quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Carta de meus Vinte anos


 "Se agora não me enxerga, é por que nunca fui tão sólida, a invisível mais visível. Repleta de enganos e faltas, mas real e simplesmente humana. Guarde então sua forca e archote, pois aqui nada mais encontrará do quê o reflexo de si mesmo." Lorem Krsna


Caro estranho amigo


      Hoje me bateu uma vontade de escrever uma carta. Carta mesmo, no papel amarelado e na caneta de pena, com todo o jeito de antigamente. Eu sei que parece antiquado, mas há alguma coisas que nunca deveriam ficar no passado, e escrever cartas deveria ser uma delas. E eu sei que você deve ter uma opinião parecida, uma vez que sempre me pareceu meio perdido  nessa época, o que tornou tudo isso apropriado.
      Então, como disse, quis escrever uma carta, e já faz algum tempo que me acovardava nas tentativas, mas nos últimos tempos nesta cidade estranha que vem devorando tudo vejo na noite o som de violão nos bares da vida boêmia e tudo isso me lembrou de você, velho poeta de décadas passadas que sempre foi. E então eu sabia que deveria escrever, e se iria entregar ou não seria assunto para depois.
      Nestes dias faço vinte anos meu amigo. E não sou mais criança, adolescente nem mulher adulta. Não sou nada, um velho paradoxo meio destacado de todo resto. Não posso dizer que vivo infeliz, pelo contrário, as coisas em sua maioria acabam se arranjando em meio aos redemoinhos que bagunçam tudo, mas a verdade é que sou feliz e infeliz ao mesmo tempo, e sempre serei assim. Há algo em meu pensamento que me impede de experimentar o êxtase da total felicidade, mas creio que todos na verdade são assim. Tristes e Felizes.
     Gostaria de contar como anda minha vida, e aconteceu tanta coisa desde nossa ultima conturbada conversa! Faculdade, morar fora, responsabilidades e muitas decepções, acertos e enganos. Talvez isso resuma tudo, pois de resto "ainda me apaixono por tudo e não amo quase nada". Mas estou aprendendo a amar aos poucos, e a sofrer, e a viver nesta plenitude de emoções confusas. Você sabe, caro amigo, que sempre fui meio antiga demais, e continuo assim. Ainda prefiro receber flores e palavras, e detesto exibições gratuitas e a algazarra das grandes multidões. Por isso talvez seja um pouco triste vivendo aqui, em um lugar tão libertador que me prende dentro das quatro paredes do apartamento. Eu nasci para ser livre, para voar e não ser enfeite de estante...
       Mas enfim, faço vinte anos e não sei quase nada da vida, nem sei se um dia saberei de algo que me faça ter as respostas que procuro, como o porquê de tudo que aconteceu com nossa amizade, ou que caminho tomei para ter chegado a este lugar. Ou o porquê de não conseguir deixar de ser meio triste sempre, mesmo que o momento devesse ser pleno de felicidade. Talvez minha cabeça tenha uma sintonia diferente, dentro dos livros, da música e dos amigos tantas vezes também deslocados de tudo.
      Mas acredito que estou sendo feliz do meu jeito, e espero que você também esteja e assim fica tudo certo. O mundo continua a girar, as pessoas vivendo suas vidas, mentiras e verdades, envelhecendo, nascendo e buscando suas respostas ou fugindo delas. É, algumas coisas nunca mudam, mas outras mudam  cada vez mais, e vou me apegando a isso. Pois hoje me olho no espelho e não noto nada de diferente, mas sim, estou fazendo vinte anos e isto deve significar alguma coisa.

Abraços e saudade.
Com carinho

Lorem Krsna

DEZENOVE ANOS

DEZOITO ANOS 




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