terça-feira, 30 de julho de 2013

Testando a paciência da Krsna


Manhã calma no banco.
Superando o meu quase pavor de resolver burocracias, fui como uma boa menina crescida resolver problemas com minha conta no banco. Por que não há nada mais agradável para uma pessoa hiperativa, do que enfrentar na segunda-feira de manhã uma fila gigante.
Chegando, qual minha surpresa, com a fila das senhas vazia? Saltitante, peguei meu número e subir ao primeiro andar, extasiada. Chegando lá, minha vontade foi de correr chorando pra casa (ta bom, parei de exagero). Imagino que é assim que as pessoas se sintam na bolsa de valores. Fiquei cinco minutos atordoada no meio da bagunça, me perguntando porque metade da população da cidade estaria fazendo no banco em uma segunda pela manhã. Consegui encontrar minha mesa, me espremer entre uma mulher de blusa amarela transparente e uma senhora de vestido florido e começar meu martírio da espera.
Se você tem TDH, não vá a um banco resolver burocracias. Faz mal.
A menina de amarelo precisava de uma frenectomia labial, e depois fechar o diastema anterior. A senhora de vestido florido provavelmente precisava trocar a prótese, que teimava em escapar quando ela falava. O cara do final da fila tinha mordida aberta, e o sujeito sendo atendido pela moça da mesa 7, era prognata...
Abaixei a cabeça de imediato, desconfortável. Mania um pouco vergonhosa de estudante de odontologia aquela. Resolvi mudar o pensamento. Um minuto depois, vi uma mulher que arranhava a perna sem parar, a outra, aparentemente comia seu próprio cabelo, e o terceiro senhor na minha fila olhava cada bunda que se levantava. O menino ao lado da moça de blusa amarela puxava sem parar o lóbulo da orelha entre os dedos, e uma mulher muito bonita de roupa social parecia ter passado a noite chorando.  Levei um chute de uma criança ao lado que chupava o dedo e me acordou dos devaneios , e me vi tentada a dizer que se ela continuasse com aquele  hábito de sucção não nutritiva poderia desenvolver mordida aberta...
Certo, parei.
Continuei batendo o pé impaciente, quicando na cadeira, olhando a senha sem parar. E ai começaram as tentativas de puxar assunto, que sempre ocorrem. Como antissocial em um dia ruim, respondi com “aham” e “é mesmo”, incentivando uma conversa que nem ouvia. Quando fui chamada, claro, gaguejei quando fui dizer o que queria (meu pavor agindo), e quando finalmente expus a situação, recebi outra senha, para outra mesa, com 45 pessoas na minha frente.
Sério, fui quase chorando para o outro lado da sala, sentando em um canto amuada. Com alguns minutos criei um enredo pra um conto, matei o personagem principal e desisti da história. Reparei que um menino bonitinho ao meu lado lia Machado de Assis. Fiquei atenta e quando reparei que em meia ora ele não virava a página pensei que ou ele tinha um déficit grande de atenção, ou descobriu o novo segredo para puxar assunto hoje em dia. Funcionou, a a garota atrás dele logo desenvolveu uma conversa sobre os clássicos brasileiros. No fim estavam trocando o número do celular. Menino esperto!
Outro casal atrás conversava sobre seriado, e terminaram com o menino falando sobre o grande amor da sua vida. Me senti intrusa e entediada e tentei mudar o pensamento, com a língua coçando quando pela terceira vez ele errou o nome de um personagem de série que eu assisto.
Minha mente divagou novamente, e imaginei uma história em que a moça da mesa 07, tinha um caso com o rapaz da mesa 08, mas era casada com o sujeito de olhos puxados da mesa 12... Estava na parte em que os dois eram pegos aos beijos pelo gerente quando alguém puxou assunto ao meu lado. A essa altura, estresse era apelido para o que eu sentia. Disse alguns ahams casuais, e na terceira vez que o sujeito me chamou de princesa fingi que cochilava para não descontar meu estresse em ninguém.
Proibido celular no banco? Ao menos oito pessoas atenderam. Dentre os toques, imperava Luan Santana, e um senhor de idade tinha um toque com a risada do Bob Esponja.
Tentei lembrar do alfabeto em grego, do meu vocabulário de francês, de patologias bucais...
Comecei a analisar as roupas, e conclui que mulheres são extremamente críticas. Quando finalmente fui chamada, depois de contar o número de luzes no teto, e o rapaz e a moça da mesa já tinha um casal de filhos e pediam a separação, tropecei na sacola de laranjas da senhora ao lado, e foi laranja para todo lado.
Resolvido o caso rapidamente, coloquei meu melhor sorriso “não estou estressada, faminta e nem seria capaz de jogar ninguém pela janela”, joguei meus cabelos cacheados para o lado no alto de meus 1,56 e fui ser atendida. Em menos de dois minutos fui despachada para voltar outro dia, o problema não poderia ser resolvido.
Ok. Esse é um blog livre, não irei baixar o calão aqui.
Só uma manhã calma no banco.

Lorem Krsna

    

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