quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Mitologia das asas

Eu estava caindo. Só lembro disso. Caindo mais baixo do quê nunca antes imaginei poder chegar, ou então estava tão alto, que a distância que percorria para o chão parecia se igualar a um buraco que me levaria ao centro fumegante da terra.
Não tentava escapar, como deveria ser previsto. Não estava em desespero algum, apenas via o ar zunindo na minha frente, e rodopiava em espiral louca. Podia ver lapsos da luz do sol, e de repente estava tudo em câmera lenta. Abri meus olhos e vi as coisas brancas se espatifando ao meu redor.
Penas.
E um cheiro conhecido. Como cera derretida ou algo afin. Abri os braços e sorri para o mar que vinha na minha direção (na verdade eu ia na dele), e não ligava para a certeza de que cada osso de meu corpo  se partiria quando batesse na água.
Queria a água. Fazia um calor infernal, subindo por minha pele, como se meu corpo ameaçasse entrar em combustão. As penas também estavam chamuscadas.
E eu apenas caia e caia, em uma lentidão agoniante.
Alcançei a água com um sorriso de liberdade e acordei.

Nunca mais leio mitologia antes de dormir.

Lorem Krsna

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