Esse negócio que as coisas não mudam com a distância não existe. As coisas mudam sempre, toda hora, todo segundo. Você nunca vai ver a mesma coisa, ser a mesma coisa. A distância, o tempo, e as ações entre eles, tudo muda as pessoas, os lugares, os sentimentos.
Como muda, já é uma questão diferente.
Mas isso de 'nada vai mudar' não chega nem a ser uma piada, na verdade é uma ilusão.
As pessoas mudam, e as pessoas fazem as coisas acontecerem, logo essas coisas mudam. É para ser simples.
E não falo apenas da distância física. Uma pessoa pode estar a seu lado, e estar longe demais. Você a via todo dia, passa a vê-la esporadicamente, e um dia ela some da sua vida, mesmo estando lá. Por isso existem amizades e amores de temporadas. E o engraçado, é que nunca temos garantias de quantas temporadas tudo irá durar. Não temos noção exata do quanto as pessoas realmente se gravam em nossos corações. Aquela pessoa que hoje você vê todo dia, conta tantas coisas, ri por tudo, em anos, pode se tornar um estranho, mais alguém que mudou e se foi com uma temporada. E então, quem você menos esperava, vai estar lá.
Eu vou estar tanto tempo longe, e não sei o que vai me esperar quando voltar. Apenas sei, que nada vai estar igual. Algumas pessoas, já sei que não estarão lá. Outras, pressinto que estarão lá, mesmo estando longe. Outras, tenho certeza que por mais que tudo mude, que elas mudem, irão estar presentes em cada temporada, como sempre estiveram. Diferentes, novos cortes, novas cores, mas serão elas. Algumas, não fisicamente. Outras, logo sei que não passarão de estranhos. As temporadas foram, e eles se foram com as suas em novas vidas.
E isso é tão peculiar. Triste até. Você não saber o que, ou quem estará sempre esperando por você. Tendo apenas vagas ideias. Apenas tendo a certeza da constante mudança. Apenas sabendo que que o amor, amizade, sentimentos, laços são maleáveis e se esticam e se transformam, mas dependendo da distância (nem sempre física), eles podem mesmo arrebentar sem volta alguma,sem chance alguma de reconstituição de como um dia foram.
Lorem Krsna
(Da tua retina)
Ao ler o que escreves neste texto não consigo parar de pensar na filosofia de Heráclito: a lei do “tudo flui” e sua “doutrina dos contrários”.
ResponderExcluirPensar na realidade e na sua dinâmica transformativa é como passamos a enxergar a vida como um ciclo: pessoas nascem, crescem e morrem; está lá, sempre soubemos disso, mas a academia e a família (nossas bases educacionais) não nos ensinam sobre como devemos agir em relação a isto. O nascimento e a morte - este mais do que aquele - são fenômenos intrigantes, dois mistérios absolutos, quer dizer, a ciência pode explicar porque ou como nascemos e porque morremos, mas isso não responde a questão absoluta: “de onde viemos e para onde vamos”.
Aceitar a vida como um processo de mudança é uma coisa, viver isso em sua mais primordial essência é uma coisa bem mais complexa do que se pode sugerir inicialmente.
Não existe injuntivo que nos mostre o caminho. Viver é um processo de mudança, no final, somos apenas personagens entre épocas, fazemos nosso papel, alguns se lembrarão de nós por algum tempo, outros não, mas no final, sempre vamos ceder nosso lugar a outros atores e cumprirmos nossa tarefa de sermos esquecidos e de esquecermos.
Entretanto, podemos escolher lembrar e sermos lembrados, tudo é uma questão de legado. Aquele que se foi e se deixou ser esquecido, não viveu para ser lembrado, não construiu sua história, apenas passou pela vida; quem se dá ao luxo de apenas “passar” pela vida (sua e dos outros) merece o esquecimento como coroa de sua “obra”.
A verdade é que há pessoas que, pelo simples fato de você olhar para elas uma única vez na vida, já te causa o prejuízo de perder algo que você nunca terá de volta, SEU TEMPO.