode ser DECIFRA-ME OU FINGE, QUE VEJO SE ACREDITO. Tá bom, ainda é o primeiro, não teria muita graça se não fosse não é?
E também não estou preocupada com o fato que legalmente posso ser presa se fizer besteira. Não é muito meu feitio, já que não consigo dormir direito nem se furar uma fila (alguns chamam isso de ser trouxa).
E também não vou preparar uma festa de arromba, nem um bolo nem nada. Comemoro do meu jeito. Encho meu copo de Coca-Cola (lembrando o que minha irmã fala sobre coca e a marca do capitalismo selvagem, perdoável na data.), e simplesmente brindo a mais um dia, pedindo sorte para a prova do final de semana e felicidade para minha família e amigos espalhados por esse mundo e que nesse momento os sinto perto.
Tenho dezoitos anos. Não é pouca coisa. Tenho uma família maravilhosa, alguns amigos leais e de bons momentos, um lugar para onde sempre posso retornar se algo der particularmente e horrendamente errado (só pra constar, isso não é pessimismo Nara, se você estiver lendo esse texto.), já sei o que quero da minha vida e tenho pernas e braços para ir atrás disso. Estou mesmo indo bem, apesar de minhas crises, minha insegurança, minha falta de jeito com as pessoas, ter problemas em falar a palavra com "A", de minhas poucas magoas, impulsividades e hiperatividade.
É isso aí! E quero muito mais!
Tin tin!
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Cemitério de carros
Estava em um gigante cemitério de carros, em meio ao nada. Para onde quer que olhasse, só via máquinas, das mais diversas épocas e gostos.Caia uma tempestade tremenda, e eu via relâmpagos iluminarem o céu totalmente nublado.Corri no meio dos carros, e não havia saída alguma daquele labirinto de ferro. Era tudo muito estranho ali,e após um tempo avistei também aviões despedaçados. Havia um velho caça, um mono motor, destroços do que pareciam atiradores da segunda guerra no mínimo, e um grande boing partido ao meio. Mas ninguém. Chamava e nada. Estava totalmente só, com a chuva me castigando.
Corri em busca de abrigo, e avistei um porsche amarelo com a capota abaixada. Estava praticamente intacto, com excessão de um amassado em sua lateral, como se o tivessem castigado com um taco ou algo do tipo.Corri para lá e me enfiei tremendo em seu banco macio. Liguei a chave que estranhamente se encontrava na ignição e funcionou. Mas aconteceu algo ainda mais estranho: o rádio ligou sozinho, e os faróis e a buzina também deram o ar de sua graça sem serem requisitados. Tentei sair assustada, mas não consegui, estava trancada em um carro maluco, com complexo de Christine!E ainda por cima amarelo.
Quando olhei para frente então vi que já estava em alta velocidade por entre os ferros retorcidos dos aviões e carros destroçados. Agarrei a direção, tentava o freio e nada. Blasfemava alto e esmurrava, mas era em vão.
Quando então voltei a olhar para frente não estava mais no cemitério de automóveis, mas sim em uma pista mal iluminada. Ouvia gritos e música alta misturada a risadas, mas não havia ninguém a vista. O carro não diminuía a velocidade. E de repente eu não estava mais só. Outro carro, preto de faróis neón estava ao meu lado, igualmente rápido.Pedi ajuda, mas não enxergava quem estava dirigindo. Foi então que me dei conta do fato de que as arquibancadas estavam lotadas ao redor, e eu estava em uma pista de corrida. Mas em meio a velocidade notei igualmente que ninguém movia-se um centímetro, estáticos em sua expressão como em uma fotografia. Só eu e o outro carro nos movíamos naquela corrida maluca, onde eu não tinha qualquer controle
Quando pensei que fosse realmente me arrebentar em alguma curva, apareceu algo ainda mais inusitado: um maluco na pista, bem em minha frente. O carro brecou sozinho, quase em cima da figura. Fui jogada para frente contra o vidro que se despedaçou e cai rolando na pista em meio aos cacos e dor. Fiquei caída de costas, olhando para a escuridão do céu, a chuva em cima de mim. Minha vista então foi tapada por um rosto pálido de criança. Era um garoto de seus onze anos , o tal que se metera na pista e quase me destroçara no asfalto.
Tentei me erguer, mais estava sufocada e machucada. E tudo estava silencioso de repente.O outro carro também parara e o piloto estava ao meu lado, vestido de preto. Me ergui com dificuldade enquanto os dois me olhavam sem mover um dedo para ajudar.
Quando enfim me levantei, possivelmente com algumas costelas quebradas, o outro piloto enfim retirou o capacete e me encarou friamente. Olhei para ele e o garoto. ambos eram os mesmos. Não como gêmeos, pois o piloto tinha no mínimo vinte anos. Eram os mesmos, em idades diferentes. Aquilo era confuso demais, e o pior de tudo era que eu o conheci assim que retirou o capacete. E se conheci!
- O que faz aqui?!-Perguntei espantada enquanto colocava minha mão do lado de meu corpo. Sufocava a cada respiração
- Não pare a corrida, ainda não terminou!- Ele me respondeu com voz autoritária, em uníssono com o menino. Eles pareciam um espelho um do outro em sua expressões e palavras.
- Que se dane a droga da corrida! -Tentei gritar, mas não conseguia com minhas costelas, minha voz estava esganiçada.
Os dois pareceram surpresos com a rebeldia, e me encararam furiosos
- Não vai fugir da corrida, não vai fugir de novo. Não vai deixar tudo para trás outra vez.
Bom, aquilo já não pareciam se tratar da corrida parecia?
- Não estou fugindo. Mas não vão me obrigar a fazer o que não quero.
-Sempre faz isso. Abandona o jogo na metade.Não tem coragem, não se importa.
Ele se aproximou e agarrou meu braço com força:- Entre no carro.
-Não!- Falei teimosamente. Não queria correr de novo.A chuva nos castigava impiedosamente na pista enquanto o menino apenas ficava nos olhando imóvel, como as pessoas na arquibancada.
- Não vai largar na primeira batida.Tudo vai ser diferente dessa vez.Não desista tão cedo garota, ainda faltam voltas e voltas!
