domingo, 23 de outubro de 2011

Sobre o morrer



 “Viver é uma espécie de loucura que a morte faz.” Clarice Lispector

A morte é uma coisa estranha, por vezes, até irônica. Faz-nos pensar que por mais que vivamos a fazer escolhas, na verdade o tempo todo só estamos sendo escolhidos.
A primeira coisa que devemos ter consciência é que tudo mundo morre, uma hora ou outra. Estamos todos morrendo, essa é a verdade, do mesmo modo que estamos todos vivendo. Mas claro que no fundo ninguém quer ter consciência exata disso. E é por isso que apesar da morte ser a companheira mais velha da humanidade ela ainda é uma celebridade tão polêmica. Ela não avisa nada, chega à maioria das vezes sem convite, e por mais que chegue sozinha SEMPRE sai acompanhada.
Quando morre alguém de modo inesperado, ele acaba por deixar tantas coisas inacabadas que realmente nos faz pensar se estamos vivendo tudo o que queremos viver, pois por mais que muitos não admitam, sempre cala no fundo aquela pergunta, a questão crucial: E se fosse eu?
Sim, e se fosse eu? Eu realmente realizei o que queria? Quem deixaria para trás? O que eu fiz que pudesse ser lembrada?
Por isso a morte, apesar de irônica, é tão surpreendente. Ela é capaz de mudar mais os que ficaram do que os que foram.
E no fim das contas você acaba percebendo que a morte pode ser ruim para quem fica para trás.
A morte é fácil.
Viver é difícil.

Lorem Krsna   

2 comentários:

  1. A dor maior aos que ficam...

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  2. As vezes é dificil conceber a finitude como proximidade, eu diria que chega a ser doloroso admitir que a morte está sempre a espreita, que o fim é sempre o começo de tudo...que ele vai chegar para qualquer um, no outono ou na primavera...admitir a finitude é como confessar-se inapto ou incapaz de controlar o destino, o que nos rodeia, é perder o sentido do devir, pois a angústia nos toma no nosso vir-a-ser-finito, no vir a ser inacabado e vulnerável. Bem, a morte para mim representa estranheza, eu me admito como alguém que prefere ignorá-la, que prefere fugir do seu significado onipotente...e sentindo-me esses dias tend que estar com ela próxima, de sentir a ausencia de um fim que não aceito, que não concebo...diria que estamos tentando nos entender, que estamos tentando compartilhar experiencias, não como amigas, como estranhas...e como diz Renato Russo "E o que sinto não sei dizer"...Lindo texto...a e me emocionei concordando plenamente, pois a morte deixa mais marcas e mudanças nos que ficaram, afinal os mortos nada mais poderão fazer, a não ser deixar o vazio do até mais...

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