sábado, 25 de dezembro de 2010
A marca da tristeza
Não sei se pode então enxergar a marca de minha tristeza, tão bem escondida em meu breve sorriso. As verdades pulsantes por trás de tantas ironias, que parecem me partir em tantos fragmentos na busca de encontrar o que sinto.
Quando grito, falo mal ou blasfemo contra o mundo, não é a atenção que busco. Quero me esconder, esconder a que sou de verdade, por trás daquilo que disfarço de força, mas que torna-se uma grande fraqueza. Agarro-me a todas as possibilidades, todas as máscaras tentando ser o que mais detesto em mim e por puro medo da verdade por trás de minha real face. Minha fragilidade estúpida e tão humana. E de repente fiquei boa demais nisso. Mas o maior risco de esconder-se, e acabar por perder-se.
Se às vezes eu canto meu canto desafinado é buscando sem fim o meu ritmo, por vezes tão tolo e infantil, mas só meu. E cuspo palavras que refletem no papel a minha verdade, batendo em muito de frente com meu "perfeito" mundo, me fragmentando e tornando-me da razão incontestável a um simples coração indomável, repleto dos cacos de minhas verdades partidas e de minhas notas repetidas.
Se digo que te odeio, é por que não entendo o que sinto. Aquilo que realmente não gosto me é indiferente.
Se não digo que te amo, é por que sou um ser falho, quebrado, preso em razões, que faz tantas perguntas e foge estupidamente das respostas. E não sei se isso tudo é a fuga da loucura, ou o caminho mais rápido para ela.
Se digo então que choro sem chorar, é que na verdade ninguém enxerga a real lágrima que flui em mim. Que é querer tanto ser racional, mas só ser real no descontrole, por que meus momentos mais felizes foram quando derrubei minha máscara e me deixei no ritmo da corrente para só viver.
Se agora não me enxerga, é por que nunca fui tão sólida, a invisível mais visível. Repleta de enganos e faltas, mas real e simplesmente humana. Guardem então suas forcas e archotes, pois aqui nada mais encontrará do quê o reflexo de si mesmos.
E assim, em minha busca não tão insana de fugir da prisão que eu mesma ergui, a verdade parece-me por vezes onírica, por que sou tantas em busca de finalmente ter o direito de ser simplesmente EU.
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