- O carro é maluco!-protestei puxando meu braço.
Ele me soltou e me encarou, o rosto agora mais suave. Ele não mudara nada nos últimos tempos, desde o dia que o vira a ultima vez.O conhecia há anos, e aqueles olhos sempre me hipnotizavam, me deixavam sem estrutura para argumentar.
- O problema talvez não seja o carro, mas quem pilota. Está na hora de assumir o controle Lorem. E parar de culpar as circunstâncias!
Olhei para a chuva vinda do céu e para ele após. Seu rosto estava com um pequeno sorriso torto que antevia o triunfo. Então lá estávamos nós de novo, cruzando um caminho em comum. Da ultima vez não aconteceu nada de bom para que eu lembrasse.
-Não somos mais crianças-ele falou tocando em meu ombro, os olho diferentes- faça diferente. Sem arrependimentos dessa vez.Assuma a direção ou vai se arrebentar na primeira curva. Vá até o fim!
Assenti. Minhas costelas arderam e sufoquei. Quando cai senti que os braços me seguraram antes que chegasse ao asfalto.
Fiquei um tempo deitada, ouvindo meu coração descompassado, esperando o despertador tocar.Com a sensação forte de que decisões importantes estavam a minha espera, e que agora, eu devia fazer tudo direito. Perdão e não permissão.
Elyakan e a desordem dos sete mundos
Há alguns anos li um livro que encontrei por acaso em uma bienal em Fortaleza. Digo por acaso por quê foi mesmo. Caiu em cima do meu pé...
Mas enfim, era um livro intitulado Elyakan e a desordem dos sete mundos, e isso chamou-me a atenção até mais do quê a maneira com que ele veio até mim. Acabei o comprando e não me arrependi.
O livro é do autor Eliazario Goulart Rocha, e conta a história de Elyakan, um garoto de dez anos, sardento e dentuço, que não possui autoconfiança ou amigos. Ele leva uma vidinha normal de uma família de baixa renda, sem muitos planos altos para o futuro, fora resolver os do presente: Um garoto chamado Roth que inferniza Elyakan, e conquistar Silvana, a menina mais bonita da escola e seu amor secreto.
Porém sua vida vira de cabeça para baixo quando um gambá(!) aparece na garagem de sua casa . Esse gambá é na verdade Lehrcuse, um mestre disfarçado pertencente há um mundo chamado Esima Valsi, do qual Elyakan descobre vir de verdade. Elyakan é na verdade um escolhido que veio parar no mundo onde cresceu por acidente, e agora precisa voltar ao seu verdadeiro lar para ajudar a misteriosa Mirvane, a mais poderosa líder, que segundo Lehrcuse foi quem criou Elyakan (não se mostra como ela fez isso). a impedir um acontecimento que poderia vir a destruir os sete mundos!(Sem pressão no garoto.)
Elyakan também descobre que há varias crianças como ele no mundo onde vive (não tão especiais quanto ele, como o próprio Lehrcuse menciona.) que vieram parar lá por acidente após o grande desgarramento, uma batalha que desestabilizou seriamente os mundos e agora ameaçava retornar. Mas diferente das demais, sua família adotiva conheciam a verdade sobre ele todo o tempo.
Elyakan parte então com seu novo amigo (que não fica com aparência de gambá, claro), para um lugar que desconhece, e onde terá na verdade 16 anos. Lá ele encontra um mundo totalmente estranho, com paisagens que aparentam desenhos animados, lugares que desafiam as leis da física vigentes em seu antigo mundo, e pessoas que tramam por sua destruição.
Ele passa a treinar com Lehrcuse, que se torna amigo e confidente, apesar de alguns problemas iniciais. Aprende o delicado controle das emoções e no decorrer da trama são apresentados poderes seus que provam o quando ele é realmente especial. Nos são apresentados muitos personagens no decorrer da história que nunca parecem ser o que realmente são. Traidores ou amigos? Em toda a trama essa linha tênue é ultrapassada e o autor nos surpreende com novos fatos que viram tudo de cabeça para baixo e nos faz pensar sobre pré-julgamentos
Os mistérios são sempre o fio puxando a história, alguns não são totalmente esclarecidos, o que da margem ou a nossa imaginação ou há a continuação em um segundo livro.
Elyakan passa por terríveis dificuldades que o obrigam a amadurecer. Cercado de pessoas que parecem nunca ser o que aparentam, sem saber ao certo em quem confiar de verdade. Sendo alvo de conspirações para destrui-lo e profecias na sala dos livros do amanhã (que na verdade não tem livro nenhum, mais uma porção de computadores possuídos e teclas digitando o destino das pessoas. Sinistro, mas bem mais prático), lá ele vê coisas sobre o seu futuro (nada agradáveis por sinal) que indicam sua importância naquele mundo. A maioria das profecias se cumprem no desenrolar da história. A maioria.
Alguns fatos também passam a intriga-lo, como uma voz que clama por ele na noite, e hora o atrai para situações inusitadas (quase sempre nos livros do amanhã), e outras o adverte sobre o perigo. Com o passar dos fatos Elyakan amadurece incrivelmente rápido (não se pode culpa-lo, com tanta gente querendo meter uma rasteira), aprende também a criar laços verdadeiros de amizade, a confiar em si mesmo, a não fazer pré-julgamentos. Ele se ergue como uma peça chave para a salvação de todos, e todo seu sofrimento(não vai ser pouco) faz com que mude seus conceitos. Pois ao mesmo tempo que luta para salvar a todos e a si mesmo, ele também continua a ser só um adolescente, com suas dúvidas, suas crises, sua dificuldade com garotas (apesar de ele ficar até bem saidinho, quem ler o capitulo do Baile vai ver isso) e sua insegurança com a aparência.
O Final eu não conto, mas admito que fiquei frustrada com algumas coisas, e terminei o livro com algumas especulações e a morte de um personagem do qual simpatizava. Mas ao todo é uma boa história, e apesar de ser aparentemente uma história infanto-juvenil, pode trazer também algumas lições para a vida adulta.
