Ele era um sonhador. Carregando no rosto o sorriso bobo, e
nos bolsos a pretensão de que iria mudar todo mundo. Falava sobre o
capitalismo, as revoluções internas e o futuro incerto.
Ele queria ser estrela do rock e líder político, andando na
corda bamba da geração coca-cola. Falava sobre religião e corações partidos.
Sair com a galera e casamentos a distância. Eu achava graça em tudo, pensando
em bandeiras e saltos. Na faculdade e em sair de casa para cuidar da minha
vida. Publicar um livro aos trinta, fazer algo importante e reconhecido antes
dos quarenta... Algumas loucuras antes dos vinte, viajar, conhecer pessoas,
reencontrar pessoas... E era tudo tão
tolo e tão bonito. Era tudo tão incerto, como uma brisa fria e passageira que
vem para aliviar os tempos difíceis.
E onde estará você agora? Realizou o que sonhava? Deixou seu
rastro por aí?
Penso nisso de vez em quando. No quanto as coisas foram
diferentes, e ainda assim seguiram um rumo, não reto, mas curvo. Escalando,
sempre e sempre... Será que vamos ainda nos encontrar do outro lado dessa
montanha?
Sim, tenho pensado nisso. Andei apagando umas fotos antigas,
revirando o passado, tirando a poeira dos móveis, jogando algumas coisas
fora... Já era a hora, você diria. De se livrar do peso morto e seguir em
frente.
Vou me lembrar de você. Sempre que ouvir aquela banda de
rock, aquela melodia da Marisa Monte, que alguém falar dos velhos filósofos e
das noticias do circo armado no senado. E vou me recordar daquela velha poesia,
das vezes que a gente pensava que iria revolucionar o mundo...
Por que não podia ser diferente Poeta.
Você mudou algo em mim, e não vou esquecer.
Lorem Krsna
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