Estou em meu momento sentimental. Podem rir, ando mesmo chorando e suspirando por qualquer motivo. Ando dispensando minhas lentes de aumento para ver os detalhes das coisas: só as sinto pulsar.
Ando mesmo cansando de tentar enxergar todos os lados, de inventar as mil desculpas. Estou aceitando, enfim, a irrevogável situação, de que todo mundo, em algum momento, se comporta como um tolo.Se é, que é realmente uma tolice sentir a flor da pele, remover todas as camadas e se deixar levar. Se sentir sensível e exposta, vulnerável, com uma seta néon no calcanhar de Aquiles. E até o medo da flecha é libertador.
É bom chorar quando se tem que chorar. Quando se acumula a sua tempestade interior. Eu tenho muitas tempestades interiores. Na verdade, dentro de mim se encontram calamidades naturais frequentes, mesmo que veja apenas minha cara de paisagem. E é diferente a situação de lançar uma tempestade para fora finalmente. Ir de uma gargalhada cuidadosamente contida, a um choro convulsivo, libertando todas as feras. Xingar, sem a menor elegância.
Talvez essa seja uma porta temporária aberta, onde liberto meu anjo e meu monstro. Onde posso dar aquele beijo, ou aquele tapa. Onde posso largar a dormência fria e letárgica, e cair no olho do furacão do sentir. O perigo, agora vejo, é o prenúncio da explosão. Aquele instante onde ninguém sabe qual sera o tamanho do estrago. Depois que ela ocorre, a gente só recolhe os pedaços. As vezes o prenuncio da dor é pior do que a dor. As vezes o prenuncio do amor é bem melhor do que o amar. As vezes você deixa mesmo correr sua fraqueza, deixa vazar um pouco da água, ou a represa explode.
É isso. Está cheio demais. Que saia um pouco. Apenas deixa fluir.Apenas deixa explodir. Depois, vamos aos estragos.
Lorem Krsna
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