Essa história de Eliazário Goulart Rocha é cheia de encanto, lições sobre respeitar o que nos rodeia, amizade verdadeira e mostra um mundo mágico que habita dentro de nós. Onde tentamos aprender a controlar nossas emoções. E onde precisamos amadurecer, mas sem esquecer de acreditar em nós mesmos.
Observações finais: Torço por Lise e não acredito que a traidora que foi punida seja realmente a verdadeira. Quem ler entende.
Meu lugar
O meu lugar tem cheiro de flor e mar. Tem o som das ondas e das risadas ao redor da mesa pela manhã, ou das discussões que tulmutuavam meu dia, quebrando a chata rotina. Meu lugar tem o cheiro da chuva e da sensação do frio debaixo das cobertas com a preguiça de levantar. Tem o aroma do café pronto, e da poeira dos livros da estante. Tem os rostos que não esqueço, e tantos outros que gostaria de esquecer. Tem vozes que diziam coisas que perdi há muito tempo atrás, em meio a papéis amassados no fundo da minha gaveta, e retratos de pessoas que nem mesmo sei mais quem são. Tem as fotografias na mesa da sala, e o som do violão pelos quartos. O jornal no domingo e a novela a noite.
Meu lugar tem a face das traquinagens da infância, as lembranças das campanhias tocando enquanto corríamos pela rua as risadas. As quedas e os arranhões na subida das árvores.A amizades perdidas. A liberdade.
Tem as paixões platônicas da adolescência. Os perfumes derramados e os corações partidos. As cartas rasgadas e a pulsação forte. As brigas e as alegrias. As histórias de amor e de terror. Ah e o riso! Como não o riso!
Meu lugar tem a imagem e o tom das lembranças.
O gosto do choro e da alegria.
Meu claustro e meu paraíso.
Tem a despedida e a promessa de retorno.
As penas das asas que caíram quando alcei vôo.
As fotos que hoje repousam na cabeceira ou no fundo da gaveta.
As cartas que queimei e as poucas que guardei.
Os rostos que quero lembrar e os que quero esquecer.
Meus momentos de crise e enganos...
Hoje meu lugar cheira a saudade...
... um dia vai ser reencontro.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
O invisível
Annie procura o corpo de Nick, ao seu lado ele a acompanha invisível |
O invisível é um remake de um filme sueco chamado Den Osnlige, uma adaptação cinematográfica de um romance homónimo de Mats Wahl.
Conta a história de Nick Powell (Justin Chatwin), um jovem estudante do ensino médio com talento que sonha em ser escritor. Ele faz trabalhos dos colegas escondido em troca de dinheiro, e tem problemas com sua mãe Diane Powell (Marcia Gay Harden). Ele ganha a oportunidade de ir a Londres realizar seus sonhos, e junta dinheiro pretendendo ir mesmo contra a vontade de sua mãe.
Conta também a história de Annie Newton (Margarita Levieva ), uma jovem problemática, vinda de uma família tulmutuada que mete-se em todos os tipos de confusão e com um futuro incerto. A única pessoa com quem se importa no mundo é seu irmão mais novo Victor, e odeia Nick por ver nele o futuro que não pode ter.
As vidas deles se complicam quando Annie rouba uma joalheria, e seu namorado que está em condicional a denuncia. Procurada, Annie não sabe quem a denunciou, e vai atrás de Pete Egan (Chris Marquette), amigo de Nick. Achando que o amigo havia ido para Londres e tentando se livrar de problemas Pete diz a Annie que foi Nick quem a denunciou, o que ele não sabia é que o rapaz havia desistido da viagem, e eles acabam se encontrando. Após uma perseguição, Annie e os amigos o espancam e ele desmaia, achando que o mataram eles se apavoram e escondem o corpo na floresta dentro de um bueiro e vão embora.
Nick acorda na manhã seguinte no meio da estrada e sem lembrar-se ao certo o que aconteceu vai a escola como se nada houvesse ocorrido. Ao chegar lá ele tem uma surpresa desagradável ao perceber que ninguém pode vê-lo. Ele está totalmente invisível. Desesperado ele se dá conta do ocorreu e acha que esta morto. Enquanto isso, todos na cidade estão a sua procura. Nick resolve então tentar vingar-se atormentando Annie e nota então que ela é a única que pode ouvi-lo.
Ao chegar em casa, devido há uma cena com um pássaro que agoniza Nick descobre que não está morto, mas sim agonizando na floresta e que se não o encontrarem dentro de alguns dias ele enfim perecerá devido aos machucados. Ele passa então em uma corrida desesperada para convencer Annie a informar a policia o que ocorreu e a localização de seu corpo antes que seja tarde demais. E enquanto eles tem essa convivência forçada com a garota sendo procurada, Nick começa a enxergar Annie de outra maneira e a se importar de verdade com ela. Os dois criam um laço único. Resolvida a ajuda-lo depois de um tempo ela vai ao bueiro onde o jogaram e descobre que o corpo sumira. Seu namorado Marcus e Pete e mais dois de seus amigos o haviam retirado. Ela parte então em busca do corpo e nesse meio tempo descobre que Nick não havia a denunciado o que faz com que se sinta pior ainda por tudo o que ocorrera.
Pete, com remorso pelo o que fizera ao amigo toma uma atitude extrema e se envenena no dia da formatura, enquanto a agoniza ele vê Nick que lhe pergunta pelo corpo. Ele pede perdão e lhe dá a informação. Os pais deles o socorrem e Nick parte para o local, descobrindo seu corpo jogado em uma represa que logo transbordará e sumirá com ele para sempre. Annie vai atrás de seu namorado para saber onde ele escondera o corpo de Nick, os dois discutem e ela descobre o real denunciador. Os dois trocam tiros e Marcus morre. Ferida, Annie avisa a polícia sobre onde está o corpo e eles o salvam no momento em que a água o toma. Agora Nick está em coma, morrendo e ele avisa a Annie que é a única capaz de salva-lo. Annie vai ao hospital, enquanto foge, encontra lá a mãe de Nick que a chama de assassina e ameaça chamar a policia. Annie então diz que pode falar com o filho dela, e Nick a auxilia dizendo coisas a mãe que somente ele poderia saber e pedindo perdão pelas brigas. Convencida e emocionada ela permite que a garota entre no quarto onde Nick está perecendo. Ela deita-se ao seu lado e pede perdão por tudo.O abraça e Nick acorda e sorri. Annie então, ferida pelo tiro de Marcus também sorri e perece.
