Nós amamos a mentira reconfortante. Pode parecer hipocrisia, ou simples carência, mas eu gosto de vez em quando de uma mentira para me fazer sentir melhor. Eu até minto para mim mesma, olho no espelho e despejo tudo, vomito inverdades, até que elas se convertam em verdades. Só falta mesmo elas acontecerem para mim.
Há dias que a sinceridade me irrita, as porcentagens, os tiros certos. Eu amo quando a flecha desvia e acerta onde menos se espera. Dizem os sinceros, que ela errou a trajetória, eu prefiro dizer que ela mudou de ideia e seguiu novos rumos.
Eu vivo minha vida como uma flecha mudando de ideia. E gosto dos lugares não planejados que ela acerta.
Eu odeio palavras com sentidos certos e únicos, duras e diretas no ponto. Eu gosto mesmo de passar horas imaginado significados, em uma tortura lenta e não pensada. Eu sempre vou buscar significado nas pequenas coisas, mesmo simples. E eu sempre vou mentir sobre elas. Mentir e mentir até achar que elas podem ser o que acredito.
Odeio quando me diziam coisas certas da maneira errada e coisas erradas da maneira certa, preenchendo de brilho e cor o caminho da tentação. Eu sou humana, afinal. E todos essas pequenas coisas irritantes chamadas sentimentos eu tenho aos lotes. Eu amo, eu odeio, eu desprezo, eu guardo silêncio. Eu sinto medo, insônia e finjo que está tudo bem para não falar porcarias por aí. E claro, finjo que entendo quando não entendi nada. Finjo que não foi nada quando estou fervendo por dentro. E explodo - e como explodo - nas horas mais impróprias.
Eu nunca sei quando estou apaixonada, até estar desenhando corações.
Eu nunca sei que estou amando, até passar a odiar a pessoa.
Eu nunca sei o que vem até mim, até estar no olho do furacão.
Eu nunca sei quando parar de esperar demais, de confiar demais. De esperar que leiam o que desejo nas entrelinhas, entendam por trás de meus pretextos. Nunca ninguém sabe quando estou feliz, triste ou constipada. Para todos, sou a mesma coisa e sempre, por dentro, nunca sou a mesma por dois segundos.
Talvez eu precise de terapia - Quem não...
Talvez eu precise de apenas um amor conturbado - Quem nunca...
Talvez, eu precise apenas que mintam mais vezes para mim -Quem dera...
Talvez, eu precise de verdades menos duras - Quem sabe...
Talvez eu precise apenas de alguém que saiba ler menos o texto, e preste atenção nas mensagens subliminares.
Eu nunca sou mesmo o que pareço, ninguém é. Todos nós somos apenas verdades inventadas. Flechas mirando e mudando de trajetória.
Lorem Krsna - Desabafo,eu sei