Thomás Freud é um penultimo filho, mais velho que eu apenas dois anos. E por esta pouca diferença de idade, andavamos (ou aprontavamos) sempre juntos quando crianças. Era meu companheiro nas histórias de bruxas e guerreiros. Éramos indios, radialistas, naufrágos... Passávamos tardes enfrentando monstros.
Foi ele quem me ensinou a jogar xadrez (pena que eu perco tanto para ele), dar um soco digno e a falar palavrão. Me incentivou a escutar boa música, e a aprender a tocar violão. Foi o único com paciência a me ensinar a andar de bicleta (o que lógico que não deu certo), a nadar (o que também foi um perigo) e foi o primeiro com coragem o suficiente para colocar um carro em minhas mãos, e ainda corajosamente permanecer no banco do carona, firme, diante do perigo eminente.
Todos o que me conhecem sabem do orgulho que sinto, apesar dele ser mulherengo e tão estressado as vezes.
Para se ter uma ideia de como é o Thomás, aconteceu algo que resume sua personalidade.
Na época, ele trabalhava numa firma, tinha 18 anos. Na ocasião havia ido para outra cidade e recebido o salário. Fora há uma restaurante, e quando pedia apareceu um garoto que vivia nas ruas, pedindo resto de comida aos fregueses. Alguns o ignoravam, e muitos eram mesmo grosseiros. Meu irmão chamou o garoto e pediu que sentasse com ele. Perguntou o que ele queria comer. O menino ficou surpreso, ressabiado. O garçom torceu o nariz, para o menino sujo, mas o que ele podia fazer?
- O que você quer comer? - meu irmão perguntou.
- Qualquer coisa - o menino respondeu timidamente.
- Qualquer coisa não tem. Quer frango?
- Quero!
- Pois traga dois almoços, com frango por favor - Pediu ao garçom.
O garoto comeu, dividiram uma coca.
- Quer mais alguma coisa?
- Não! To satisfeito!
- Pois pronto.
Não é todo mundo que faz isso. Quando perguntei o porquê, ele simplesmente falou que estava com o dinheiro, podia pagar, por que não pagaria?
Coincidência ou não, dias depois meu irmão ganhou uma bolsa de estudos para a faculdade que tanto almejava, no curso que queria e foi morar em Olinda, somente com a cara e a coragem, sem ao menos nunca ter ido lá.
Aos bons, o que é dos bons.
Eu sei, tenho um pressentimento, que meu irmão é capaz de ser grande, muito maior do quê qualquer um que eu conheça. Ele quando quer algo, corre atrás, sempre mantendo a dignidade, e isso é raro hoje em dia. É raro alguém com os pés no chão e a cabeça nas estrelas, que brilha sem tentar ofuscar a luz de ninguém. Ele é assim. E só se encontra pessoas assim poucas vezes na vida.
Lorem Krsna
Lorué falou e disse, tirando o mulherengo, sou menino direito rapá. Obrigado pela homenagem. Gostei da parte de dar um soco digno e lembrei do dia que tu cantou pneu no gurgel.
ResponderExcluirjusto.Mas tira o mulherengo!
ResponderExcluirFelicidades Freud.
abraço!
É Thomás, sempre lembra da cantada de pneu no gurgel né?
ResponderExcluir- Lorem, aperta o freio!
- To apertando!
- Não, isso é o acelerador!!!
kkkkk
É cada uma...