O filme finda com o irmão de Annie, Victor brincando com um avião perto de um penhasco. E então alguém chega. É Nick, que se responsabiliza em cuidar do irmão da garota como ela cuidava. ele diz que os dois eram amigos e eles resolvem mandar um recado para ela. Os dois escrevem 'olá Annie!' no avião e o soltam no ar para que ela o veja onde estiver.
O invísivel é um filme que realmente gostei. A reviravolta no comportamento de Annie nos faz pensar sobre os julgamentos que fazemos sobre as pessoas sem nem ao menos conhecê-las de verdade. Os dois cometeram esse erro, e quando finalmente descobriram um ao outro perceberam que poderiam sim ser amigos, mas já era tarde. Eles perderam tanto tempo tentando se odiar que deixaram as chances passarem.
A vida é curta demais, e cheia de surpresas. Não devemos deixar-nos desperdiçar as melhores coisas que ela nos oferece. As pessoas passam em nossas vidas , e depende apenas de nós resolver que marca deixaremos nas vidas delas.
Só quando esteve 'invisível' Nick pode enxergar as pessoas de verdade, por trás de suas mascáras e pretextos. E pôde se enxergar.
Esse eu recomendo!
Observações: o filme foi filmado aos arredores de Vancouver no Canadá, e nos cinemas em 27 de Abril de 2007 e em DVD em Outubro do mesmo ano.
Gato Preto
Dia 31 de Outubro.Certo, você deve estar pensando: “Uma história intitulada gato preto, no dia das bruxas só pode ser de terror” Só posso dizer: ERROU! HAHA. Isso aí, não é história de terror, ou nada ligado ao dia das bruxas. Mas sim um fato que ocorreu na noite do dia 30 de Outubro, que vos escrevo na data acima, e publico não sei quando (estou temporariamente desconectada.)Aconteceu o seguinte episódio: Estava eu e minha irmã no ponto de ônibus na noite referida do fato, quando em meio ao barulho dos carros ouvimos aquele miado meio abafado. Paramos de conversar sobre algum assunto trivial e ela perguntou a mim se havia ouvido. Assenti. O lugar não era muito amigável para um gato. Na verdade para nenhum animal. Uma avenida de duas mãos movimentada com carros passando em velocidade um pouco acima da permitida na maioria poderia ser bem mortal (perdi a conta de quantos animais haviam comprovado isso nos oito meses que atravessei aquele lugar). Tentamos encontrar o felino com alma de suicida, mas não encontramos e comecei a falar que adoraria ter um gato chamado Fat louie (É isso mesmo, eu leio Meg Cabot, e daí? Ela escreve muito!). Minha irmã não e muito fã de gatos entre todos os animais, certa vez quando encontrei quatro felinos perdidos e os alimentei ela anunciou que se eu os colocasse em casa...sem comentários. Não se pode culpá-la, ela na verdade ama cachorros (eu também), e gosta de animais em geral mas não se dá bem com gatos. Então ela riu muito quando eu anunciei minha ideia inocente(^^).E eis quando estávamos rindo (ou ela rindo de mim e eu provavelmente dizendo impropérios em relação a isso), surge um gatinho preto atravessando a rua. Era um filhote de olhos amarelos. Começamos a chama-lo que nem uma loucas, temendo pelo pior. O engraçado é que eu chamava "Fat Louie!" sem parar. O gato veio (quando bem quis), e não morreu. Ficou no meu pé, claro. Tentei leva-lo para longe da avenida, o que não funcionava por que ele me seguia que nem uma sombra. uma sombra pretinha e de olhos amarelos que me davam dó... Enfim, depois de quase sete minutos tentando me livrar do bichano, o levei para o mais longe possível e saí correndo com o coração partido e morrendo de medo de levar um tropeção e cair (meu feitio, correr não é uma boa ideia para mim nunca, não tenho coordenação pra isso e nem pernas longas.)Pulei no ônibus bem no momento adequado.Admito que fiquei com remorsos após o ocorrido. Horas depois, quando enfim retornei de meu compromisso minha irmã não ajudava em nada pedindo para que eu notasse se havia alguma mancha negra no asfalto(sem graça!). Aí sim seria história de terror. Mas não vi nada, e nem mesmo o gatinho. Ele havia sumido por completo. Claro que por um momento pensei que quando chegasse em casa iria ter um felino de olhos amarelos tocando o maior terror na porta, mas não havia.Pobre Fat Louie!Gatos tem algo de mítico para mim. Na maneira como nos olham. Gatos pretos tem histórias, que ficam ainda mais estranhas quando se passam no dia das bruxas. Depois disso fiquei pensando na quantidade de animais abandonados pelo mundo.É isso. Nada de contos de terror no dia das bruxas. Fiquei me casa com remorsos por conta de um gato preto perdido. E alguém pode me culpar?
Lorem Krsna
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Coisas da vida...
Eram meados do mês de julho. Eu voltava da casa de meu irmão, após ter passado o dia com ele, minha cunhada e minha linda sobrinha que na ocasião tinha pouco mais de dois meses.
O sol de fim de tarde incidia na janela do ônibus quase vazio àquela hora. Só havia afora o motorista e o cobrador, eu e mais três passageiros, sendo eles uma dupla de adolescentes um pouco mais novos do quê eu trajando uniforme escolar, e uma mulher que falava sem parar no telefone.
Pulei algumas paradas antes de minha casa. Entrei em uma livraria. Fazia três semanas que ia lá sempre que podia, e ficava folheando um livro que por mais que tentasse não conseguia juntar a quantia exata para comprá-lo. Vida de estudante é um aperto! Mas achava que mais algumas três visitas e terminava de lê-lo (hehe^^). O cheirinho de papel novo e o barulho de páginas sendo viradas inundavam o lugar de um modo familiar para mim, misturando-se com um aroma de café vindo de algum ponto fora da livraria. Adoro sair de casa sozinha, às vezes até sem rumo programado, para observar os lugares e pessoas. Perder-me na multidão, praticamente invisível.
