quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A tela em branco

“(...) a vida desperta é
Como um sonho sob controle”
George Santayana


Era sempre o mesmo sonho, durante anos e anos. As circunstâncias mudavam, o cenário e as pessoas, mas no fim era sempre o mesmo.
O nada ao redor, um deserto branco de uma tela não pintada. E eu ali ao meio, sem saber por onde começar. Passei anos sem reparar neste fim, por que quando recordava das guerras noturnas, os meios eram bem mais intensos. Verdadeiras lutas no inconsciente, que não fazia ideia de como começavam, comum a todos os sonhos.
Mas passei a reparar no fim. E os fins, os fins são mesmo sempre iguais, como se caísse em uma porta do subconsciente vazia de ideias e pensamentos. Sem perspectiva. E era quando acordava confusa, sem saber onde estava. Entre sonho e realidade.
E tantas vezes, acordada, me sinto assim.
Há momentos em que perco o rumo e a meada. Planos que beiram o pó, sem fé. Nada a que se agarrar. Nenhuma ideia. Preciso então encontrar os vestígios de algo maior em tudo, e meus medos ficam sem sentido. É como temer o escuro ao redor, e de repente perceber que o escuro a temer é o que está dentro. Uma mão pousa em mim, e apesar de tanta porcaria no mundo, ainda existe algo de bom em algum lugar, talvez tão perto que ninguém perceba. Existem opções.
Há uma razão. Começo a perceber. Uma tela em branco precisa de tinta, de ideias e ações. De um pintor hábil.
Se eu não acreditar que vale a pena tudo o que faço, o que sinto, talvez tudo o que exista em mim se resuma a este nada.
A fé em si mesmo faz coisas incríveis, pois é análoga a fé em algo maior. Te faz pintar um quadro maravilhoso em uma tela pequena.

Lorem Krsna

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