quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Sinergia

A chuva era raivosa.
Talvez essa não fosse uma expressão comum de se ouvir. Chuva podia ser vida, ser tristeza, mas não raiva.
Hoje, para alguém como ele, era raiva. Tudo era raiva. O céu, o barulho, a sensação sufocante em seu peito, em seu corpo, como se estivesse preso em uma bolha tensa que explodiria ao mínimo toque e deixasse fluir tudo o que sentia, desde que tudo se tornou preto e branco.
Ele queria pensar que a chuva impiedosa fosse um castigo, contra a terra e contra todos, lavado a sujeira daquelas pessoas.
Por que ele odiava as pessoas. Elas eram mutáveis, não confiáveis, e sempre machucavam umas as outras. Não se podia esperar nada de bom delas, além de uma facada nas costas ou - pior- no peito.
Ele já tinha sido esfaqueado em todos os lugares. Não havia um lugar seu que não sangrasse, e no lugar do coração, não havia nada, só o buraco onde talvez se consiga ouvir até mesmo o barulho do vento passando.
Vazio, se não fosse a raiva.
Ele era um copo cheio dela, prestes a deixar vazar e causar uma enchente.



Lorem Krsna


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dúvidas? Indagações? Palpites? Ideias? Epifanias?
Só para comentar mesmo?
Tudo bem!
A vontade!
Aberta a opiniões.
A agradeço a sua visita ao anjo sonhador.
Espero que volte sempre que quiser, serás bem-vindo.

Vasculhe

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...