E estava eu, encostada em uma parede próxima a uma das estantes quando a porta abre-se. Não sei bem o que me atraio a atenção, mas provavelmente foi a quebra do sossego, já que a maioria também olhou.
Porém, diferente de mim, eles logo voltaram-se novamente para os seus afazeres e livros. No instante que olhei me senti estranhamente intrigada com aquela figura. Era um homem jovem, no máximo 22 anos, e poderia passar-se por comum na multidão. Altura mediana, camiseta pólo preta e jeans desbotado. Fones no ouvido e um ar inquieto. Nada demais que atraísse minha atenção, a não ser a sensação de que o vira já em algum lugar.
Irrito-me quanto tento lembrar-me de algo e não o consigo até que tenha passado a ocasião, e por esse motivo não parava de olhá-lo. A única característica incomum na figura poderia passar despercebida aos menos observadores: justamente o ar inquieto nos olhos pretos demais.
Uma vendedora de dispôs a atendê-lo, e o ouvi pedindo algo de Hermann Hesse, autor conhecido meu.
Ao notar que eu o olhava, encarou-me por um instante e sorriu. Correspondi timidamente e voltei ao meu livro. "Só faltava o 'cara' pensar que eu estou paquerando com ele!" Pensei, e tratei de tentar esquecer o assunto. Mas minha mente é teimosa, e logo estava passando em lista todos os lugares prováveis aonde que eu tenha visto ou conhecido aquele sujeito. Não consegui recordar e convenci-me de talvez tenha sido na própria livraria. Fiquei satisfeita ao olhar para a porta e ver que ele tinha sumido de vista. Voltei ao livro e já me perdia nas páginas, esperando que passasse e dissesse que ali era uma livraria e não uma biblioteca.
- Posso?
O cheiro me alcançou antes da voz, mesmo assim levei um susto considerável. E sendo eu, bem, 'eu', claro que quase derrubei a estante. Todos os olhares caíram em cima de mim, e senti meu rosto esquentando e ficando rubro enquanto pegava os livros que caíram e os restituía a estante com ajuda do estranho e de uma vendedora simpática.
-Deixe comigo - ela sorriu
Pedi desculpas pela trapalhada, e quando tudo retornou a normalidade no local, meu rosto ainda estava totalmente vermelho.
O estranho ainda estava lá e riu em voz baixa:- Só 'ia' pedir um livro que estava perto de você.
Assenti ainda enrubescida e lhe dei passagem, ainda hesitante em retornar ao livro que eu lia, ou sair da livraria antes que a colocasse abaixo.
-Foram só alguns livros.
O rapaz falou enquanto passava os olhos nas páginas de um livro do qual reconheci o titulo de imediato, por ser um dos meus favoritos 'DEMIAN ' do escritor alemão Hermann Hesse.
-Foi quase a estante inteira- murmurei ainda inquieta por ainda não saber de onde o conhecia.
-Podia ter sido pior. Podia ter confundido uma vendedora com um manequim e a apalpado por acidente...
Dessa vez eu ri mesmo. Imaginei até a cena. Trapalhadas eram do meu feitio.
-Acontece
-É, acontece.
Ele ia falar mais alguma coisa quando seu celular tocou e me afastei devagar. Olhei em meu aparelho e levei um susto. Já estava muito tarde e eu não havia avisado de minha demora.
Saí da livraria apressadamente.
Não o vi mais desde aquele dia. E nem mesmo lembrei-me de onde o conhecia e por muito tempo esqueci totalmente do assunto.
Isso até dias atrás.
Passava na rua quando o vi dentro de um carro. A mesma sensação anterior me bateu. Algo conhecido que não sabia explicar. A sensação chata de querer lembrar-se de algo e não conseguir.
Fico pensando quem ele é, o seu nome e o que faz. Imagino o porquê do olhar inquieto, daqueles que querem muito mais da vida.
E principalmente se um dia vou saber de tudo isso, ou ao menos lembrar de onde o conheço.
Às vezes passamos por pessoas nas ruas e ficamos imaginando suas histórias. E nos deparamos com rostos conhecidos, por que de certo modo eles refletem coisas que somos e guardamos. Imagino se foi isso, mas creio que nunca vou saber ao certo.
São coisas da vida.
E a vida em si é um mistério.
domingo, 24 de outubro de 2010
Sax
Retornava do cursinho em uma manhã chuvosa de sábado. Na ocasião, estudava em uma cidade vizinha a que moro, e me encaminhava para o ponto de ônibus quando decidi tomar outro caminho mais longo apesar da fina garoa. Precisava de um tempo para pensar em alguns problemas que me assaltavam no alto de meus 17 anos.
Sabia que quando chegasse em casa provavelmente estaria só, pois minha irmã havia saído. Nunca me importava muito com isso, mas naquele dia em especial não era uma boa idéia para mim. Minha mente me levava para caminhos tristes, sensações melancólicas e dúvidas. Estava sozinha, com uma chuva fina ensopando meus cabelos enquanto os demais se abarrotavam nas calçadas ou se protegiam em grandes guarda-chuvas aguardando o fim da garoa.
Recentemente havia rompido com um grande amigo, por conta de meros mal-entendidos estúpidos. E essa ausência juntava-se com muitas outras, como saudades da família longe, discussões recentes com minha irmã, não ter ninguém com quem conversar ou contar como me sentia. Sem qualquer compromisso ou receio. Falar sobre meus erros tão bobos, tomando um café ou algo assim.
A chuva caia e escorria, mas os problemas, as vontades e as questões continuavam impregnadas em mim, bem dentro.
Dobrei em uma rua e então ouvi claramente o som do saxofone. Reconheci a música detalhes, de Roberto Carlos e de imediato lembrei-me de meus pais. O som conhecido retumbava nas calçadas acima do som dos passos ou da chuva, e misturava-se aos aromas na magia da música. E quando percebi, já cantava baixinho a letra por trás das notas conhecidas.
