domingo, 27 de maio de 2012

Inquietos- A morte e o amor.





" A morte é fácil. O amor que é difícil..." (inquietos)

Inquietos é um filme que trata de dois temas universais e que nunca saem de moda: morte e amor.
O personagem principal, Enoch (Henry Hopper, filho de Dennis Hopper (1936- 2010) a quem o filme é dedicado), é um rapaz que perdeu a fé na vida depois de uma tragédia, e  que tem como hobby assistir a funerais de estranhos. E é em um destes funerais que ele conhece Annabel (Mia Wasikowska, a “Alice” de Tim Burton) uma garota que é paciente terminal de câncer, com profundo amor pela natureza e mantenedora de uma fé admirável.
Ela gosta de Darwin, de pássaros e da natureza.
Ele vai a funerais de estranhos e conversa com um fantasma kamikazi.
E inicia uma amizade, que depois migra para o amor. Mas Annabel está doente, e irá morrer em três meses, e este é o tempo que eles têm para tentar fazer algo que valha a pena em suas vidas.
Enoch então resolve ajudá-la a fazer com que seu pouco tempo que resta seja divertido e valioso, procurando ao mesmo tempo nela a sua fé perdida e a certeza de que vida ainda vale a pena.


Enoch 

“- Quando eles morreram naquele acidente, eu fiquei três meses em coma. Acho que morri também por alguns momentos…”, Enoch

Vamos lá, você pode perguntar: Por que ele gosta de ir a funerais de estranhos? Bom, eu também me perguntei a mesma coisa e no decorrer da história vamos entendendo. Tudo começou por conta de uma tragédia, um acidente automobilístico em que os pais de Enoch morreram. Ele vinha no banco de trás, e ficou em coma por três meses. Quando acordou tudo havia mudado, e ele não havia conseguido ir ao funeral dos pais. Para Enoch, era como se ele não houvesse conseguido se despedir.  Então ele passa a ir a funerais de outros, por não ter conseguido ir ao dos pais. É como se ao ir a funerais de pessoas que ele não conhece, negasse a realidade de sua própria tragédia.
Mas o que ele busca nestes funerais só o deixa mais desesperado.  O que ele perdeu não há volta. E por isso ele sente raiva e dor. Raiva dos pais por terem o deixado, raiva da tia por culpá-la mesmo que indiretamente pela morte deles. Dor por pensar que do outro lado não há nada. Enoch é um ser quebrado pela vida, marcado pela perda e pela verdade de que a morte dói mais para quem fica.

"Temos tão pouco tempo para dizer as coisas que queremos. Temos tão pouco tempo para qualquer coisa."


Ele busca uma resposta e uma cura, mas ele não encontra isso nos funerais, mas em Annabel, ela serve como uma espécie de redenção, pois por mais que ele saiba que em breve irá perdê-la, ele busca fazer dos momentos em que estão juntos uma oportunidade de se despedir como deveria. De dizer que a ama, de fazê-la feliz, aquilo que ele não pode fazer com sua família. E bem que no começo você fica imaginando: ele não se aproximou da menina só para isso? Bem, afinal, ele te mesmo uma obsessão pela morte. Seja como for, no fim, nós acabamos percebendo o quanto ele a ama de verdade.
No decorrer da história ambos vão se descobrindo, como dois desajustados, vão buscando seu verdadeiro lugar no mundo e seu papel na vida um do outro.

Qual é a da Annabel?

“- Meus testes não foram muito bons. Tenho três meses…” Annabel
“- Você pode fazer muita coisas em três meses”, Enoch


Annabel é mesmo uma garota diferente. Ela tenta estar aberta para a ideia de que vai morrer em breve, e por isso procura tratar do assunto com naturalidade, que às vezes beira a estranheza. Ela está no passo da aceitação. Vemos bem isso em cenas como em que ela e Enoch escolhem o que irão servir em seu funeral.

"Se o fim é algo inevitável, a memória é uma forma de eternidade!"

Mas é mais do que isso. Annabel, na história, e o pássaro canoro de que tanto fala. O pássaro que pensa que irá morrer sempre que o sol se põe, e por isso, ao acordar pela manhã e se ver vivo, canta belas canções de alegria. Com Enoch, como ela mesmo falou, pôde contar belas canções todos os dias.
Annabel, de certo modo, é o oposto de Enoch, com um profundo amor pela vida e a aceitação de que a morte é algo inevitável, e por isso é tão importante você viver intensamente.

Hiroshi  (Ryo Kase)



Hiroshi é o fantasma de um kamikazi que também é um melhor amigo de Enoch. Ele funciona mais como a própria consciência de Enoch, e protagoniza algumas das cenas mais emocionantes do filme. Principalmente quando ele lê a carta que havia feito para sua amada, e que nunca entregou.


"Enquanto escrevo essa carta, a brisa do oceano fica gelada na minha pele. Esse mesmo oceano logo será meu cemitério. Dizem-me que morrerei como um herói, que a segurança e a honra de meu país será a recompensa de meu sacrifício. Rezo que estejam certos.
Meu único arrependimento na vida é nunca ter lhe dito como me sinto.
Queria estar em casa. Queria estar segurando sua mão. Queria estar lhe dizendo que eu amei você, e apenas você, desde que nasci. Mas não estou. Agora entendo que a morte é fácil. O amor que é difícil.
Quando meu avião mergulhar, não verei o rosto dos inimigos. Ao invés disso, verei seus olhos, como que rochas negras congeladas com a água da chuva. Dizem que precisamos gritar “banzai” ao atingir nosso alvo. Ao invés disso, sussurrarei seu nome. E na morte, como na vida, continuarei seu para sempre."

Enfim, inquietos é de fato um filme peculiar, e emocionante no tom certo. Que nos faz pensar na morte, na perda, no amor e principalmente na aceitação sobre o morrer e o perder. O próprio Gus Van Sant, diretor de inquietos o define de modo perfeito:

“ – É um filme sobre a morte, não depressivo, com muitos silêncios”

Recomendado!



Direção: Gus Van Sant
Elenco: Henry Hopper, Mia Wasikowska, Ryo Kase, Schuyler Fisk, Lusia Strus, Jane Adams
Citações do filme inquietos


Lorem Krsna





Para quem quiser conferir...


2 comentários:

  1. Oi, eu assisti o filme, e gostaria de saber se há livro também?

    ResponderExcluir
  2. Oi! Desculpe a demora na resposta!
    Infelizmente não há um livro :(

    ResponderExcluir

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