Há uma mal chamada ausência. E quando ele me toma me encho de saudades. Ele fica assim, nas bordas deste buraco que se cria no meio peito, e que dá passagem ao vento uivante nas calçadas.
Ele me toma na alta madrugada, como um frio no qual nenhum cobertor faz efeito. É desassossego na alma, um ritmo diferente no peito, uma ferida aberta demais, que esconde-se na face de uma cicatriz exposta. Está em meu rosto, em minha voz, no que ouço, leio ou vejo. Está em tudo o que toco, mas não posso vê-lo.
Ele esta em frente ao meu espelho pela manhã, ou quando me perco em meio à multidão. Tento suprimi-lo. Tento tocá-lo, mas ele se esgueira em minha sombra, se alimenta de lembranças e faltas.
E enxergo-me através desse espelho de água, tentando ver algo além destes olhos tristes e do cabelo de cachos que esvoaçam em meus olhos. E ele está lá, em meu rosto, no banco vazio ao meu lado e nas portas que batem em meu peito, como se os ventos que se esgueiram pela ferida exposta em mim brincassem de serem meus fantasmas, assombrando tantos fatos dos quais queria esquecer e que me acordam na calada da noite, suada e sem saber onde estou ao certo.
Queria eu uma cura que não me ferisse mais. Algo além do que habita em meus pensamentos, em palavras e sentimentos que estão em mim, e que há muito desisti de decifrar. Queria ter coragem de falar do que mal entendo, ou simplesmente não tentar entender, e só sentir, sem buscar explicações e culpados. Seria o alívio deste mal que me consome em silêncio na calada da madrugada que segue. Não precisar colocar a mão em vão no peito quando ardem as feridas que lá estão, onde tentei em vão colar os pedaços que quebrei em mim.
Lorem krsna
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