Procurei de onde vinha guiada pelo ouvido. E encontrei o som vindo de uma casinha amarela, com um portão de ferro pintado de branco. Havia flores em um canteiro e uma placa anunciando a venda de quadros. Parei do outro lado da calçada, olhando e ouvindo maravilhada as notas seguidas. Não conseguia mais sair do lugar.
Vi por trás das janelas abertas os quadros a venda na parede. Eram pinturas a óleo de pessoas. Por um instante, movida pela curiosidade pensei em entrar com a desculpa de ver as obras, só para saber quem tocava de forma tão apaixonada pela vida. Se era homem ou mulher, sua idade, sua cara.
Lá dentro a música mudou e novamente a reconheci. A ouvira certa vez, anos atrás em uma novena em minha cidade. Cantada pela voz de um amigo de meu irmão que participava do coral da igreja.
Algo se movimentou na casa, como um despertar e eu afastei-me contra a vontade, como se fosse acordada de um transe no instante que a música se interrompeu. Ouvi vozes e segui meu rumo. Quando dobrava na outra esquina o som recomeçou e quando dei por mim cantava a canção embalada pelo som já distante do sax:
“Quando a solidão doeu em mim/quando meu passado não passou por mim (...) /quando os meus olhos não podiam ver/tua mão segura me ajudou a andar...”
Naquele dia ao chegar em casa não consegui mais me sentir só ou isolada. Meus problemas pareceram sem sentido; Liguei para meus pais e lhes ouvir a voz amenizou a saudade.
Eu sentia que podia fazer tudo. E em silêncio agradeci ao artista que colocou tanta paixão ao som daquele sax, e que me lembrou uma capacidade minha que eu estava deixando-se encobrir por trás de meus desalentos e devaneios: A capacidade de LUTAR, acima de qualquer tormenta que viesse. Apesar de qualquer nuvem que nublasse meus objetivos. Por que pura e simplesmente eu tinha um sonho, não podia ousar deixar desvanecer.
Sabia que quando chegasse em casa provavelmente estaria só, pois minha irmã havia saído. Nunca me importava muito com isso, mas naquele dia em especial não era uma boa idéia para mim. Minha mente me levava para caminhos tristes, sensações melancólicas e dúvidas. Estava sozinha, com uma chuva fina ensopando meus cabelos enquanto os demais se abarrotavam nas calçadas ou se protegiam em grandes guarda-chuvas aguardando o fim da garoa.
Recentemente havia rompido com um grande amigo, por conta de meros mal-entendidos estúpidos. E essa ausência juntava-se com muitas outras, como saudades da família longe, discussões recentes com minha irmã, não ter ninguém com quem conversar ou contar como me sentia. Sem qualquer compromisso ou receio. Falar sobre meus erros tão bobos, tomando um café ou algo assim.
A chuva caia e escorria, mas os problemas, as vontades e as questões continuavam impregnadas em mim, bem dentro.
Dobrei em uma rua e então ouvi claramente o som do saxofone. Reconheci a música detalhes, de Roberto Carlos e de imediato lembrei-me de meus pais. O som conhecido retumbava nas calçadas acima do som dos passos ou da chuva, e misturava-se aos aromas na magia da música. E quando percebi, já cantava baixinho a letra por trás das notas conhecidas.
Procurei de onde vinha guiada pelo ouvido. E encontrei o som vindo de uma casinha amarela, com um portão de ferro pintado de branco. Havia flores em um canteiro e uma placa anunciando a venda de quadros. Parei do outro lado da calçada, olhando e ouvindo maravilhada as notas seguidas. Não conseguia mais sair do lugar.
Vi por trás das janelas abertas os quadros a venda na parede. Eram pinturas a óleo de pessoas. Por um instante, movida pela curiosidade pensei em entrar com a desculpa de ver as obras, só para saber quem tocava de forma tão apaixonada pela vida. Se era homem ou mulher, sua idade, sua cara.
Lá dentro a música mudou e novamente a reconheci. A ouvira certa vez, anos atrás em uma novena em minha cidade. Cantada pela voz de um amigo de meu irmão que participava do coral da igreja.
Algo se movimentou na casa, como um despertar e eu afastei-me contra a vontade, como se fosse acordada de um transe no instante que a música se interrompeu. Ouvi vozes e segui meu rumo. Quando dobrava na outra esquina o som recomeçou e quando dei por mim cantava a canção embalada pelo som já distante do sax:
“Quando a solidão doeu em mim/quando meu passado não passou por mim (...) /quando os meus olhos não podiam ver/tua mão segura me ajudou a andar...”
Naquele dia ao chegar em casa não consegui mais me sentir só ou isolada. Meus problemas pareceram sem sentido; Liguei para meus pais e lhes ouvir a voz amenizou a saudade.
Eu sentia que podia fazer tudo. E em silêncio agradeci ao artista que colocou tanta paixão ao som daquele sax, e que me lembrou uma capacidade minha que eu estava deixando-se encobrir por trás de meus desalentos e devaneios: A capacidade de LUTAR, acima de qualquer tormenta que viesse. Apesar de qualquer nuvem que nublasse meus objetivos. Por que pura e simplesmente eu tinha um sonho, não podia ousar deixar desvanecer.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Entre motos e asas
Era um grande despenhadeiro. Por mais que eu olhasse para baixo não consegui ver-lhe o fundo. Havia um barulho de corredeira, indicando a existência talvez de um rio nas profundezas.
A chuva fina escorria por meus cabelos que insistentemente grudavam em minhas costas e testa. Por baixo dos jeans puídos e da camiseta que provavelmente um dia fora branca eu tremia de frio. Meus pés estavam atolados na lama barrenta que não permitia que eu caminhasse normalmente.
Saí da beira do penhasco, temendo que o vento me empurrasse para as profundezas e segui para a colina de pedras que margeava o outro lado da estradinha de terra. Minha mente não estava tão confusa agora. Eu sabia o que tinha que fazer: tinha que alcançar a estrada principal que me levaria à cidade mais próxima e havia urgência nisso, alguém precisava de ajuda e eu era a responsável por consegui-la.
