quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Cemitério de carros


Outro sonho daqueles...

Estava em um gigante cemitério de carros, em meio ao nada. Para onde quer que olhasse, só via máquinas, das mais diversas épocas e gostos.Caia uma tempestade tremenda, e eu via relâmpagos iluminarem o céu totalmente nublado.Corri no meio dos carros, e não havia saída alguma daquele labirinto de ferro. Era tudo muito estranho ali,e após um tempo avistei também aviões despedaçados. Havia um velho caça, um mono motor, destroços do que pareciam atiradores da segunda guerra no mínimo, e um grande boing partido ao meio. Mas ninguém. Chamava e nada. Estava totalmente só, com a chuva me castigando.
Corri em busca de abrigo, e avistei um porsche  amarelo com a capota abaixada. Estava praticamente intacto, com excessão de um amassado em sua lateral, como se o tivessem castigado com um taco ou algo do tipo.Corri para lá e me enfiei tremendo em seu banco macio. Liguei a chave que estranhamente se encontrava na ignição e funcionou. Mas aconteceu algo ainda mais estranho: o rádio ligou sozinho, e os faróis e a buzina também deram o ar de sua graça sem serem requisitados. Tentei sair assustada, mas não consegui, estava trancada em um carro maluco, com complexo de Christine!E ainda por cima amarelo.
Quando olhei para frente então vi que já estava em alta velocidade por entre os ferros retorcidos dos aviões e carros destroçados. Agarrei a direção, tentava o freio e nada. Blasfemava alto e esmurrava, mas era em vão.
Quando então voltei a olhar para frente não estava mais no cemitério de automóveis, mas sim em uma pista mal iluminada. Ouvia gritos e música alta misturada a risadas, mas não havia ninguém a vista. O carro não diminuía a velocidade. E de repente eu não estava mais só. Outro carro, preto de faróis neón estava ao meu lado, igualmente rápido.Pedi ajuda, mas não enxergava quem estava dirigindo. Foi então que me dei conta do fato de que as arquibancadas estavam lotadas ao redor, e eu estava em uma pista de corrida. Mas em meio a velocidade notei igualmente que ninguém movia-se um centímetro, estáticos em sua expressão como em uma fotografia. Só eu e o outro carro nos movíamos naquela corrida maluca, onde eu não tinha qualquer controle
Quando pensei que fosse realmente me arrebentar em alguma curva, apareceu algo ainda mais inusitado: um maluco na pista, bem em minha frente. O carro brecou sozinho, quase em cima da figura. Fui jogada para frente contra o vidro que se despedaçou e cai rolando na pista em meio aos cacos e dor. Fiquei caída de costas, olhando para a escuridão do céu, a chuva em cima de mim. Minha vista então foi tapada por um rosto pálido de criança. Era um garoto de seus onze anos , o tal que se metera na pista e quase me destroçara no asfalto.
Tentei me erguer, mais estava sufocada e machucada. E tudo estava silencioso de repente.O outro carro também parara e o piloto estava ao meu lado, vestido de preto. Me ergui com dificuldade enquanto os dois me olhavam sem mover um dedo para ajudar.
Quando enfim me levantei, possivelmente com algumas costelas quebradas, o outro piloto enfim retirou o capacete e me encarou friamente. Olhei para ele e o garoto. ambos eram os mesmos. Não como gêmeos, pois o piloto tinha no mínimo vinte anos. Eram os mesmos, em idades diferentes. Aquilo era confuso demais, e o pior de tudo era que eu o conheci assim que retirou o capacete. E se conheci!
- O que faz aqui?!-Perguntei espantada enquanto colocava minha mão do lado de meu corpo. Sufocava a cada respiração
- Não pare a corrida, ainda não terminou!- Ele me respondeu com voz autoritária, em uníssono com o menino. Eles pareciam um espelho um do outro em sua expressões e palavras.
- Que se dane a droga da corrida! -Tentei gritar, mas não conseguia com minhas costelas, minha voz estava esganiçada.
Os dois pareceram surpresos com a rebeldia, e me encararam furiosos
- Não vai fugir da corrida, não vai fugir de novo. Não vai deixar tudo para trás outra vez.
Bom, aquilo já não pareciam se tratar da corrida parecia?
- Não estou fugindo. Mas não vão me obrigar a fazer o que não quero.
-Sempre faz isso. Abandona o jogo na metade.Não tem coragem, não se importa.
Ele se aproximou e agarrou meu braço com força:- Entre no carro.
-Não!- Falei teimosamente. Não queria correr de novo.A chuva nos castigava impiedosamente na pista enquanto o menino apenas ficava nos olhando imóvel, como as pessoas na arquibancada.
- Não vai largar na primeira batida.Tudo vai ser diferente dessa vez.Não desista tão cedo garota, ainda faltam voltas e voltas!
- O carro é maluco!-protestei puxando meu braço.
Ele me soltou e me encarou, o rosto agora mais suave. Ele não mudara nada nos últimos tempos, desde o dia que o vira a ultima vez.O conhecia há anos, e aqueles olhos sempre me hipnotizavam, me deixavam sem estrutura para argumentar.
- O problema talvez não seja o carro, mas quem pilota. Está na hora de assumir o controle Lorem. E parar de  culpar as circunstâncias!   
Olhei para a chuva vinda do céu e para ele após. Seu rosto estava com um pequeno sorriso torto que antevia o triunfo. Então lá estávamos nós de novo, cruzando um caminho em comum. Da ultima vez não aconteceu nada de bom para que eu lembrasse.
-Não somos mais crianças-ele falou tocando em meu ombro, os olho diferentes- faça diferente. Sem arrependimentos dessa vez.Assuma a direção ou vai se arrebentar na primeira curva. Vá até o fim!
Assenti. Minhas costelas arderam e sufoquei. Quando cai senti que os braços me seguraram antes que chegasse ao asfalto.

Fiquei um tempo deitada, ouvindo meu coração descompassado, esperando o despertador tocar.Com a sensação forte de que decisões importantes estavam a minha espera, e que agora, eu devia fazer tudo direito. Perdão e não permissão. 

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