terça-feira, 30 de novembro de 2010

Nostalgia

Quando adormeço, o fio do tempo que rege meus pensamentos torna-se uma rede confusa, que se expande e se interliga. Meu passado que julgava esquecido surge com nitidez, e meu presente se parte confusamente. Não há mais leito, nem teto ou o vento que açoita as árvores do lado de fora de mim. Não há mais o "eu", ou então há ele tão dividido, que está em tudo ao mesmo tempo e não consigo vê-lo. Não sei se sou a pequena medrosa que insiste na inconveniência, e que invade o quarto dos pais a noite para se proteger de pesadelos e monstros em baixo da cama...Ou talvez seja aquela que vagueva só pela praia admirando o mar mas se perdendo dentro de si mesma. Não sei mais delas qual sou, pois há tempos não as encontro mais em mim. Não sei de fato onde estou, por que por hora estou em todos os lugares por onde passei e mesmo sem perceber, deixei um pedaço de mim. E quando desperto no meio da madrugada, confusa, me encolho sem saber onde estou, e qual parte de mim sou, pois há pouco era tudo...e estava em tudo.
A luz por baixo da porta recupera minha lucidez, e minha rede frágil se dessipa. Perco meus sonhos e sono, como se ambos fossem um véu arrancado de cima de mim.
E enquanto aguardo o amanhecer, tento recuperar aquele pedaço de mim, do meu passado, buscando o sono em vão. Mas perdeu-se o som das ondas do mar, não estou mais lá. Não há mais as risadas da família ao redor da mesa, e os amigos que me alegravam com suas até mais vis conversas...esses não encontro mais ao meu lado. Não mais ouço o som estridente das brincadeiras das noites de lua clara, nem o som do meu coração que acelerava com as histórias de terror nas madrugadas em que faltava energia.

Só há o som do vento, que açoita e verga as árvores do lado de fora da janela, e que perde-se em um eco dentro de mim.

Lorem Krsna

2 comentários:

  1. [...Não há mais as risadas da família ao redor da mesa, e os amigos que me alegravam com suas até mais vis conversas...esses não encontro mais ao meu lado. Não mais ouço o som estridente das brincadeiras das noites de lua clara, nem o som do meu coração que acelerava com as histórias de terror nas madrugadas em que faltava energia...]

    Nossa, me arrepiou inteiro! Meus olhos lacrimejaram! Não sei descrever a sensação que tive ao ler esse trecho. Sinto muita nostalgia também. Minha infância foi mágica.

    Parabéns pelo belo texto. Seguirei seu blog! :)

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  2. Obrigada Elvis!
    Acho que tudo meio que já sentiu falta de algo na vida, algo que o completava. É bom quando é uma saudade gistava, o ruim é quando a falta que você sente acaba impedindo você de viver outras coisas boas em sua vida.

    Volte sempre que quiser!

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