A moto enlameada estava recostada no paredão, como eu havia provavelmente deixado. O capacete velho, de uma cor próxima do vermelho estava no banco. Subi na moto, tremendo ainda e enfiei o capacete. Não conseguia fazê-la pegar. Minha perna parecia feita de trapos, resultado talvez de meu medo de pilotar motos, adquirido há alguns anos.
Mas não havia tempo para hesitações. Consegui fazê-la pegar na terceira tentativa e o som do motor parecia o de um animal enraivecido, ferido e principalmente velho. Fiquei olhando para a estrada à minha frente.
Parecia uma fina cobra enroscando-se na serra. Uma descida íngreme. De um lado o paredão de pedra, do outro o vazio. Não tinha medo da altura, mas qualquer descuido ou me chocaria contra o paredão ou flutuaria no vazio e até o ponto que eu sabia não tinha asas, então era lógico que eu estava com medo.
Engoli em seco e fiz uma prece silenciosa e parti na estrada. E tudo o mais parecia um borrão enquanto descia velozmente e sem muito controle. Uma vozinha em minha cabeça gritava que eu iria me arrebentar nas curvas, mas eu não conseguia mais parar.
Pareceram minutos, e eu avistei ao longe um farol. A chuva caia torrencialmente, mas eu já não tinha qualquer controle. Só sabia que tinha que chegar ao meu destino.
No momento que avistei o farol e a outra moto no sentido oposto, meu coração deu um salto e quase parou. A estrada era estreita. Eu ia bater. Tentei parar e a moto guinou na lama e caiu me arrastando.
Sentia os ferros em cima de mim, quando me vi livre do peso ouvi o barulho de algo caindo no vazio. Agarrei-me instintivamente a algo. Vi então a cena com mais clareza, minha moto acabava de despencar abismo a baixo. Eu estava pendurada, agarrada a uma raiz com o vazio abaixo de mim. Não conseguia gritar, tudo parecia muito rápido. Comecei a tentar escalar pela raiz, mas minhas mãos escorregaram e meus pés dançavam no nada sem controle.
E então no instante em que a raiz escapava de minhas mãos, algo agarrou o meu pulso com força. Fui puxada para cima e caí na lama com um estranho torpor no corpo. Os olhos cerrados. Precisei de um momento para voltar a respirar normalmente, e foi quando notei a presença de alguém em minha frente.
Tiraram meu capacete e a chuva voltou a molhar meu rosto.
Alguém me arrastava para longe do penhasco. Abri os olhos no instante em que me encostaram no paredão. A pessoa estava agachada à minha frente, me olhando por trás do capacete negro. Usava um macacão de MotoCross. Olhei para o bolso da roupa e vi então o par de asas bordados em linha branca no tecido azul escuro.
Ele estendeu-me a mão enluvada sem nada dizer e ouvi um barulho ensurdecedor e irritante.
Acordei em minha cama, com o suor pregando em minha roupa. Fazia um calor insuportável e meu celular tocava insistentemente.
A chuva fina escorria por meus cabelos que insistentemente grudavam em minhas costas e testa. Por baixo dos jeans puídos e da camiseta que provavelmente um dia fora branca eu tremia de frio. Meus pés estavam atolados na lama barrenta que não permitia que eu caminhasse normalmente.
Saí da beira do penhasco, temendo que o vento me empurrasse para as profundezas e segui para a colina de pedras que margeava o outro lado da estradinha de terra. Minha mente não estava tão confusa agora. Eu sabia o que tinha que fazer: tinha que alcançar a estrada principal que me levaria à cidade mais próxima e havia urgência nisso, alguém precisava de ajuda e eu era a responsável por consegui-la.
A moto enlameada estava recostada no paredão, como eu havia provavelmente deixado. O capacete velho, de uma cor próxima do vermelho estava no banco. Subi na moto, tremendo ainda e enfiei o capacete. Não conseguia fazê-la pegar. Minha perna parecia feita de trapos, resultado talvez de meu medo de pilotar motos, adquirido há alguns anos.
Mas não havia tempo para hesitações. Consegui fazê-la pegar na terceira tentativa e o som do motor parecia o de um animal enraivecido, ferido e principalmente velho. Fiquei olhando para a estrada à minha frente.
Parecia uma fina cobra enroscando-se na serra. Uma descida íngreme. De um lado o paredão de pedra, do outro o vazio. Não tinha medo da altura, mas qualquer descuido ou me chocaria contra o paredão ou flutuaria no vazio e até o ponto que eu sabia não tinha asas, então era lógico que eu estava com medo.
Engoli em seco e fiz uma prece silenciosa e parti na estrada. E tudo o mais parecia um borrão enquanto descia velozmente e sem muito controle. Uma vozinha em minha cabeça gritava que eu iria me arrebentar nas curvas, mas eu não conseguia mais parar.
Pareceram minutos, e eu avistei ao longe um farol. A chuva caia torrencialmente, mas eu já não tinha qualquer controle. Só sabia que tinha que chegar ao meu destino.
No momento que avistei o farol e a outra moto no sentido oposto, meu coração deu um salto e quase parou. A estrada era estreita. Eu ia bater. Tentei parar e a moto guinou na lama e caiu me arrastando.
Sentia os ferros em cima de mim, quando me vi livre do peso ouvi o barulho de algo caindo no vazio. Agarrei-me instintivamente a algo. Vi então a cena com mais clareza, minha moto acabava de despencar abismo a baixo. Eu estava pendurada, agarrada a uma raiz com o vazio abaixo de mim. Não conseguia gritar, tudo parecia muito rápido. Comecei a tentar escalar pela raiz, mas minhas mãos escorregaram e meus pés dançavam no nada sem controle.
E então no instante em que a raiz escapava de minhas mãos, algo agarrou o meu pulso com força. Fui puxada para cima e caí na lama com um estranho torpor no corpo. Os olhos cerrados. Precisei de um momento para voltar a respirar normalmente, e foi quando notei a presença de alguém em minha frente.
Tiraram meu capacete e a chuva voltou a molhar meu rosto.
Alguém me arrastava para longe do penhasco. Abri os olhos no instante em que me encostaram no paredão. A pessoa estava agachada à minha frente, me olhando por trás do capacete negro. Usava um macacão de MotoCross. Olhei para o bolso da roupa e vi então o par de asas bordados em linha branca no tecido azul escuro.
