domingo, 16 de junho de 2013

Vaga-lumes


“– Você gosta de vaga-lumes? –perguntou ao menino quando ele voltou do gramado. Na luz do poste viu o rosto afogueado, os olhos de gato brilhando.
- Aham! – falou com um balanço entusiasmado.
Bagunçou o cabelo vermelho do irmão, e os dois ficaram olhando por um tempo a dança brilhante pela praça vazia. Então seu pensamento começou a afundar aos poucos. Olhou pra baixo e viu que os olhos de Dan também estavam caídos em alguma melancolia dos sete anos.
- O que foi?
- Papai disse que eles morrem cedo. É tão triste, eles são tão brilhantes.
“Vida curta.” Aquilo lhe lembrava da conversa de Samanta, sobre mariposas. Olhou o pequeno apreensivo.
- Mesmo que a vida deles seja curta Dan, é cheia de luz. Você não acha triste uma vida no escuro, mesmo longa?
O menino ponderou, olhando para cima com a boca aberta. E então finalmente abriu um sorriso.
- Mamãe era como um vaga-lume.
Não pode não rir. Mesmo que ainda sentisse aquela pontada fina incomodando lá dentro. Olhou a dança na grama. Dan era sábio para uma criança. Elizabeth havia tido uma vida cheia de luz, brilho. Era iluminada. E tão breve...
- Acho que sim – sussurrou

E como resposta uma revoada brilhante brilhou mais forte. Talvez já alguns estivessem se apagando, mas no meio de tanta luz, nem dava pra ver. E era como se ouvisse as palavras: “Você nota melhor a luz no escuro Santiago. Mas também fica cego quando ela se apaga.”   

__ Lorem Krsna
Santiago & Samanta

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