quarta-feira, 13 de outubro de 2010

_naturezas humanas_

"Eu não entendo o que faço (...) não sou mais eu que pratico a ação, mas o pecado que habita em mim (...). Pois o que faço não é o bem que quero; não, o mal que não quero fazer - isto eu continuo fazendo (...). Verifico a vigência
Desta lei: Quando quero fazer o bem, o mal está comigo (...). Eu me comprazo na lei de Deus, mas vejo outra lei funcionando nos membros do meu corpo, que declara guerra à lei da minha mente e me faz prisioneiro da lei do
Pecado (...). “Em minha mente sirvo à lei de Deus, mas na natureza pecaminosa sou escravo da lei do pecado”
Romanos 7:15-25
Fragmento da Epistola escrita Apóstolo Paulo a igreja de Roma.
Ano 57
   Recentemente fiz algo que não fazia a um tempo considerável: abri a Bíblia.
   Deixe-me explicar. Após um tempo, fiquei cética quanto ao sistema religioso vigente, porém nunca em relação a minha fé e crenças. Sou como todo ser humano atormentado por dúvidas. Sempre busquei uma maneira de conseguir um alívio, e se não respostas, ao menos teorias sobre as questões capazes de enlouquecer qualquer ser humano. Porém, recentemente descobri que ler o livro mais conhecido do mundo me faz levantar hipóteses interessantes, e causa-me sensações de alívio e paz. Não por seu valor propriamente simbólico a que muitos a atribuem, na verdade o que mais me atrai na Bíblia são os personagens mais humanos e pecadores, e a capacidade demonstrada de redenção de pecado, erros e culpa.
    Enfim, não é a aura de divindade que me leva a ler o livro sagrado, mais a humanidade vigente que ela pode representar, e seus temores mais profundos. As dúvidas que sempre nos seguiram, vejo no mesmo frágil humano procurando suas crenças.
    Ao abrir a Bíblia ao acaso, estava com este pensamento em turbilhão e relembrando uma conversa recente com uma amiga sobre as visões que cada ser humano cria sobre crenças, o céu e o inferno. Ela evangélica com uma fé inabalável e, tenho que admitir admirável. E eu, católica, mas desacreditada em muitos aspectos religiosos,  apegada as teorias cientificas, mas nem por isso sem permanecer com minha fé há um criador.
E após essa conversa, me ocorreu pensamentos sobre as diversas natureza do homem, e sua luta entre o bem e o mal, batalha que nos aproxima em igualdade desde que o mundo é mundo. E justo quando esses 
pensamentos redemuniavam-se me minha mente, deparei-me coma Epistola de Paulo, e a passagem acima.
    Desde que me conheço como humana, sempre que me deparava com a escolha entre o bem e o mal (sempre mais tentador.), aparecia à visão do céu e do inferno, pois assim aprendemos: os que praticam o bem terão o reino do céu, e os que deleitam-se com ao mal, sofreram a punição eterna. Então, sempre tenho a minha dúvida: e se a maioria das pessoas luta e escolhe o bem não por terem uma natureza boa, mas sim pelo temor à punição. Eu mesma como pobre ser humano na batalha entre minhas naturezas, opto muitas vezes pelo bem por medo. Sim, temor não pelo céu e o inferno, mas pela culpa, e (tenho que admitir) pelo julgamento. Isso faz de mim prisioneira do pecado?
Até que ponto seremos nós, pessoas boas que fazem o mal, ou pessoas essencialmente ruins que vêem na prática do bem apenas uma forma de autobenefício? 
Até que ponto as leis, sendo elas as de Deus ou as da sociedade nos refreiam em nossa natureza pecaminosa, ou ao contrário. nos impulsionam a ela?
    De todas essas especulações (se é que se podem chamar assim), a única conclusão obvia que cheguei é que todos carregam o seu mal dentro dos porões escuros de si mesmo, e quando este não é levado à luz, floresce na escuridão. Tanto o bem como a mal precisam da luz do esclarecimento. Afinal o que é o bem? O que é o mal? Nem sempre isto está tão claro. Os dois confundem-se e entrelaçam, pois sempre estão lado a lado.
E mais, seja o vendedor da esquina, a garçonete no bar, o padre e a senhora de chapéu sentada no primeiro banco da igreja todo domingo, todos tem em comum o fato de serem pecadores.
    Cheguei mesmo à conclusão que não adianta rezar seis vezes ao dia e permanecer com seu mal escondido dentro do claustro escuro. Existe redenção sem arrependimento? Mas poucos tem a coragem de colocar seus pecados na mesa para que a luz os mostre. Quem quer dar a face à bofetada? Podemos até comentar, dissecar o erro do vizinho, mas todos ainda terão seus tetos de vidro. E continuarão com seus bolsos carregados de pedra!
Paulo disse “quando quero fazer o bem, o mal está comigo". Sempre está. O mal sempre parece o caminho mais fácil, se não medirmos as conseqüências. E mesmo quando prático o bem, sem perceber estou visando mesmo é o prazer que irei sentir, pois é comprovado que ao praticarmos uma boa ação uma substância é liberada e causa a sensação de bem-estar. Resumindo: pratico o bem pelo autobenefício.
    Não digo que todos são essencialmente maus, e também não são essencialmente bons. Sem um, não haveria o outro, pois sempre há sombra onde brilha a luz. Em meio há tanto caos, enxergo pessoas que procuram manter sua integridade e fé, pois sabem que a redenção só existe onde há o pecado, e para se encontrar e necessário perder-se. Nosso corpo é prisioneiro de pecado? Talvez. Mas nossa mente é livre enquanto permitirmos que ela seja, e isso não refere-se à religião somente, mas a realidade, pois o bem e o mal são reais, porém não absolutos.
    O bem que eu quero fazer, o mal que faço sem querer. Qual destas naturezas predomina em mim? Quantas ações minha são genuínas ou por puro temor ao julgamento dos demais?
Ainda não encontrei a exata resposta que procuro. Mas nunca tive tanto consciência do mal e do bem que luto para fazer, pois o mal faço sem que ninguém precise me ensinar.
A única certeza que tenho perante a tudo isso, é que quando busco enxergar as marcas de um criador universal ao invés de procurar no caos que a humanidade instaurou o seu abandono, encontro a força necessária para arrancar o mal de escuro e o expor a luz. E nesse momento não temo julgamentos de terceiros, mas só o meu. Eu sei que posso aprender a fazer o bem mesmo com o mal sempre comigo. E aceitar que minha forma de ver as coisas pode não satisfazer a visão de outros. E ainda assim, aceitar. Estou aprendendo.
O ser humano tem essa capacidade maravilhosa de aprender.
Se sou mesmo o pecado que há em mim, dentro de mim tenho também forças para encontrar minha resposta, e talvez a redenção almejada.

Mal tenho 18 anos. É bastante tempo!

2 comentários:

  1. Um texto maravilhoso como muitos que você faz,este é um mesclado de todos ,pois aqui esta escrito o as duas partes da alma de todo ser humano,"Felizes os que encontram e seguem o caminho da verdade pois estes se arrependeram e serão salvos"
    O temor a Deus acredito que seja o que nos afasta de altitudes ruins,e quando conhecemos o bem e sua verdadeira natureza percebemos que em nós esta inserido a capacidade de amar até mesmo nossos inimigos.A pratica do bem nos da a sensação de paz infinita, eis que esta nos leva a outras atitudes do bem para nos da a certeza do bem que é fazer o bem e por conseguinte a obra nos levará a uma eternidade de luz a paz eterna.

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