Ele estendeu-me a mão enluvada sem nada dizer e ouvi um barulho ensurdecedor e irritante.
Acordei em minha cama, com o suor pregando em minha roupa. Fazia um calor insuportável e meu celular tocava insistentemente.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Retorno à superfície
Quis ser tantas, para ter o direito de ser eu . Perdi, e me perdi. Rasguei poemas dos cadernos, e pessoas dos pensamentos. Torturei-me com o som do silêncio, achando que tinha perdido minha voz. A verdade é que quis beber a vida de um gole só, e foi demasiado.
Quis agir melhor quando fiquei parada, e quando mais precisava falar me calei. Eu quis não ter arrependimentos, e ganhei mágoas. Achei que profanava uma paz que não existia na verdade. Achei que havia alguém ao meu lado, mas quando cai não vi nenhuma mão, nenhuma palavra. Estava só, e consciência da solidão se sobrepôs ao engano.
Quando eu gritei ninguém me ouviu, então calei-me. Mas as palavras giraram ao meu redor, me enlouquecendo, querendo ser cuspidas. Não sei se chegaram aos ouvidos de quem chamo.
Caminhei sozinha, machucada por velhas batalhas, em um corcel ferido ,empunhando uma lança enferrujada. E estava em busca de algo sem qualquer definição, e quando o achei valeu tudo a pena.
Quis verdades que não deveriam ser ditas, e elas quase me despedaçaram. Rejeitei ignorâncias que teriam me deixado em minha zona confortável. Queria ir longe. Quero!
Quis uma cura, e só consegui um novo ferimento. E uma cicatriz que ainda dói quando toco e pulsa.
Quis olhar no espelho e entender aquela à minha frente. Mas tudo continua ainda complicado demais. Crescer é complicado. Mas continuar presa e tentar enganar o tempo, e ver tudo mudando, se sentir uma fotografia estática, amarelando e se destruindo em lembranças. Então corri, e continuei sempre caindo, e me erguendo, e buscando uma mão de apoio ou uma voz "segue em frente!"Até perceber que eu que tinha que falar isto. Precisava me erguer só.
Lorem Krsna
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Refletido
Quando passei por esse caminho não era mais do quê um projeto da tua ilusão.
Não sou como me vês.
Minha imagem se projeta, refletida em teu castelo de vidro.
O que vês é mera superfície,
de algo tão profundo que eu mesmo desconheço aonde chega.
Lorem Krsna
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Musicalidade
Gosto de música brasileira. Na verdade nosso país possui artistas excelentes no ramo musical. Estava preparando uma seleção de músicas para acompanhar-me em uma tarde de estudos (hábito adquirido recentemente, embora goste igualmente do silêncio em certas ocasiões.),e quando a visualizei pronta percebi que havia colocado somente artistas nacionais.
Orgulhei-me da seleção. Gosto bastante de música internacional, e neste ano em particular ouvi bastante artistas ingleses, norte-americanos, italianos e japoneses. Quem olhar a seleção da trilha que ouvi em 2010, que postei recentemente neste blog percebe isso, essa variedade. Mas nunca a música brasileira esteve tã o presente, e de maneira tão eclética, não só em meu dia-a-dia, mas nos aperelhos de mp3 de muitos outros brssileiros, e de variadas idades. Dois de cada quatro adolescentes com quem converso gostam de algum músico nacional em especial. Infelizmente os outros 50% tem preconceito com a música brasileira, talvez por não tê-la ouvido realmente e com a mente aberta, ou não ter boas referências. Mas claro, esta é uma pesquisa feita em meu pequeno circulo de relações.
Tenho ouvido artistas dos quais ouvi sempre meu pai falar, e por um bom tempo não interessei-me em apreciar. Agora vejo o que estava perdendo. Dentre estes estão Fagner (em especial retrovisor e deslizes) e Zeca Baleiro (Azulejo e palavras, além da versão maravilhosa da canção proibida pra mim). Oswaldo Montenegro, Djavan, Nando Reis, Renato Teixeira, Lênine, Antônio Marcos (Como vai você),José Augusto (Casinha Branca) e o rei Roberto Carlos (Detalhes, falando sério, além do horizonte).
Lulu Santos, Leoni, Adriana Calcanhoto, Vanessa da Mata, Jorge Vercilo, armandinho(uma noite que se vai e ursinho de dormir) e Zélia Duncan foram igulamente hábitos aprendidos recentemente, e dos quais não me arrependi.Ainda há outros dos quais já gostava, mas agora consigo melhor apreciar devido há um amadurecimento musical adquirido de minha parte, como Legião Urbana, Tim Maia, Cazuza (o poeta está vivo e codinome beija-flor), cidade negra (em especial querem meu sangue) dentre outros.
Recentemente conheci também teatro mágico, e pude aproveitar bem eu não sei na verdade quem eu sou, realejo e a bailarina e o soldado de chumbo.
Há os ritmos mais diversos, como a alegria ao ouvir Falamansa (meu pé fica batendo sem que eu queira! hehe), o romantismo de Raça Negra (minha mãe me ensinou a apreciar), a irreverência de Zeca Pagodinho, bandas mais jovens, como dibob e fourfan. Claudinho e buchecha e Pepê e Néném também não faltam em minhas seleções, são músicas que ficam em nossa mente sem que nem ao menos percebamos. Ouvimos uma vez, e de repente estamos cantando!
Enfim, a música brasileira é tão diversificada, misturada. Como o próprio povo de nosso país o é. E a cada dia vem surgindo artistas bons , e vem abrindo espaço, invadindo nossos aparelhos de som. Há claro, artistas de gosto duvidoso, mas isso há em qualquer lugar. Minha mãe sempre diz que antigamente "precisava-se de voz e talento, e hoje apenas rebolar em cima de uma palco"(sic). Há excessões, claro. Ultimamente, sempre que saio as ruas, acabo ouvido músicas novas,( algumas boas, e outras que não me agradam), e brasileiras. Aprendi a valorizar isso.
Findo este texto ao som de Lulu Santos, e faço minhas as suas palabras da canção certas coisas:
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