Acordei com o barulho das passadas ritmadas no cascalho, e a cantoria ainda ao longe.
Abri meus olhos e o sol que penetrava por entre as folhas cegou-me por um breve instante. Senti algo úmido passar sobre meus dedos e puxei a mão com susto levantando-me de supetão. Reprimi um grito de susto na garganta ao ver a criatura que lambera minha mão: um lobo.
Um grande lobo cinzento que encarava-me com um olhar enigmático e estranhamente... Humano. Ele ganiu e deu meia volta, chamando-me em direção as passadas cada vez mais próximas. Com a mente confusa, caminhei em seu encalço e então cheguei a uma estrada me vendo em meio a uma grande procissão.
Eram dezenas de pessoas, vestidas de preto a cantarem. O lobo caminhou por entre elas surpreendentemente sem ser notado, e pensava sobre isso até notar que tão pouco era vista também. Estava lá como mera espectadora de algo que ainda não entendia ao certo.
O lobo uivou em coro ao canto, e olhei o caixão levado a frente, notando uma garota de rosto coberto que chorava copiosamente. A dor dela parecia ecoar em algo dentro de mim, e sem suportar olhar por muito tempo procurei novamente o lobo por entre a multidão que passava, e então o vi ao lado de um rapaz que punha a mão em seu dorso da outra extremidade da estrada, igualmente a mim na margem, ele passou o olhar da garota que outrora eu também observava e encarou-me em um instante de confusão. Seu olhar era estranho... De um modo que não conseguia entender.
O lobo cinzento uivou longamente, e a procissão passava sem parecer notar a nós três.
No terceiro uivo do lobo, um grito ecoou da garota à frente...
Continua...
Lorem Krsna
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Dúvidas? Indagações? Palpites? Ideias? Epifanias?
Só para comentar mesmo?
Tudo bem!
A vontade!
Aberta a opiniões.
A agradeço a sua visita ao anjo sonhador.
Espero que volte sempre que quiser, serás bem-vindo.