terça-feira, 5 de abril de 2011

Da morte... ao Rock!


Uma confissão: Bati meu recorde de sonhos alucinados.
Eu tive uma semana horrível, e para completar, quando durmo (o que era para ser minha hora de sossego), ainda me vêm uma dessa...

Estava sentada em frente ao computador fazendo uma seleção de músicas para ouvir antes de dormir, e então alguém bateu na porta do quarto. Estranhei, pois estava só em casa. Ignorei, pensando tratar-se de minha imaginação, famosa por ser privilegiada até demais.
A batida se repetiu, e então a porta se abriu com um estrondo. Pulei da cadeira enquanto um ar gélido invadiu o quarto como se houvessem acabado de abrir um freezer gigante na minha cara.
Entrou então um homem estranho. Cabelos pretos compridos, um lenço vermelho. Camiseta preta de uma banda de rock desconhecida, e jaqueta de motoqueiro de couro preto. Calças rasgadas e botas de soldado completavam o look do pretendente moreno a Mick Jageer (Quando era mais novo. Beeeem mais novo!) . Ele carregava uma guitarra vermelha em uma mão, e um capacete de moto na outra.
Nunca havia visto sujeito mais pálido, ou olhos e cabelos mais pretos. Na verdade, seus olhos eram tão escuros que me perguntavam se possuía pupilas mesmo.
Sorriso sarcástico. Olhar perigoso, intimidador, debochado.
Tentei, ainda chocada esboçar qualquer reação para tirar aquele louco do quarto, que por sinal nem era o meu, o da minha irmã! Ele sentou sem cerimônia na cama, descarregando a tralha no colchão (Exceto a guitarra, que não era tralha. Na verdade queria tanto uma daquelas!).
- É aqui mesmo! - ele falou, pegando a guitarra e fazendo um solo de Sultans Of Swing que me faria cair o queixo se não estivesse mais preocupada em arrancar o maluco do quarto.
- Casa errada, amigo! - Falei, tentado por ultraje na voz.
Ele continuou a fazer o solo sem nem olhar para mim.
- Ei! Se manda cara! - tentei.
Ele nem pareceu me notar. Pigarreie e tentei ajeitar minha camisola curta demais. Cruzei os braços no peito e bati o pé.
- Eu já disse para-
- Nunca erro uma casa, senhorita. - ele respondeu sem parar a música.
E então apontou com o queixo o crachá no peito.
Tentei ler, e quando consegui, gelei.
Sr. Morte
- O q.que você veio fazer aqui? - gaguejei.
- N.não é obvio? - ele respondeu imitando minha provável cara de palerma. E então largou a guitarra e sorriu de forma brincalhona.
O encarei em silêncio e sentei na cadeira o encarando. A morte com cara de imitador de Mick Jageer balançou a cabeça e suspirou, parecia entediado.
- Hoje estou bonzinho. Vamos então fazer um desafio. Se vencer, eu me mando e você segue aí sua vidinha boba e sem graça de ser humano.
Assenti prontamente, torcendo para ele não ler o que eu estava pensando: que a morte da menina que roubava livros era mais agradável (é, eu penso muita besteira quando estou nervosa) .
Ele olhou para o computador e riu.
-É o seguinte: tenho um seleção de cinco bandas que eu curto. Se houver ao menos uma música de cada uma aí, você fica livre. Se não-
Assenti mais uma vez, me perguntando se ele já não sabia tudo o que tinha lá.
Mas tudo bem. Sonho é sonho.
Coloquei o mouse na barra de busca e ele sentou do lado na cama.
- Fala - disse, tentando soar segura,
Ele coçou o queixo.
- Hum hum. Você tem muita música hein menina? Vamos lá. Começa pelo fácil. Beatles.
Não reprimi um pequeno sorriso. Eu possuía ao menos cinco álbuns. 
Baixados ilegalmente. Ah, bem.
A morte balançou a cabeça aprovando: - Muito bom. Os melhores.
-  For Sale é o melhor.
- Questionável.
Irreal. Eu estava discutindo sobre gostos musicais com  a morte.
- Mas vamos logo. Tenho  o que fazer. Scorpions.
Gelei. Eu tinha não tinha?
A busca começou. Salva. Uma música. Ele riu.
- Passou perto. Aerosmith.
Tranquilo. Muitas.
- Kiss
- Ãh?
Muitas, não sabia nem que tinha. Não era lá muito fã de Kiss, mas vá lá.
- E agora? - Falei, o mouse tremendo.
- Não é obvio? Dire straits!
Pensei comigo.
Droga. Eu não tinha Dire straits. Ou tinha? Eu curtia Dire straits, mas não tinha certeza.
- Serve vídeo? - tentei
Ele pensou, olhou para a porta. Bateu os dedos da cama e bufou.
- Não sei não... Se for bom... talvez.
Que seja bom, que seja bom... pensei enquanto colocava o nome na barra de buscas. A pesquisa começou e nada aparecia... ainda.
Olhei nervosa.
- Homem! Por que o senhor não pediu, sei lá, lifehouse, switchfoot... Música brasileira? Podia ser mais eclético! Curte Milton não? Um Reginaldo Rossi? Belchior, quem não gosta de Belchior?
A pesquisa termina. Um arquivo.
Bem nesse instante, meu celular toca música sertaneja.
Acordo as cinco da manhã com meu celular despertando.
Bom, esse si foi um sonho inesperado.

Lorem Krsna

3 comentários:

  1. Ei, a morte tava com preguiça!
    Não é possível que ela já não soubesse, como você anteviu, as suas pastas de arquivo.
    Mas, vai lá que você "Anjo Sonhador" quando sonha tem sorte.

    ResponderExcluir
  2. Sorte até demais!
    Quem é que alguma vez já pensou em discutir gostos musicais com a morte?
    E ainda descobrir que a morte curte beatles...rsrs

    ResponderExcluir
  3. Tenho que confessar, seu sarcasmo é encantador.

    ResponderExcluir

Dúvidas? Indagações? Palpites? Ideias? Epifanias?
Só para comentar mesmo?
Tudo bem!
A vontade!
Aberta a opiniões.
A agradeço a sua visita ao anjo sonhador.
Espero que volte sempre que quiser, serás bem-vindo.

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