terça-feira, 30 de novembro de 2010

Insônia

Rolei na cama sem conseguir dormir. A colcha já pendia, arrastando-se no chão, e o suor escorria por meu corpo, grudando meus cabelos na testa e a roupa em minha pele. Sentei na cama pela incontável vez na mesma noite e fiquei encarando a escuridão. Apenas uma tênue luz bruxuleava através da pequena abertura para a rua no teto, mas eu sabia o lugar exato de cada objeto no recinto. Ultimamente passava mais tempo ali do quê em qualquer lugar. Não sabia bem do quê eu estava fugindo, mas enxergava agora como uma tentativa frustrada de ter paz, já que minha mente estava em eterno conflito.
Suspirei e passei as mãos na testa suada. Pisquei os olhos e busquei na cama com as mãos. Encontrei o celular perto de onde antes estava meu travesseiro, agora jogado ao chão devido a minha agitação noturna.
Olhei o visor e a luz me cegou por instantes. Eram 4:00 horas da madrugada, e eu não dormira nada ainda. Havia ainda sete chamadas não recebidas e algumas mensagens. Fechei o celular. O mundo de lá me chamava, e cá estava eu, escondida de tudo, menos de meus pensamentos que me eram mais danosos agora do quê qualquer um. Feriam-me, me inquietavam...
Com um suspiro irritado cai para trás na cama, fazendo um barulho incômodo no silêncio de outrora.
Diante de tudo, conversas de outrora me tiravam meu sossego, me arrancavam de meu conforto.
"- Do quê tem medo boba? De descobrir que estava errada?
 - Tenho convicção que não. E quem disse que estou com medo?
 - Eu vejo. Diferente de você, eu enxergo bem como se sente.
 - Não faz à mínima ideia do quê está falando.
 -Não. Você é que não quer enxergar o obvio. Quando vai perceber?"

 "Droga!" Passo a mão nos olhos. "Perceber o quê?"
A pergunta fica sem resposta. Ou não a percebo ou alcanço. Como se fugisse de minhas mãos.
"- Não sabe lhe dar com as pessoas que gostam de você..."
"- Não tem a mínima ideia de o quê esperar de verdade da sua vida..."
"- Insensível... egoísta..."
"- Irremediavelmente covarde..."
"- Você não sabe..."
"- Você não sabe..."
"- Você não sabe..."
"- Você não sabe...
"

Eu não sei. Eu quero saber. Eu preciso entender sentir, enxergar.
Eu necessito mais do que tudo no momento.

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